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Estado de Minas MERCADO DE TRABALHO

Sem crise, fabricantes de cervejas artesanais abrem vagas

Consumo em alta de bebidas premium faz pequenas fábricas contratarem mais do que grandes indústrias. Potencial é imenso, porque artesanais têm apenas 1,5% do faturamento do setor


postado em 21/06/2018 06:00 / atualizado em 21/06/2018 08:20

Marcas independentes têm aumento no consumo, garante Carlo Lapolli, presidente da Abracerva (foto: Carlo Lapolli/Divulgação )
Marcas independentes têm aumento no consumo, garante Carlo Lapolli, presidente da Abracerva (foto: Carlo Lapolli/Divulgação )

São Paulo – O banco UBS fez recentemente uma pesquisa sobre o consumo de cervejas no Brasil e descobriu que 77% dos entrevistados estavam dispostos a gastar mais com bebidas premium. Desse total, 66% disseram que preferiam as artesanais, porque “são legais e estão na moda”. Muito antes do estudo, um número cada vez maior de produtores artesanais já havia percebido que os brasileiros estão consumindo mais cervejas desse tipo. Tanto que, nos últimos anos, o número de pequenas fábricas se multiplicou pelo país: entre 2014 e 2017, a quantidade de cervejarias quase dobrou, passando de 356 para 679. Mais do que isso: com o consumo e a produção em alta, estão contratando mais empregados do que as grandes indústrias cervejeiras, aí incluídas Ambev, Heineken.


Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, garimpados pela Associação Brasileira de Cervejas Artesanais (Abracerva), mostram que, no primeiro quadrimestre de 2018, as empresas do setor com até 99 funcionários, onde estão classificadas as pequenas cervejarias, tiveram saldo positivo de 400 postos de trabalho, enquanto as indústrias de maior porte geraram apenas 351. Entre os estados que mais contrataram, destaque para Santa Catarina, que abriu 86 postos de trabalho, seguido do Rio Grande do Sul (81 empregos novos) e Minas Gerais (37). Somente Amazonas e Mato Grosso do Sul reduziram seus quadros de pessoal em cervejarias de pequeno porte.


Outro dado relevante que mostra que os pequenos e microcervejeiros estão investindo na contratação de mão de obra é o fato de que os que estavam estruturados com até quatro funcionários foram os maiores geradores de empregos, com a criação de 297 vagas nos primeiros quatro meses do ano. Apenas em um estado houve mais demissões do que contratações neste porte de cervejaria. Ao longo de 2017, ainda segundo os dados do Caged, as cervejarias de pequeno porte abriram 800 novos postos, terminando o ano com 3.393 empregados, cerca de 10% da força de trabalho do setor cervejeiro brasileiro. Já as 62 empresas consideradas grandes fizeram o caminho inverso e demitiram 832 trabalhadores.


Para o presidente da Abracerva, Carlo Lapolli, os números refletem o crescimento das vendas e confirmam que as pequenas cervejarias, boa parte delas concentradas nas regiões Sul e Sudeste, estão ganhando musculatura e avançando rapidamente na economia nacional. “As marcas independentes estão tendo aumento do consumo – e consequentemente na produção e nos empregos – por estarem chegando a mais pontos comerciais. Quando o consumidor entende que a cerveja pode ir além do que está acostumado a beber, geralmente ele se propõe a provar novos sabores e isso estimula todo o mercado”, disse ele. Nos Estados Unidos, as artesanais já respondem por 20% do mercado, enquanto por aqui a participação não passa de 1,5% do faturamen to e 0,8% do volume produzido, estimado em 140 milhões de hectolitros.


De acordo com Lapolli, mudanças na questão tributária poderiam ampliar o consumo das cervejas artesanais. Hoje, cada R$ 1 de gasto em custo de produção acaba virando R$ 5 no preço da final do produto, valor que tem afastado o consumidor nesses tempos de crise econômica e dinheiro escasso. “A nossa carga de impostos é muito similar às grandes cervejarias e estamos apresentando esse contexto para o governo federal com o intuito de buscar adequações”, diz Lapolli.


O Brasil encerrou 2017 com 679 cervejarias artesanais de pequeno porte – 37,7% a mais do que em 2016. Integram esse grupo indústrias que não têm investimentos de grupos econômicos multinacionais, mantêm o foco na qualidade dos produtos e matérias-primas e fabricam até 500 mil litros ao mês. A expectativa da Abracerva é que o número chegue perto de mil indústrias até o final do ano.


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