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Estado de Minas

'O centro de engenharia de BH é muito importante', diz presidente da Cete BH

Economista fala sobre busca por eficiência e expansão no país


postado em 13/11/2017 06:00 / atualizado em 13/11/2017 08:11

(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Maior aeronave desenvolvida pela Embraer, o cargueiro militar KC-390, em fase de testes, leva a marca do trabalho de uma centena e meia de engenheiros que a companhia emprega em Belo Horizonte.

Boa parte de sofisticados componentes do avião, como a ponta da asa e o chamado pilone aeronáutico, peça que conecta os motores à estrutura do avião ganhou forma e conteúdo nos computadores do Centro de Engenharia e Tecnologia Embraer (Cete) de BH, o primeiro criado para este fim fora de São José dos Campos (SP), sede operacional da companhia aberta, a terceira fabricante de aviões comerciais do mundo.

A unidade mineira completa cinco anos neste mês, com investimentos que alcançam R$ 60 milhões por ano, e nova possibilidade de expansão, informou o presidente da empresa, Paulo Cesar de Souza e Silva, nesta entrevista ao Estado de Minas.

Em visita ao Cete BH na semana passada, o executivo conversou com todo o grupo de profissionais sobre as perspectivas da Embraer e recebeu a reportagem do EM.

“Estamos na reta final de um ciclo de investimentos e ainda não temos a decisão tomada sobre um novo programa. O centro de engenharia de BH é muito importante para nós e, no conceito com o qual trabalhamos, a ideia é expandir”, afirmou.

No comando da Embraer desde meados de 2016, Paulo Cesar Silva diz que buscar eficiência é meta vital para a empresa num cenário de acirramento da concorrência no mercado internacional, competição movida por subsídios que estão sendo concedidos à indústria aeronáutica pelos governos da China, Canadá e Japão.

 

TECNOLOGIA MINEIRA Este centro (Centro de Engenharia e Tecnologia Embraer BH) é uma unidade muito importante, que trabalha no desenvolvimento de aeronaves para aviação executiva, comercial e a área de defesa. Boa parte desse trabalho é feito aqui, são softwares embarcados, sistemas integrados, estudos de materiais e também boa parte de componentes específicos, como partes do nosso cargueiro militar KC-390 – a ponta da asa e o pilone, que conecta a motor na asa. Podemos dizer que os nossos aviões voam o mundo todo e têm a marca dessa unidade de Belo Horizonte. É um centro que tem grande eficiência e trabalha integrado com a nossa matriz. Foi a minha primeira visita aqui (Paulo Cesar Silva assumiu em meados de 2016 o comando da Embraer, que atua em 10 cidades do Brasil e 17 no exterior, com 17 mil empregados), e fiquei bastante surpreso com a quantidade de jovens engenheiros. É realmente espetacular isso, ver uma turma muito motivada pela oportunidade de trabalhar em projetos importantes e com competência muito grande. Quando a gente olha para isso pensa que o Brasil tem de dar certo.”

EXPRESSO PÃO DE QUEIJO
A expansão deste centro de engenharia de Belo Horizonte vai depender muito da evolução do mercado da aviação, fundamentalmente (o Centro de Engenharia e Tecnologia de BH foi aberto em 2012 nas instalações do Centro de Inovação e Tecnologia Senai/Fiemg, no Bairro do Horto, e dobrou de tamanho em estrutura física, em 2015, empregando hoje 150 profissionais de um total de 200 a que pode chegar no modelo atual).Nos últimos anos, investimentos em inovação de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões, o equivalente a 10% do faturamento da empresa (de US$ 6 bilhões por ano). Somos a empresa que mais investe nessa área. Estamos na reta final de dois projetos superimportantes, a segunda geração dos jatos comerciais (os chamados E2) que entram em serviço no ano que vem e o KC-390, o maior avião que a Embraer já desenvolveu, que vai entrar em operação em 2018. A partir de agora temos de ver o que seria um programa de desenvolvimento novo. Ainda não temos a decisão tomada. O centro de engenharia de BH é muito importante para nós e, no conceito com o qual trabalhamos, a ideia é expandir. Há tantos mineiros em São José dos Campos que criamos lá o Expresso Pão de Queijo, para trazer essa turma às sextas-feiras e levá-la aos domingos. A Embraer cresceu muito. O número de empregados só na engenharia saiu de 3,5 mil para 5,5 mil nos últimos três anos e lançamos 15 produtos nos últimos 15 anos.”


CONCORRÊNCIA
Precisamos consolidar os nossos investimentos recentes e estamos engajados num programa para trazer eficiência para a companhia, num cenário de enormes desafios e de concentração da atividade (recentemente, a Airbus anunciou ter comprado fatia preponderante de um programa de produção de jatos da canadense Bombardier, o que, para analistas do setor, pode ameaçar a atuação da Embraer). Há concorrência muito forte com novas empresas que estão entrando no mercado maciçamente apoiadas pelos governos de seus países ou com capital público (da China, Japão e Rússia) e subsídio é algo muito ruim. Se a gente não opera em condições iguais de mercado, as desvantagens são muito grandes. No Brasil, a Força Aérea Brasileira é uma grande parceira nossa e investe no desenvolvimento de aviões militares, mas não dispomos de apoios financeiros como esses concorrentes. O governo brasileiro nos apoia na defesa em meio a briga comercial na OMC (Organização Mundial do Comércio). Há dois meses, foi aberto um painel novo contra o Canadá, em razão de subsídios que consideramos ilegais por volta de US$ 3 bilhões concedidos à Bombardier. Precisamos agora é de uma robustez maior para competir nas condições comerciais. É briga feia. O nosso avião Phenom é o mais vendido no mundo pelo quarto ano seguido na área da aviação executiva. Nossa participação nesse mercado é de 20% e competimos com empresas que estão no ramo há até 80 anos. (Criada em 1969, a Embraer completou 48 anos). No segmento comercial, temos 58% do mercado. O jato E-195 E2, com capacidade para 140 passageiros, vai competir com a menor aeronave da Airbus. Do ponto de vista do custo operacional, a nossa família de jatos é a mais eficiente.”

NOVOS INVESTIMENTOS
“Estamos analisando o próximo ciclo de projetos. Já estamos operando em 50 países em que atendemos 70 clientes. Neste ano, lançamos o EBIC (Embraer Business Inovation Center) na Flórida, um centro de engenharia voltado à inovação, temos agora também presença no Vale do Sicílio, na Califórnia, e outro centro de tecnologia em Boston. Lá estamos investindo em startups, que trabalham no desenvolvimento produtos e serviços dentro da nossa atividade. Fizemos parceria recente com o Uber para desenvolver um veículo elétrico vertical para operar nas grandes metrópoles, o que seria um táxi-aéreo, o Uber aéreo. O protótipo deve ser concluído em 2020 com voo experimental previsto para Dallas e Dubai. Esses investimentos nos permitem dar passos importantes para o desenvolvimento de um avião elétrico híbrido e autônomo (sem piloto), que é o futuro da aviação.”


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