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Estado de Minas

BNDES registra prejuízo R$ 2,2 bilhões após 13 anos de lucro

Banco registra prejuízo de R$ 2,2 bilhões entre janeiro e junho, o primeiro desde 2003. Provisões contra perdas futuras aumentaram mais de 800%


postado em 13/08/2016 06:00 / atualizado em 13/08/2016 08:02

Rio – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve prejuízo de R$ 2,2 bilhões de janeiro a junho deste ano, o primeiro desde 2003. No mesmo período de 2015, o banco teve lucro de R$ 3,5 bilhões. De acordo com a instituição de fomento, “o resultado foi consequência, principalmente, de despesas com provisões, tanto da carteira de crédito e repasses quanto da carteira de participações societárias”.

Em outras palavras, o risco de calote cresceu – devido à crise econômica – e o banco teve que prever possíveis perdas futuras com as fatias societárias que tem nas empresas. Analistas já esperavam resultado negativo no semestre justamente por essas razões.

Segundo comunicado do BNDES, as provisões alcançaram R$ 9,588 bilhões no primeiro semestre, 824,4% maiores que o R$ 1,635 bilhão em igual período de 2015. O banco não cita empresas específicas, mas dados do balanço mostram que houve um forte impacto da Oi, na qual o BNDES detém 4,63%.

O valor contábil da operadora de telefonia foi reduzido de R$ 229,5 milhões em junho de 2015, para R$ 73,4 milhões em junho de 2016. Uma queda de 67,9%. Além disso, o BNDES é credor da empresa, com dívida de R$ 3,3 bilhões. A Oi pediu recuperação judicial em junho e teve prejuízo de R$ 2,3 bilhões no primeiro semestre.

As provisões são feitas quando um banco ou empresa têm de reconhecer em seu balanço a possibilidade de perdas, mesmo que elas não se concretizem no futuro. No caso do BNDES, isso foi feito basicamente por duas razões. Uma delas é o chamado impairment ou baixa contábil.

Vilã


O banco é acionista de várias empresas por meio de seu braço de participações, a BNDESPar. Quando as ações de uma empresa caem ou se espera que o valor dos papéis será menor no momento de uma possível venda futura, é necessário fazer um ajuste no valor contábil. Foi o que aconteceu com a Oi. Desde o ano passado, a grande vilã vinha sendo a Petrobras. As provisões para baixas contábeis somaram R$ 5,150 bilhões no semestre.

A outra razão para as provisões foi a revisão do rating (risco de crédito) das empresas que tomaram empréstimo do banco. A despesa com provisão para risco de calote atingiu R$ 4,438 bilhões no primeiro semestre do ano – no mesmo período de 2015, havia sido de R$ 480 milhões. Segundo o banco, isso reflete “o cenário econômico brasileiro desfavorável nos primeiros seis meses do ano”.

O índice de inadimplência, considerando atraso de 30 dias, alcançou 1,38% em 30 de junho deste ano, superior ao registrado em dezembro de 2015 (0,02%). Ainda assim, é considerado baixo.

Receita


O resultado foi parcialmente compensado pelos ganhos obtidos com as operações de crédito do BNDES, sua principal fonte de receita. Elas alcançaram R$ 12,2 bilhões nos primeiros seis meses do ano, aumento de 25,2% em relação a igual período de 2015 e de 17,7% em relação ao segundo semestre do ano passado.

Segundo o BNDES, isso se deveu à combinação de dois fatores: volume elevado de amortizações dos financiamentos concedidos, sem que, em paralelo, houvesse aumento de desembolsos. Os recursos não aplicados na carteira de crédito foram migrados para a carteira de tesouraria. Na prática, a menor demanda por empréstimos fez sobrar caixa, e o dinheiro foi aplicado em títulos.

O último prejuízo semestral do BNDES foi entre janeiro e junho de 2003, de R$ 2,4 bilhões, um recorde na época. O reconhecimento do risco de perdas em financiamentos que vinham sendo “rolados” foi o principal impacto, com destaque para a provisão para a americana AES, controladora da Eletropaulo. Se não houvesse o reconhecimento do risco de perda dos empréstimos da AES, o BNDES teria fechado o semestre com lucro de R$ 855 milhões.


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