
Dívida da operadora Oi é oitenta vezes maior do que o valor de mercado da empresa, que está avaliada na Bovespa por R$ 809 milhões. A companhia, que entrou na segunda-feira feira com o maior pedido de recuperação judicial da história do país, acumula dívida de R$ 65,4 bilhões. De acordo com dados da consultoria econômica Economatica, a Oi perdeu mais de R$ 20 bilhões em valor de mercado nos últimos quatro anos e vem acumulando resultados negativos. Um dia depois da solicitação apresentada ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), duas agências de classificação de risco rebaixaram a nota da empresa – ambas indicam situação de “calote”.
A Oi ajuizou, em conjunto com suas subsidiárias integrais, diretas e indiretas, pedido de recuperação judicial e vem sofrendo uma desvalorização há cerca de quatro anos. Em abril de 2012, auge da empresa, a Oi estava avaliada em R$ 21,3 bilhões. A companhia encerrou pregão de segunda-feira com valor de R$ 809 milhões, quase a metade dos R$ 1,55 bilhão do fim de 2015. Na bolsa brasileira, que acabou fechando o dia com valorização do Ibovespa de 1,01%, as ações da Oi chegaram a cair mais de 30% ontem. Houve interrupção das negociações entre 10h e 11h.
Na abertura, os papéis tiveram forte desvalorização e foram colocados em leilão pela primeira vez. O leilão terminou às 11h18 e, no horário, as ações ordinárias da operadora recuavam 15,07%, a R$ 1,04, enquanto os preferenciais perdiam 30,30%, a R$ 0,69. As perdas diminuíram, mas por volta de 11h30 a queda se acentuou com as ações PN recuando 25,25% e os papéis ordinários se desvalorizando 16,67%. Por isso, as ações entraram em leilão novamente. As preferenciais fecharam com queda de 18,18% a R$ 0,82 e as ordinárias recuaram 8,73%, a R$ 1,15.
O pedido de recuperação judicial da Oi levou duas agências de classificação de risco a rebaixar o rating da empresa. A Fitch, que na segunda já havia rebaixado a empresa de 'CCC' para 'C' devido às dificuldades para reestruturação de sua dívida, voltou a reduzir a nota para 'D' após o pedido de recuperação judicial. Já a Standard & Poor's (S&P) reduziu a nota de crédito da Oi de 'CCC' para 'D'. A nota, nas duas agências, indica situação de 'calote'.
De acordo com comunicado da Fitch, a Oi vinha sendo prejudicada por uma estrutura de capital tomada de dívidas e por uma geração de fluxo de caixa consistentemente negativa nos últimos anos. A agência acredita que o pedido de recuperação deve ser aceito e destaca que uma elevação do rating da Oi é improvável durante o período de recuperação da companhia. O rating 'D' é o último degrau da escala da Fitch e indica “inadimplência iminente”.
Já segundo a S&P, as chances de os credores recuperarem os recursos investidos na companhia, em caso de uma moratória, vai de 30% a 50%, mas está mais próximo da ponta mais baixa desta faixa. “Uma vez que o processo de recuperação judicial tenha sido finalizado, vamos avaliar a companhia sob a estrutura atualizada de capital e o plano estratégico.” A nota 'D' da S&P também é o mais baixo grau de sua escala e também indica “inadimplência iminente”.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) decidiu não intervir na Oi, mas proibiu a empresa de se desfazer de quaisquer bens sem sua autorização. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou “que não há hipótese” de o governo ajudar financeiramente a Oi. “Até o momento, não há nenhuma manifestação no sentido de interferir diretamente, mas, por certo, nossos agentes do sistema financeiro estarão prontos a prestar colaboração para intermediar e buscar parcerias se for o caso para a empresa. Agora, participação direta do governo, por óbvio, não há que se pensar nisso”, disse. (Com agências)
