A produção brasileira de grãos na safra 2016/17, em fase de plantio, deve alcançar 213,1 milhões de toneladas, o que corresponde a um crescimento de 14,2%, ou 26,5 milhões de toneladas, em relação à safra anterior 2015/16, de 186,6 milhões. Os dados são do 3º Levantamento da safra 2016/17, da Companhia Nacional de Abastecimento, divulgados ontem. Esse volume de grãos pode injetar na economia o equivalente a R$ 194 bilhões, segundo o superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Aroldo Antônio de Oliveira Neto, durante apresentação da estimativa para a safra.
Segundo ele, o número levou em conta as principais culturas do país: arroz, feijão, milho e soja. “Pegamos os preços atuais, fizemos uma projeção e chegamos a R$ 194 bilhões a serem injetados na economia”, comentou Aroldo. “Parte destes recursos ficam no mercado local, o que movimenta a economia, faz com que haja empregos. E isso ocorre em toda a cadeia, não só na do agronegócio”, disse. Na safra anterior, conforme cálculos da Conab, foram injetados R$ 158 bilhões, também considerando as principais culturas. Na prática, isso significa que haverá um acréscimo de R$ 36 bilhões na economia na safra atual. “O crescimento da produção está aumentando também os valores da cadeia do agronegócio”, destacou o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Néri Geller.A safra de soja, principal cultura de verão, deve crescer 7,3%, podendo atingir 102,45 milhões de toneladas. A produção do milho (primeira safra) deverá alcançar 27,7 milhões de toneladas, com um aumento de 7,3% em relação aos dados de 2015/16. Já a safra de arroz deve registrar uma produção de 11,5 milhões de toneladas, superior à safra passada em 8,5%. A produção de feijão (primeira safra) pode alcançar 1,28 milhão de toneladas, 24,1% acima da safra anterior. A produção de algodão em pluma deve crescer 9,7% e atingir 1,41 milhão de toneladas, apesar de uma redução de 5,5% na área cultivada.
Segundo a Conab, a área total plantada na safra 2016/17 deve ser ampliada, podendo alcançar 59,2 milhões de hectares, o que representa um crescimento de 1,4%, ou 827 mil hectares, se comparada com a safra passada. "O algodão e o arroz foram exceções na ampliação, em virtude da substituição pelo cultivo de soja, caso de Mato Grosso", diz a Conab, em comunicado. No entanto, as demais culturas de primeira safra tiveram incremento de área.
O destaque na safra de inverno é a produção de trigo, que deve crescer 21% acima dos números de 2015, atingindo 6,7 milhões de toneladas. A cevada deve ter uma leve redução de área, mas a produção será de 374,8 mil toneladas, com a recuperação da produtividade. Já a canola e o triticale também apresentam aumento de área e produtividade, com a primeira produzindo 71,9 mil toneladas e o segundo, 68,1 mil toneladas.
Clima favorável O superintendente de Informações do Agronegócio da Conab afirmou também que o clima ajuda na recuperação da produtividade na safra 2016/17, ao contrário do que ocorreu no período anterior. Ao mesmo tempo, Aroldo afirmou que o principal fator para a elevação da produtividade é o aumento da área plantada. “A soja é o carro-chefe do aumento da área nesta safra. Dois por cento de aumento na área de soja, como é previsto, equivalente a uma quantidade muito grande de produção desta leguminosa”", disse.
Aroldo destacou, ainda, a produtividade do trigo, que cresce há dois anos, e citou que o aumento de área também ocorre nas culturas de feijão e milho. Em novembro, de acordo com o superintendente, as chuvas em algumas regiões do Centro-Oeste e do Sul estiveram abaixo da média. Em compensação, no Espírito Santo, que enfrenta seca há três anos, as chuvas estão acima da média. “A previsão para o período de dezembro a fevereiro é tranquila”, disse Aroldo.
Tombo na crise O crescimento muda a trajetória do agronegócio, já que a safra agrícola 2015/106 vai registrar quebra na produção. A safra agrícola de 2016 deve totalizar 183,9 milhões de toneladas, uma queda de 12,3% em relação a 2015, quando alcançou 209,7 milhões de toneladas. Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de novembro, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado de novembro é ligeiramente maior que a estimativa de outubro: 72,7 mil toneladas a mais. A área colhida em 2016 deve totalizar 57,2 milhões de hectares, uma queda de 0,8% ante 2015. O arroz, o milho e a soja - três principais produtos da safra brasileira – representam 92,4% da estimativa da produção e responderam 87,9% da área a ser colhida.
Em relação a 2015, houve acréscimo de 2,8% na área da soja, mas redução de 1,5% na área do milho e recuo de 10,1% na área de arroz. Quanto à produção, as três culturas registraram perdas em relação ao ano passado: -1,5% para a soja; -15,5% para o arroz; e -25,5% para o milho. “Foi um ano muito seco, que atingiu regiões muito importantes no país, como Centro-Oeste e Nordeste, que já vem há uns quatro ou cinco anos sofrendo com a seca”, explicou Carlos Alfredo Guedes, gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. Na passagem de outubro para novembro, houve revisões nas seguintes culturas: batata 2ª safra (7,5%), batata-inglesa 3ª safra (4,6%), cevada (6,9%), aveia em grão (2,6%), trigo (1,8%), sorgo (-0,6%), cebola (-1,0%) e feijão em grão 2ª safra (-1,2%)
