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Estado de Minas

Europa segue estratégia do México e sobretaxa uísque, jeans e tabaco americano

Medida foi anunciada em resposta à disputa comercial aberta pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que ameaçou respondeu com sobretaxação das importações europeias sobre veículos


postado em 23/06/2018 06:00 / atualizado em 23/06/2018 07:50

Europeus escolheram produtos emblemáticos, como o jeans americano, como resposta à política agressiva adotada por Donald Trump (foto: JOE RAEDLE/AFP )
Europeus escolheram produtos emblemáticos, como o jeans americano, como resposta à política agressiva adotada por Donald Trump (foto: JOE RAEDLE/AFP )

Bruxelas – A União Europeia (UE) aumentou na quinta-feira suas tarifas sobre produtos americanos, como o uísque bourbon, o jeans e o tabaco, em resposta à disputa comercial aberta pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que ameaçou respondeu com sobretaxação das importações europeias sobre veículos. Se “tarifas e barreiras comerciais impostas há muito tempo aos Estados Unidos, suas grandes empresas e trabalhadores na União Europeia (...) não forem retiradas rapidamente, vamos impor uma tarifa de 20% sobre todos os carros que chegarem aos Estados Unidos que foram construídos lá”, tuitou o presidente.

Horas antes, às 22h GMT (19h em Brasília), as novas tarifas europeias sobre produtos americanos haviam entrado em vigor, a única “opção” para responder, de acordo com Bruxelas, à decisão “injustificada” de Washington de impor tarifas sobre importações de aço de seus parceiros comerciais. Donald Trump decidiu não prolongar a isenção temporária outorgada em março a UE, México e Canadá, e impôs a esses países, no último dia 1º, tarifas de 25% às exportações de aço a seu país, e de 10%, às de alumínio, como já havia feito anteriormente com a China por alegados motivos de “segurança nacional”.

A imposição de tarifas de 25%, em média, a uma lista de produtos americanos, publicada na véspera pelo Diário Oficial da UE, segue os passos do México, que adotou medidas de represália no começo de junho, e se antecipa ao Canadá, que planeja fazer o mesmo em julho. Nesse contexto, crescem os temores do alcance de uma guerra comercial mundial, em plena tensão entre Estados Unidos e China.

“Trump abriu duas frentes, e os dois poderiam conhecer uma escalada que acabe fora de controle”, disse John Ferguson, especialista do Economist Intelligence Unit. Para o economista do banco sueco SEB, Robert Bergqvist, a guerra comercial “se intensifica”. Ele alerta para o eventual impacto do conflito comercial nos mercados de ações e na economia mundial. Com sua ameaça aos veículos, o mandatário americano mira diretamente na maior economia da zona do euro, Alemanha, no alvo de Washington por seu excedente comercial e por seu gasto militar na Organização dos países do Atlântico Norte (Otan), considerado escasso por Trump.

As medidas “de reequilíbrio” da UE, comunicadas em meados de março à Organização Mundial de Comércio (OMC), entram finalmente em vigor e miram em alguns casos para estados americanos, essencialmente agrícolas, que votaram em Donald Trump em 2016. Além de alguns produtos de siderurgia, como determinados tipos de aço laminados, a UE aumenta suas tarifas alfandegárias sobre produtos agrícolas, como milho e arroz; roupas e calçados; veículos automotivos; e até mesmo maquiagens, charutos, cigarros e bebidas alcoólicas.

“Se escolhemos produtos como Harley-Davidson, manteiga de amendoim, (uísque) bourbon, é porque existem alternativas no mercado [europeu]”, explicou o vice-presidente da Comissão, Jyrki Katainen, para quem esses produtos têm “um forte alcance simbólico”.

Salvaguarda Os europeus acompanham os mexicanos, que impuseram tarifas avaliadas em quase US$ 3 bilhões sobre produtos de aço e alumínio americanos, e sobre carne de porco, maçãs, queijos, cranberries, uvas e uísque. A UE, que estima que as tarifas de Trump sobre o aço e o alumínio europeus podem representar perdas de 6,4 bilhões de euros ao continente, também levou o caso à OMC e avalia impor medidas “de salvaguarda” para proteger seu mercado frente às exportações siderúrgicas de terceiros países.

O conflito comercial representa novo revés para as tradicionais relações transatlânticas, já deterioradas pela decisão do presidente dos Estados Unidos de sair do Acordo de Paris sobre o clima e do acordo nuclear com o Irã, assim como por suas críticas no passado à Otan e seus aliados.

 

Brasil propõe ação conjunta

 

Ribeirão Preto –- O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou ontem durante pronunciamento em fórum do Brics, bloco de países em desenvolvimento, que o mundo vive momento de recrudescimento de discursos e práticas protecionistas. Do evento participam os ministros da área agrícola do Brasil, Rússia, Índia, China e da África do Sul, que é sede do fórum.

Segundo Maggi, para que os alimentos de regiões produtoras cheguem às mesas em boas condições “é preciso que regras do comércio agrícola mundial sejam reformadas, para garantir melhor acesso a mercados por meio da eliminação de subsídios ‘distorcivos’, que diminuem a renda no campo e prejudicam o desenvolvimento”.

Maggi pediu que os países produtores fiquem atentos à “nova geração de obstáculos ao comércio mundial, que muitas vezes não se baseia em ciência e ameaça nossa posição de atores globais na produção e comercialização”. O ministro lembrou que o Brics foi criado para buscar, em conjunto, a ordem mundial mais justa e disse estar convencido que o bloco de países “pode ter um papel mais efetivo se nos dedicarmos mais diretamente a ser um organismo facilitador do comércio internacional”.

“O Brasil está ciente de que este não é um objetivo fácil. Mas eu penso que é exatamente por isso que estamos reunidos hoje aqui na África Sul: para dar mais um passo no caminho, por vezes difícil, que separa a intenção dos resultados concretos”, afirmou.

No discurso, Maggi também exaltou o papel do Brasil como “a maior e mais avançada agricultura tropical do planeta, após investimentos intensos em inovação e tecnologia” e disse que o país está pronto para garantir a segurança alimentar mundial “enquanto incorpora, no centro de sua estratégia, os princípios de desenvolvimento sustentável”.


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