Presidente da Petrobras destaca importância de regras estáveis para investidores no setor

Rio de Janeiro – O presidente da Petrobras, Pedro Parente, destacou, ontem, a importância da estabilidade nas regras para os investimentos no setor de petróleo, que são aportes de longo prazo. Ele observou que mudanças nas regras, como o aumento de tributação determinado pelo governo do estado do Rio, trazem incertezas para o próximo leilão de áreas para exploração, previsto para o ano que vem. A afirmação foi feita durante a entrega de prêmio recebido pelo executivo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Parente já havia informado no mês passado que a Petrobras deverá imprimir agilidade ao processo de venda de ativos da estatal do petróleo. A ordem é negociar campos petrolíferos, unidades de processamento do óleo, termelétricas e outras operações de retorno menor para a companhia. “Uma indústria como a nossa tem de ser altamente intensiva em capital e só tem retornos em longuíssimo prazo, e o tema estabilidade nas regras do jogo se coloca com muita intensidade. E estamos falando em estabilidade nas regras do jogo em todos os campos, regulatório e no campo tributário”, afirmou o presidente da Petrobras.

De acordo com o executivo, certas regras adotadas não só pelo governo federal como pela administração carioca provocam preocupação e apreensão quanto à influência que poderão ter no próximo leilão em relação às áreas que estão na abrangência do Estado do Rio de Janeiro. Parente se referiu às duas leis estaduais criadas no fim do ano passado, uma delas taxando com ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) a produção de petróleo e outra criando uma taxa de fiscalização da atividade no estado. As duas taxas ainda não entraram em vigor, uma vez que foram questionadas na Justiça pelas empresas de petróleo. No fim da tarde de ontem, às 18h04m, as ações da Petrobras exibiam a maior baixa, de 5,85% no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O Ibovespa, índice dos papéis mais negociados, caía 0,96%.

Falando em tema semelhante em São Paulo, a presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos, disse ressentir-se de o Brasil ser um país que não tem planejamento em suas políticas públicas. “A distração faz parte da vida. Você combate isso com planejamento, coisa que nem sempre as pessoas gostam de fazer, mas é fundamental. Eu me ressinto pelo fato do nosso país não saber onde quer estar em cinco, 10 anos”, comentou durante a reunião anual da Fundação Estudar, criada pelo investidor Jorge Paulo Lemann. A executiva também criticou a argumentação de que a atual crise pela qual o Brasil vive veio de fora. “Vamos cair na real, nossa crise foi feita por nós”, afirmou.