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Estado de Minas

Japoneses já falam em dividir a Usiminas

Divisão dos ativos, possibilidade considerada pelo Grupo Nippon Steel, seria uma forma de pôr fim à batalha judicial com os sócios do grupo ítalo-argentino Ternium/Techint


postado em 05/07/2016 15:54 / atualizado em 05/07/2016 18:18

Caso a negociação chegue aos acionistas, o grupo Nippon não vai abrir mão da usina de Ipatinga, no Vale do Aço mineiro.(foto: Marcelo Coelho/Divulgacao)
Caso a negociação chegue aos acionistas, o grupo Nippon não vai abrir mão da usina de Ipatinga, no Vale do Aço mineiro. (foto: Marcelo Coelho/Divulgacao)

São Paulo - O grupo japonês Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation (NSSMC) já considera a separação dos ativos da Usiminas ou a fusão com outra empresa do setor siderúrgico que assuma a reestruturação da empresa mineira como as soluções possíveis para pôr fim ao conflito judicial que trava com seu sócio na companhia, o grupo ítalo-argentino Ternium/Techint. A briga dos acionistas controladores da Usiminas se estende desde o fim de 2014 e não dá sinais de que caminha para o entendimento.

 

Pela primeira vez, na tarde de hoje, o conglomerado japonês se posicionou por meio de um duro comunicado publicado em jornais e a posterior entrevista de seu diretor administrativo-executivo, Yoichi Furuta, sobre o conflito societário. “Separar (os ativos da Usiminas) é uma das possíveis soluções”, afirmou o executivo, que em abril assumiu a responsabilidade sobre os interesses da Nippon na companhia mineira dentro dos negócios globais do grupo japonês, com atuação em 20 países.

O desmembramento da Usiminas, no entanto, não está sendo negociado, segundo Yoichi Furuta. Como um acordo fica mais difícil a cada novo ingrediente da batalha travada na Justiça, o diretor da Nippon reconheceu que a solução pode chegar à mesa dos acionistas. Neste caso a Nippon não vai abrir mão da usina de Ipatinga, no Vale do Aço mineiro.

“Caso haja a divisão de ativos, a usina de Ipatinga é mais adequada para ficar com a Nippon”, afirmou Furuta. O executivo destacou que a Nippon tem uma relação de 60 anos com a Usiminas (o grupo participa desde 1958, quando do início do projeto da siderúrgica). O desmembramento da companhia já vem sendo especulado por fontes do setor e ligadas aos dois sócios. Nessa hipótese, especula-se que a unidade de Cubatão (SP), a antiga Cosipa, ficaria para a Terinum/Techint, em razão da sinergia que a unidade tem com a plataforma de exportações do grupo argentino, assim como o terminal portuário da usina paulista.


Yoichi Furuta não detalhou a possibilidade de fusão da Usiminas com outra empresa do setor siderúrgico. A concorrente Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), de Volta Redonda, já é a maior acionista minoritária da Usiminas. Resta saber do interesse que outras siderúrgicas, como Gerdau e Arcelor Mittal, que disputam a liderança no mercado de aços longos, teriam no negócio.

Furuta apenas mencionou que esta seria uma possível forma, uma fusão, adotada em outros países dentro de um contexto de estratégia setorial e com a participação do governo, tendo em vista que a crise da indústria siderúrgica reflete, entre outros problemas, o excesso da capacidade de produção de aço no mundo.

Ainda durante a entrevista coletiva que concedeu no escritório da Nippon instalado na Avenida Paulista, Furuta negou que haja negociação entre os sócios sobre proposta para compra de participação acionária. “Nosso comprometimento (com a Usiminas) não mudou e não temos nenhum interesse em sair do Brasil”, afirmou o diretor da Nippon Steel.

Batalha

O grupo japonês anunciou que vai continuar a batalha aberta na Justiça para anular a eleição do atual presidente da Usiminas, Sérgio Leite, que considera contrária ao acordo de acionistas da companhia mineira. A Nippon alega que a troca da presidência (até então exercida por Rômel Erwin de Souza) e da diretoria feriu o acordo de acionistas e a Lei das S/A, que determinam a escolha por consenso entre os controladores.

Nippon Steel & Sumitomo e o grupo Ternium/Techint se enfrentam na Justiça desde o fim de 2014, quando o então presidente da companhia, Julián Eguren, e dois vice-presidentes, todos eles indicados pela Ternium, foram afastados, sob a acusação de terem recebido bônus salariais irregulares.

O desentendimento persiste e se revela inclusive na aprovação do plano de capitalização de R$ 1 bilhão que a companhia deverá concluir neste mês. Outra frente da disputa judicial foi aberta pela rival Companhia Siderúrgica Nacional, que tornou-se a maior acionista minoritária da empresa mineira e quer manter assentos conquistados no Conselho de Administração da Usiminas.


Em nota, o presidente da Usiminas, Sérgio Leite, afirmou que trabalha há quase 40 anos na empresa e que mantém relacionamento de mais de 35 anos com a Nippon Steel e de mais de 25 anos com o grupo Techint. "No momento complexo por que passa o setor siderúrgico e a Usiminas, Sérgio Leite reafirma o seu compromisso, como tem feito nos últimos 40 dias, de trabalhar de forma isenta e de buscar, no que couber à Diretoria Executiva, o consenso entre os sócios", diz a nota. No comunicado publicado hoje em jornais, o grupo japonês questiona o trabalho dele: "estamos fortemente inclinados a suspeitar que Sérgio Leite pode lamentavelmente estar administrando Usiminas sob as instruções de T/T (Ternium/Techint)." A Nippon diz ainda: "Segundo nosso conhecimento, os gestores que haviam apoiado Rômel (Rômel Erwin, o presidente anterior) ou que haviam trabalhado na equipe da auditoria interna que atuou nas investigações que levaram em 2014 ao afastamento de três executivos indicados por T/T, foram demitidos sem qualquer motivo razoável".


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