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Estado de Minas À ESPERA DAS CHUVAS PARA ESCAPAR DO RACIONAMENTO

Retorno das bandeiras tarifárias não está descartado

No início do período chuvoso, há reservatórios de usinas com mais volume de água, mas na Bacia do São Francisco o nível é baixo e uma estiagem pode gerar outra crise hídrica


postado em 02/10/2016 06:00 / atualizado em 03/10/2016 10:29

A represa de Três Marias está com 21,6% da sua capacidade, mas até dezembro nível pode chear a 10% e trazer de volta ameaça do desabastecimento(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 22/7/14)
A represa de Três Marias está com 21,6% da sua capacidade, mas até dezembro nível pode chear a 10% e trazer de volta ameaça do desabastecimento (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press - 22/7/14)
O réveillon hidrológico, ou o início do período chuvoso, foi aberto neste fim de semana, mas não há previsão no estado de chuvas acima da média histórica, com volume capaz de recuperar os três últimos anos de estiagem. Em Minas, pelo menos três reservatórios, na região Central, no Norte e Noroeste, já estão sendo monitorados de perto para evitar o caos hídrico. O risco de retorno das bandeiras tarifárias em 2016 não está descartado – para este mês ainda vigora a bandeira verde – e o racionamento de água deve ser realidade em algumas regiões do estado, mesmo com previsões de chuva, entre outubro e março, apontando para a média histórica.

O reservatório de Três Marias, na Bacia do São Francisco, não conseguiu se recuperar dos anos de seca e fechou o mês de setembro em 21,6%, pouco abaixo dos 22% observados no mesmo período do ano passado. É possível que no início de dezembro o nível do reservatório baixe a 10%, repetindo os desafios de 2015. “A política de gestão do reservatório, que define as práticas de melhor utilização para toda a bacia ainda está sendo definida pelos diversos gestores do sistema energético e hídrico”, observa Ivan Carneiro, engenheiro de planejamento energético da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

No Noroeste de Minas, a usina de Queimado reflete uma das maiores secas já enfrentadas pelo Rio Preto. No ano passado a chuva na região, considerando todo o período de cheias, não ultrapassou 40% da média histórica. Na sexta-feira, o nível do reservatório mostrava 13%, quando no ano passado, no mesmo período, o percentual era de 52%. O rio é responsável pelo abastecimento de municípios como Unaí, e já está havendo uma gestão conjunta da água para evitar desabastecimento. A previsão meteorológica para a região não está entre as melhores. “No Noroeste, o volume pluviométrico pode ficar entre 5% e 10% abaixo da média histórica”, observa o meteorologista da Cemig Artur de Paiva Neto.

Na média do estado, as previsões meteorológicas mostram otimismo até agora. Segundo Artur Neto, Minas deve ter um período chuvoso perto da média histórica, com um volume superior de chuvas no Sul e na Zona da Mata. Outro ponto positivo é que o período chuvoso em grande parte de Minas deve começar já esta semana, sem atrasos, como verificado no ano passado. “Um período de chuvas regulares não é suficiente para recuperar reservatórios de maior porte que enfrentaram três anos de escassez”, diz o especialista.

No Norte do estado, a usina de Irapé, no Vale do Jequitinhonha, também mostra nível de 13%. O cenário crítico já alerta para políticas de otimização do uso da água. Apesar de o volume pluviométrico esperado pela Cemig mostrar melhora em relação ao ano passado, Artur Neto ressalta que há uma incerteza dentro das previsões. Pela segurança hídrica, a companhia trabalha com cenários mais pessimistas. “Se as chuvas de fato ocorrerem dentro da média histórica, reservatórios de menor porte, como cajuru e Camargos conseguem se recuperar, o que já é mais difícil para aqueles de maior porte, como Três Marias”, diz Ivan Carneiro. Segundo ele, o uso racional da água deve ser mantido, mesmo depois de períodos de seca ou chuva abundante.

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)
Entre os sistemas, o mais crítico é o Nordeste, onde está a Bacia do São Francisco. O sistema estava em 14,9% na sexta-feira e a usina de Sobradinho, que responde por 58% do abastecimento, mostra nível crítico de 10,8%. Em setembro de 2012, o percentual era quase três vezes maior, 29,6%.

Para a especialista em planejamento energético e professora do Ibmec Juliana Marreco, o risco de racionamento pode ser descartado este ano, pois a demanda do país está baixa e há sobra de energia no mercado. No entanto, caso o período chuvoso não comece dentro do tempo previsto pode ser necessário o despacho de térmicas e a volta do sistema de bandeiras, encarecendo a conta para o consumidor.

RESERVA O lago de Furnas, que no ano passado chegou a provocar crise no comércio, serviços e no turismo pelo baixo nível do lago, conseguiu recuperar o seu volume hídrico na comparação com o ano passado. Em setembro de 2015, o nível do reservatório, na Bacia do Rio Grande, era de 28,35%, e neste ano o mês fechou em 58%. Na Bacia do Rio Paranaíba, reservatórios como São Simão (36,9%), Emborcação (37,3%) e Nova Ponte (27,1%) conseguiram recuperar levemente o percentual hídrico ou se manter no mesmo patamar.

Geração própria

Minas Gerais continua na liderança como estado com o maior número de conexões de micro e minigeração de energia no país, que é a energia gerada a partir dos telhados das residências. Segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), houve um rápido crescimento no último ano. No estado, são 1.226 conexões em agosto, contra as 217 ligações registradas na Aneel em setembro de 2015, o que representa uma potência instalada de 15.120kW. A fonte mais utilizada pelos consumidores-geradores é a solar, com 1.210 adesões, seguida do biogás, com 13 instalações. Em todo o país, são 5.040 conexões registradas em agosto de 2016, contra as 1.148 ligações computadas em setembro de 2015, o que representa uma potência instalada de 47.934kW. 


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