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Estado de Minas

Netpoints larga a fidelidade

Sem conseguir decolar, empresa está trocando o programa tradicional de compra e venda de pontos para se transformar em uma companhia voltada para a inteligência de mercado


postado em 18/05/2018 12:00 / atualizado em 18/05/2018 10:25

A Netpoints atinge cerca de 300 pontos de venda em São Paulo. No ano passado, faturou R$ 47 milhões(foto: Netpoints/Divulgação)
A Netpoints atinge cerca de 300 pontos de venda em São Paulo. No ano passado, faturou R$ 47 milhões (foto: Netpoints/Divulgação)

São Paulo – Quando fundaram a empresa em 2011, os sócios da Netpoints acharam uma ótima ideia ter acionistas como a Smiles e as Lojas Marisa, que dariam capilaridade para atingir o consumidor no mundo de concorrência brutal dos programas de fidelidade. Sete anos depois, a estratégia não funcionou: mais que ajudar, as agendas conflitantes dos diversos sócios atrapalharam o progresso do negócio.

Isso forçou a Netpoints a se reinventar: de um programa de fidelidade tradicional – que foca na compra e venda de pontos –, está se transformando em uma empresa de inteligência de mercado, usando os dados colhidos a partir dos hábitos de compra de seus clientes para monetizá-los com varejistas e empresas de bens de consumo.

A Netpoints tem 23 milhões de CPFs em sua base, dos quais 13 milhões são cadastros completos e 2,7 milhões são clientes ativos. No ano passado, faturou R$ 47 milhões. Seus maiores clientes são redes de supermercado: graças a eles, a companhia atinge cerca de 300 pontos de venda em São Paulo, na Baixada Santista e no interior. Uma das maiores parcerias é com a rede Smart, do grupo Martins, o maior atacadista do país.

Enquanto empresas como Dunnhumby e Symphony atendem gigantes como o grupo Pão de Açúcar, Raia Drogasil e Pague Menos, a Netpoints trabalha com o varejista regional. “Os pontos são um meio para conhecer o consumidor e os hábitos de consumo dele”, diz André Fernandes, um dos fundadores da companhia e que assumiu como CEO em 2016 com a missão de fazer o turnaround e transformá-la em geradora de caixa.

A tarefa foi cumprida em 2017, quando a Netpoints gerou Ebitda de R$ 2 milhões. Desde então, ele tem o mandato para vender a companhia e está em conversas com investidores – financeiros e estratégicos – sobre o negócio.

Criada para ampliar os programas de pontos para além das milhas e cartões de bancos e levá-los para o varejo e a classe C, a Netpoints investiu pesado em marketing e formou uma coalizão onde era possível ganhar e trocar pontos.

Na época, o produto foi formatado para o público popular: não exigia grandes acúmulos para trocas – um chocolate poderia ser resgatado por cerca de 100 pontos – e o cliente podia trocar pontos por passagens rodoviárias.

Em 2013, a Smiles viu na plataforma uma maneira de entrar no varejo e pagou R$ 25 milhões por uma participação de 25%. No ano seguinte, as Lojas Marisa aportaram seu banco de dados de consumidores em troca de 15% da companhia e, logo em seguida, compraram mais 5% dos fundadores. Outros sócios incluem os cinco fundadores, um fundo de private equity do Bozano e a gestora de investidores Turim, do Rio.

A força dos parceiros, no entanto, virou um problema. Por ter a Smiles como sócia, a Netpoints não consegue fechar parcerias com outras empresas de milhagem – e a empresa de fidelidade da Gol decidiu há alguns anos que quer se tornar um player forte em viagens, e não no varejo. Enfrentando uma crise própria, as Lojas Marisa não cumpriram o acordo operacional que previa a compra de um mínimo de pontos nos primeiros anos.

Na semana passada, o CEO da Smiles disse à revista IstoÉ Dinheiro que o investimento na companhia foi um de seus maiores erros. “Nos posicionamos de forma errada na Netpoints”, disse Leonel Andrade. “A empresa fechou um bloco de sócios com interesses diferentes e esse é o maior erro, na minha visão. São quatro blocos de sócios com interesses dispersos.”

Fernandes – um executivo de 50 anos que já passou pelo Bozano, Embraer e Unibanco – decidiu então usar a base de dados que a Netpoints construiu como programa de pontos para vender inteligência. Com um sistema de gestão em tempo real, a Netpoints acompanha o faturamento e os estoques das redes de supermercados, que têm acesso a “um mapa de calor” que mostra como cada área da loja está performando, o que facilita as iniciativas de marketing.

A companhia também trabalha com a indústria, formatando promoções específicas para os varejistas, incluindo o tamanho do pedido a ser feito por cada rede de forma a dimensionar corretamente o estoque e evitar ruptura.

E, no velho negócio de pontos, a Netpoints está atacando dois novos filões: empresas que compram pontos resgatáveis por prêmios como forma de incentivar funcionários (“um mercado que está crescendo bastante com a nova lei trabalhista”, diz Fernandes) e cartões co-branded com o Banco Votorantim, que já representam 15% da base de cartões do banco.

Dos 48 funcionários da Netpoints – que ficam num escritório descolado em Alphaville (SP) no mesmo prédio da Multiplus, 10 trabalham com análise de dados e 9 com TI. O maior investimento do próximo controlador será na área comercial: atualmente, apenas quatro pessoas vendem a tecnologia para uma base de clientes largamente inexplorada.


» O que é a Netpoints
 
2011 foi o ano da fundação
23 milhões de CPFs na base de clientes
13 milhões de cadastros completos
2,7 milhões de clientes ativos
R$ 47 milhões de faturamento

 

 


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