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Estado de Minas

Indústria brasileira de cimento sinaliza que economia está se recuperando

Setor começa 2018 ainda no vermelho, mas diminui retração das vendas para 3% até março, ante a queda de 6,7% em 2017. Expectativa, agora, é encerrar o ano com expansão de 1% a 2%


postado em 10/04/2018 06:00 / atualizado em 10/04/2018 08:07

Produção em Sete Lagoas: indústria trabalha com alto nível de ociosidade, de 47% de sua capacidade produtiva(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press 30/6/11)
Produção em Sete Lagoas: indústria trabalha com alto nível de ociosidade, de 47% de sua capacidade produtiva (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press 30/6/11)

Termômetro de uma parte essencial da engrenagem que move a economia, a indústria brasileira do cimento começa 2018 ainda bem distante da esperada reação à crise enfrentada pelo setor desde 2015 e que influencia extensa cadeia produtiva, da extração mineral à construção civil e pesada.


A má notícia é que as vendas nacionais das cimenteiras não conseguiram sair do vermelho, tendo encerrado o primeiro trimestre do ano com queda de 3% em relação ao período de janeiro a março de 2017, informou ontem o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). O consolo, em meio a indicadores preocupantes da atividade, veio do freio observado nessa retração, uma vez que a indústria encerrou 2017 com perda de 6,7% na comparação com 2016.

Taxas negativas de comercialização de cimento perseguem o setor desde 2015, ano seguinte ao recorde de vendas de 74 milhões de toneladas obtido em 2014. Como destaca o presidente do SNIC, Paulo Camillo Penna, as perdas se acumularam, embora em números mais baixos no ano passado. Ainda assim, quando vistas no acumulado de 2015 a 2017, o recuo assusta, de 24,5%.

O consumo aparente, quer dizer, a soma do que as empresas venderam no Brasil e do volume de importações, totalizou 12,6 milhões de toneladas no trimestre terminado em março último, representando redução de 3,5% frente ao mesmo trimestre de 2017.  As perdas menores, de acordo com Camillo Penna, sugerem melhora de desempenho e permitiram ao sindicato das empresas vislumbrar fechamento positivo neste ano, embora com cautela nas projeções, agora de 1% a 2% de expansão em 2018.

Trata-se de um “cenário de referência”, como define o presidente do SNIC, nem otimista, nem pessimista. “Nas nossas preocupações, deixaríamos de fechar no vermelho para pintar os balanços de azul, mas na realidade é uma recuperação ainda incipiente”, afirma o executivo. Para Minas Gerais, os números são mais sintomáticos e as preocupações tendem a ser maiores, tendo em vista que o estado é o maior produtor de cimento do país e o segundo consumidor, atrás de São Paulo.

Minas detém 22% da produção cimenteira nacional e 56% de todo o volume obtido no Sudeste. Do consumo registrado na região, participa com 26% e abriga longa cadeia de produção alimentada pelo produto, desde a mineração de calcário às edificações e construções de infraestrutura. “Acreditamos que este seja, provavelmente, o último trimestre negativo que vamos anunciar. Recuperamos quase quatro pontos percentuais (ainda em campo negativo), o que mostra uma tendência de reação. Numa visão realista, podemos encerrar o primeiro semestre com estabilidade ou algo positivo”, diz Camillo Penna.

A recuperação da indústria cimenteira é atribuída, em particular, ao segmento de edificações – as construções residenciais, comerciais e industriais, incluindo o chamado consumo formiguinha, das pequenas reformas – que responde por 85% da demanda do setor. O restante é composto pelas obras de infraestrutura, hoje mais ligadas à iniciativas de prefeituras municipais e de estados, a despeito de toda a promessa do governo do presidente Michel Temer de retomar grandes projetos de infraestrutura. “Talvez essa tenha sido a grande frustração do setor”, diz o presidente do SNIC.

No balanço consolidado dos últimos 12 meses, de abril de 2017 a março de 2018, a indústria vendeu 53,2 milhões de toneladas, volume 5,6% inferior ao do período de abril de 2016 a março de 2017. Na comparação por dia útil de vendas, ainda segundo o sindicato do setor, a comercialização de março teve retração de 4,6% frente a fevereiro e de 2,6% ante março de 2017. Camillo Penna lembra que as vendas encerradas em março refletiram o menor número de dias úteis no primeiro trimestre, as fortes chuvas, o que afetou sobremaneira o consumo principalmente no Nordeste e Norte.

Do lado positivo, pesaram a retomada do consumo de aços destinadas à construção civil, sobretudo os vergalhões usados nas fundações de edifícios, a reação da massa de salários pagos no país e a queda também menor das vendas de material de construção e de financiamentos imobiliários. Este último indicador saiu de uma queda de 33% em 2015 para recuo de 7,4% no ano passado.

Desafios


Para Camillo Penna, 2018 será um ano de ajustes favoráveis à indústria do cimento, no sentido de recuperação consiste. Entre os desafios, ele menciona um desempenho do setor capaz de tirar a indústria de alta ociosidade, no ritmo de 46,8% da sua capacidade produtiva, e o efeito das eleições deste ano. Se o setor conseguir reverter o balanço negativo para a taxa de 2% de expansão projetada pelo sindicato das empresas, ainda conviverá com ociosidade elevada de 45%. “Eleição é preocupação efetiva para o segundo semestre. Esperamos que a atividade empresarial e o consumo consigam se desligar do ambiente político”, diz o executivo.


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