As vendas nos supermercados mineiros neste Natal devem crescer 2% em relação ao ano passado e, com essa expectativa, as empresas pretendem abrir entre 3 mil e 5 mil vagas temporárias no estado. As estimativas foram divulgados ontem durante a abertura da 31ª Superminas, evento que reúne até sexta-feira supermercadistas e fornecedores, além da indústria da panificação no centro de convenções Expominas, em Belo Horizonte.
Consulta feita a supermercadista indica que a contratação de funcionários por tempo determinado deve corresponder a 5% do quadro permanente de colaboradores. Os principais cargos são destinados a atendentes, embaladores e operadores de caixa.
“Os bons resultados acontecem porque o setor tem trabalhado muito para isso. Está se ligando às inovações, aproximando-se dos clientes, buscando cada vez mais a qualidade para atender bem os consumidores. São cerca de 70 novas lojas abertas em Minas Gerais. Os supermercados estão cada vez mais próximos dos clientes, com lojas abrindo aos domingos e feriados”, afirma Alexandre Poni.
Os empresários apostam que, assim como ocorreu no Natal do ano passado, os consumidores devem manter o hábito de pesquisar a procura de melhores condições de compra e preços, em busca de marcas mais baratas ou produtos substitutos dos mais caros. É o caso, por exemplo, da procura do frango ou outras aves no lugar do tradicional peru.
Para o presidente da Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão), José Batista de Oliveira, a expectativa por melhores resultados no fim do ano é consequência do momento de recuperação pelo qual passa o país. O setor prevê aumento de 3% das vendas, em comparação aos negócios registrados em 2016.
“Alguns sinais de melhoria são importantes, como a redução da inflação e dos juros. O ano começou extremamente difícil, diante de uma instabilidade política que permanece até agora, mas o resultado do final do ano parece ser bem positivo”, avalia José Batista. Ele ressalta, no entanto, que os bons números devem ser encarados com cautela.
Novidades
e atualização
Os organizadores da Superminas comemoraram o número recorde de expositores para a feira que reúne empresas dos setores supermercadista, padarias, atacados e varejo. No ano passado, a feira movimentou cerca de R$ 1,7 bilhão em negócios, com a presença de 430 expositores e 53 mil participantes. Agora, o número de expositores superou a marca de 480 e a expectativa é de que os negócios ultrapassem a marca dos R$ 2 bilhões.
“O aumento de 20% no número de expositores em relação à feira do ano passado aponta para o sinal de retomada. Esse é o momento dos comerciantes se encontrarem com os fornecedores, conversarem sobre as novidades e inovações para cada setor. Temos a perspectiva de um setor investindo cada vez mais em qualidade”, diz Alexandre Poni.
De acordo com os organizadores da feira, os supermercados mineiros estão investindo R$ 400 milhões em expansão neste ano. O número de lojas do setor em funcionamento em Minas deve fechar 2017 em 7.163 estabelecimentos. Em 2016, o setor supermercadista mineiro registrou faturamento de cerca de R$ 33,9 bilhões. Na edição deste ano, a Superminas reservou espaço para que os pequenos fornecedores da agricultura familiar ou pequenas indústrias apresentem seus produtos.
OMC condena veto a frango brasileiro
Genebra e Brasília – A Organização Mundial do Comércio (OMC) condenou uma série de barreiras impostas pela Indonésia ao frango brasileiro. A decisão deverá abrir mercado avaliado entre US$ 70 milhões e US$ 100 milhões por ano, segundo estimativas do setor privado brasileiro. Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse esperar impacto positivo da decisão já em 2018. A Indonésia é o quarto país mais populoso do mundo, com 264 milhões de habitantes, e atualmente não importa frango de nenhum país. Lá, o consumo per capita é de 6 quilos ao ano, enquanto a média mundial é de 20 quilos.
Segundo os produtores, o mercado indonésio é um dos que têm maior potencial de crescimento no mundo. Trata-se de um país onde 87% da população é muçulmana e o Brasil é o maior produtor de frango halal do mundo (quando a ave é abatida dentro das normas ditadas por muçulmanos), com vendas anuais de 1,8 milhão de toneladas.
“Esse é o primeiro grande caso sanitário que o Brasil ganha na OMC”, ressaltou o advogado Welber Barral, do Barral MJorge Consultores Associados, e ex-secretário de Comércio Exterior. Ele explicou que o país já foi vitorioso em diversos litígios, como no caso dos subsídios ao algodão dos Estados Unidos, mas é a primeira vez que a questão sanitária recebe uma decisão favorável. “Isso mostra a qualidade do produto brasileiro.”
A sanidade dos alimentos tem sid um dos principais instrumentos de medidas protecionistas contra os produtos brasileiros. Jacarta ainda poderá recorrer da decisão para evitar que o Brasil estabeleça retaliações contra seus produtos. A ABPA estima que o processo pode dur mais seis meses. A Indonésia tem demonstrado intenção de cumprir as decisões do painel, segundo informou o subsecretário-geral de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Carlos Márcio Cozendey.
Ele relatou que o Brasil tentava exportar frango para a Indonésia desde 2009. No entanto, era impedido por uma série de barreiras. O caso na OMC começou em 2015. Segundo o embaixador, a OMC concordou com a argumentação brasileira de que a Indonésia apresentava uma demora injustificada para aprovar certificados sanitários, o que é contrário às normas da organização.
Contudo, o Itamaraty não venceu em todos os pontos da disputa. Os juízes não concordaram que as licenças de importação tenham sido dadas de forma arbitrária. O Brasil tampouco conseguiu provar que está sendo prejudicado devido às medidas de monitoramento da produção do frango respeitando o sistema halal.
Importações driblam exportações
As exportações do Brasil cresceram 15,1% em setembro, enquanto o volume importado aumentou 18%, na comparação com o mesmo mês de 2016, segundo os dados do Indicador do Comércio Exterior – Icomex, divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O novo índice entrou no calendário mensal da FGV neste ano. O objetivo é contribuir para a avaliação do nível de atividade econômica do país, por meio da análise mais aprofundada dos resultados das importações e exportações.
Os embarques do setor de agropecuária avançaram 94,5%, superando as variações registradas nos meses anteriores. Os preços das exportações aumentaram 2,7% em setembro, com a contribuição do encarecimento de algumas commodities (produtos agrícolas e minerais cotados no mercado internacional), em especial o minério de ferro.
Nas importações, o destaque foi o desempenho dos bens de capital (máquinas e equipamentos), com aumento de 71,5% no volume importado em setembro. Os preços das importações recuaram 3,5% no mês passado ante setembro de 2016. O superávit da balança comercial acumulado no ano até setembro foi de US$ 53,3 bilhões, o que supera o recorde anterior de US$ 48 bilhões registrado para o ano de 2016.
“Contribui para esse superávit a recuperação dos preços das commodities iniciada em 2016 e o crescimento do comércio mundial em 2017”, informou Lia Valls, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial. Contudo, a pesquisadora pondera que deve haver redução no superávit comercial no próximo ano, levando-se em consideração a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que os preços das commodities vão desacelerar em 2018 e a perspectiva de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, o conjunto da produção de bens e serviços) brasileiro entre 2,5% e 3% no próximo ano, o que levaria a um aumento das importações.