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Estado de Minas

Apesar da crise política, Meirelles se mantém como âncora da economia

Mesmo com turbulência política, ministro da Fazenda diz que medidas econômicase reformas serão mantidas. No esforço pela estabilidade, destaca dados positivos


postado em 24/05/2017 06:00 / atualizado em 24/05/2017 07:14

Henrique Meirelles sinalizou continuidade para empresários, independentemente do terremoto político em Brasília(foto: Aloísio Maurício/Estadão Conteúdo)
Henrique Meirelles sinalizou continuidade para empresários, independentemente do terremoto político em Brasília (foto: Aloísio Maurício/Estadão Conteúdo)

No esforço para manter a economia longe do terremoto político que atingiu Brasília há uma semana, com as delações dos irmãos Wesley e Joesley Batista, donos da JBS, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles sugeriu ontem que a política econômica e as reformas serão mantidas independentemente dos desdobramentos da crise provocada pelas denúncias contra o presidente Michel Temer. O ministro ressaltou que tem notado preocupações dos agentes sobre os rumos da política econômica em meio à recente crise política, mas disse acreditar que existe consenso no país hoje de que esta política econômica de controle do gasto público e da inflação do governo Temer vai continuar, dando a entender que isso vai ocorrer mesmo se Temer vier a ser afastado do cargo.

A afirmação de Meirelles arrancou aplausos do auditório lotado no seminário da Associação Brasileira da Indústria de Construção de Base (Abdib), em São Paulo. Este foi o primeiro evento público do ministro desde o início da crise. Ironicamente, um dos patrocinadores do evento é a construtora Odebrecht, investigada na Lava-jato por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. “Estamos engajados nas reformas e vamos continuar”, afirmou Meirelles. “O Brasil viveu momentos diferentes e circunstâncias políticas diferentes no passado recente”, disse Meirelles, logo no início de sua apresentação.

O ministro citou a recessão de 2015 e 2016, causada por decisões erradas de política econômica do governo anterior. “Estamos saindo da crise”, disse ele, ressaltando que o Brasil hoje tem condições diferentes das que tinha há um ano. Entre as melhoras do governo de Michel Temer, Meirelles citou a medida que estabelece um teto para a alta dos gastos públicos. “No Brasil, a crise política gera uma crise econômica quando gera incerteza sobre a orientação da política econômica no futuro”, disse Meirelles. Com isso, o ministro mostra que, nesse momento, o governo aposta todas as fichas na estabilidade econômica como tábua de salvação para o presidente Temer.

Meirelles ressaltou que o crescimento voltou no primeiro trimestre e a inflação está caindo, incluindo a de serviços. Essa queda da inflação deve aumentar o poder de compra dos brasileiros, disse ele, ressaltando que famílias e empresas se focaram nos últimos meses em reduzir seus passivos. “A retomada do crescimento é lenta porque as pessoas estão pagando dívidas.” O poder de compra, de acordo com o ministro, subiu 3% depois de muito tempo de queda. O ministro praticamente repetiu pontos do primeiro pronunciamento do presidente Temer, na quinta-feira, quando foram divulgados os áudios das conversas dele com Joesley Batista.

Tranquilizar empresários e o mercado financeiro é a tarefa recebida de Temer pelo ministro da Fazenda e pelo presidente do Banco Central, Illan Goldfajn. Na semana que vem a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) decidirá a nova taxa básica de juros (Selic), hoje em 12,25% ao ano. O anúncio será feito na próxima quarta-feira e Planalto torce para um corte de um ponto percentual, o que é possível diante da queda da inflação, confirmada ontem com a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Ampo – 15 (IPCA-15), de 0,24% em maio, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE. Em 12 meses o indicador, uma prévia da inflação oficial, está em 3,77%, abaixo da meta de 4,5% fixada pelo governo.

E a queda dos juros deve ser anunciada um dia antes de o IBGE divulgar o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano. A aposta é que a geração de riquezas do país tenha voltado a crescer depois de oito trimestres de queda, com a economia começando a sair da pior recessão da história do país. “O Brasil está construindo um caminho para um novo ciclo de crescimento”, afirmou ontem Meirelles, ressaltando que a última coisa que o país precisa agora é a economia ter problemas por causa de questões políticas. “Estou com uma agenda ativa e reuniões intensas”, comentou o ministro ao encerrar sua palestra, que durou cerca de 40 minutos “Vejo um compromisso do Congresso. Eu aposto no futuro do Brasil e estou trabalhando dia e noite nesta direção”, acrescentou.

Mercado


Os números favorecem o governo. Depois de desabar mais de 10% e ver acionado o circuit break e ter os negócios interrompidos na quinta-feira, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechou ontem em alta de 1,60%, se recuperando do tombo de 1,54% na segunda-feira, movimentação vista como dentro da normalidade do mercado. Já o dólar comercial fechou em queda de 0,21%, contado a R$ 3,27, ainda 4,24% acima dos R$ 3,137 registrados na quarta-feira passada, mas 3,51% abaixo dos R$ 3,389 registrados um dia depois do estouro do escândalo envolvendo Temer. Para evitar o estouro do dólar, o Banco Central anunciou, na quinta-feira, a venda de contratos cambiais equivalentes à venda futura de US$ 2 bilhões por dia, na sexta, segunda e terça-feira, num total de US$ 6 bilhões. O BC contou ainda com o fluxo de dólares no país, que ficou positivo na quinta e na sexta-feira. (Com agências)

MEMÓRIA
“É a economia, estúpido!”

A frase dita pelo marqueteiro de Bill Clinton, James Carveille, em 1992, se transformou em case de marketing e sinônimo das situações em que a situação econômica define o rumo da política. Em 1991, o presidente dos Estados Unidos, George Bush, venceu a Guerra do Golfo e resgatou a autoestima dos americanos após a dolorosa derrota no Vietnã. Assim, era o favorito absoluto nas eleições de 1992 ao enfrentar Clinton, o desconhecido governador de Arkansas. Carville, apostou que Bush não era invencível com o país em recessão e cunhou a frase. E Clinton venceu a eleição. Trocando em miúdos, uma economia fraca não salva um governo.


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