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Estado de Minas

Empresários do Sul de Minas retomam investimentos e voltam a contratar

Empresas do sul de Minas desengavetam projetos de expansão e iniciam contratações para aumentar a produção. Plano é aplicar R$ 1,8 bilhão nas fábricas nos próximos três anos


postado em 29/01/2018 06:00 / atualizado em 29/01/2018 08:13

Linha de produção da Multilaser, em Extrema, empresa de eletrônicos que construirá outro galpão para estocar produtos devido à expectativa de crescimento de 30% da fabricação ao longo deste ano (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)
Linha de produção da Multilaser, em Extrema, empresa de eletrônicos que construirá outro galpão para estocar produtos devido à expectativa de crescimento de 30% da fabricação ao longo deste ano (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Extrema Os engenheiros Vagner José da Silva e André Luiz do Amaral, ambos de 30 anos, cresceram ouvindo histórias de familiares e amigos que deixaram Extrema, cidade de 33 mil habitantes no Sul de Minas, em busca de trabalho. A falta de oportunidades no município obrigava moradores a buscar emprego no interior paulista ou em outras regiões de Minas. Hoje, os dois trabalham em uma empresa de ponta do setor de eletrônicos e não têm planos de deixar a terra natal. Desde o fim do ano passado, o Sul de Minas se destaca na retomada de investimentos e na geração de empregos. Para os próximos três anos, empresas já instaladas na região planejam gastar R$ 1,8 bilhão na ampliação de suas fábricas. Serão criados cerca de 2 mil empregos diretos para o aumento da produção.

A volta de grandes investimentos em cidades do Sul de Minas é o tema da segunda reportagem do Estado de Minas da série “Retomada mineira”, que mostra a mapa das contratações e iniciativas de empresas mineiras para voltar a crescer em meio à lenta recuperação da economia nacional. Em cidades como Pouso Alegre, Itajubá, Poços de Caldas, Varginha e Extrema várias empresas já estão com obras para ampliar seus parques industriais e atraem trabalhadores de vários municípios vizinhos.


“Cresci ouvindo as pessoas falarem que aqui na cidade não era possível ter um bom salário. E realmente era tudo bem vazio, algumas fazendas, mas poucas empresas. A maioria das pessoas saía para estudar e depois para trabalhar. Há cerca de 15 anos a situação começou a mudar”, comenta Vagner José da Silva. Ele conseguiu trabalho na área de operação logística em uma empresa do setor eletrônico. Pouco depois, começou a cursar engenharia e passou a conciliar o trabalho na fábrica com os estudos. “Com o crescimento da empresa, era possível prever que boas vagas de emprego surgiriam por aqui. Formei em 2016 e, como tinha experiência e conhecia bem a produção, acabei sendo contratado. Não tenho mais intenção de deixar Extrema. A região cresceu muito e hoje oferece ótimas condições de vida”, afirma Vagner.

QUALIFICAÇÃO
Para Lelius de Lucca Braga, diretor industrial da Multilaser, fabricante de eletrônicos instalada em Extrema, o crescimento da oferta da mão de obra qualificada na região foi fundamental para o aumento da produção. “No início a fábrica empregava grande número de pessoas de fora de Minas. Com a criação de faculdade e cursos técnicos na cidade, os moradores passaram a ter opção para se qualificar”, explica Lelius. A empresa começou em 2017 a construção de um novo galpão para estocar produtos, o que vai permitir aumentar ainda a produção em mais de 30% ainda este ano. Em janeiro foram contratados 50 funcionários e até o final do ano devem abrir cerca de 100 vagas.

Apesar de os empregos voltarem a surgir na região, uma fila formada em uma agência de empregos de Extrema, que abriu processo seletivo para uma grande empresa alimentícia, demonstra que o desemprego continuará sendo um problema para milhares de pessoas ao longo de 2018. Com o currículo na mão, Luciana Santos, de 32, chegou cedo para se inscrever no processo seletivo e espera encerrar um período duro de dois anos sem renda fixa. “Estou desempregada desde 2015 e procuro emprego em qualquer área. Já rodei por algumas cidades de São Paulo e aqui de Minas. Parece que a concorrência está cada vez maior”, diz Luciana.

O jovem Otávio Matheus Nogueira, de 19, tenta uma recolocação no mercado de trabalho após perder seu emprego no fim de 2017. Morador de Itapeva, ele conseguiu no ano passado trabalhos temporários em fábricas de alimento, mas após o período de experiência a efetivação não ocorreu. “Estou buscando uma vaga em Extrema ou Pouso Alegre, que são próximos da minha cidade. As vagas estão aparecendo aos poucos. No ano passado, fiz o curso de logística no Senai e com um currículo melhor e alguma experiência pode ficar mais fácil achar emprego”, conta.

PLANEJAMENTO Para o presidente da regional do Sul de Minas da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), André Luiz Martins Gesualdi, a retomada dos investimentos privados explica o porquê de a recuperação das cidades da região estarem em velocidade maior do que o restante do estado e do Brasil. “Com grandes empresas atraídas para a região antes de o início da crise, assistimos ao planejamento de expansão de suas fábricas. A crise veio e atrasou vários projetos. Agora eles voltam a sair do papel e o ritmo da recuperação acelera onde essas empresas estão”, explica Gesualdi.

Quando a questão é geração de empregos, no entanto, ele ressalta que o processo é mais lento. “Perdemos cerca de 13 mil empregos entre janeiro de 2014 e novembro de 2017. No ano passado, recuperamos 3 mil. O que demonstra uma ótima retomada. Ainda temos um saldo negativo de 10 mil vagas na indústria. É muita gente desempregada, mas a recuperação já está acontecendo. Agora precisamos manter esse ritmo ao longo do ano e talvez em 2019 já teremos uma recuperação plena no emprego”, afirma.


Remédio contra a crise

Pouso Alegre O setor farmacêutico lidera os investimentos planejados para a região Sul de Minas nos próximos anos. O montante programado para a ampliação de fábricas e centros de pesquisa alcança a marca de R$ 1 bilhão entre 2018 e 2020, sendo que parte dos recursos já começaram a ser gastos e as obras estão em andamento.

Na fábrica de Cimed, em Pouso Alegre, o processo de ampliação começou em 2017, com aplicação de R$ 40 milhões no crescimento da capacidade industrial. A empresa aumentou a produção de remédios cosméticos, como cremes e pomadas. “No ano passado, o faturamento foi de R$ 1,03 bilhão. Com os novos investimentos, a previsão para 2018 é chegar a R$ 1,25 bilhão”, conta o diretor-executivo da empresa, Amaraí Furtado Silva.

A empresa começa no mês que vem um novo ciclo de investimentos, com gastos estimados em R$ 120 milhões nos próximos três anos, sendo um terço do montante voltado para a área de pesquisa e inovação. Segundo Amaraí, o Brasil tem uma demanda reprimida na área de medicamentos, e a tendência é que a produção continue crescendo nos próximos anos. Em 2018, a empresa abrirá cerca de 500 vagas, sendo 400 delas na fábrica de Pouso Alegre.

A partir deste ano, a Biolab Farmacêutica também dá início ao seu processo de expansão, com investimento de R$ 450 milhões na construção de um complexo industrial em Pouso Alegre. Com três fábricas em funcionamento no interior de São Paulo, a empresa passará a ter um parque no Sul de Minas. A proximidade com as principais cidades da região Sudeste (BH, Rio de Janeiro e São Paulo), a boa oferta de mão de obra qualificada e a infraestrutura desenvolvida são alguns motivos para a entrada em território mineiro.

“O Sul de Minas se coloca como um centro farmacêutico muito forte. Com faculdades e universidades de qualidade, boas rodovias para a distribuição dos produtos e boa estrutura energética. A fábrica em Minas será nosso centro para partimos para os mercados internacionais”, avalia Cleiton Castro Marques, diretor-executivo da Biolab.


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