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Estado de Minas

Autoescolas perdem alunos, demitem e apelam nas ofertas por causa da crise

Com aumento do desemprego e do custo de vida, que já teve reflexos nas montadoras, 1ª habilitação deixa de ser prioridade. Em Minas, número de clientes caiu até 40% em 2016


postado em 06/06/2016 06:00 / atualizado em 06/06/2016 10:33

A reboque da crise da indústria automotiva, que tem reagido à queda das vendas com paralisações seguidas das linhas de produção para baixar os estoques, as escolas de formação de condutores de Minas Gerais perdem faturamento em consequência da redução de até 40% do número de alunos, demitem e já há casos de empresas que fecharam as portas, deixando clientes no prejuízo. O setor está “a beira do colapso”, como define o presidente do Sindicato dos Proprietários de Autoescolas de Minas Gerais (Siprocfc), Alessandro Dias. A retração do negócio se agravou desde abril e levou a cortes de 20% da frota e de 15% do quadro de empregados, a maioria de instrutores, nas estimativas da entidade representativa das escolas.


Em Sete Lagoas, na Região Central do estado, o Centro de Condutores Cláudia deixou cerca de 50 clientes desesperados na semana passada. Ao chegar à empresa, no horário das aulas, na terça-feira, os alunos encontraram portas fechadas. A dona do negócio, Claudiane, não atendia mais os telefonemas, e desapareceu, segundo relatos de clientes postados nas redes sociais. De acordo com algumas das versões relatadas, a proprietária da autoescola havia dito estar falida e que não teria condições de honrar os compromissos da escola.


A reportagem do Estado de Minas tentou contato, sem sucesso, com Claudiane. “Isso é um problema que está ocorrendo e, muitas vezes, os cidadãos não sabem que podem ficar no prejuízo. Por isso, é importante, antes de contratar o serviço das autoescolas, estar atento e pesquisar sobre as empresas”, alerta Alessandro Dias. As autoescolas entraram em desespero depois de anunciado o recuo de 25% da produção brasileira de veículos entre janeiro e abril, frente ao mesmo período do ano passado. Até março último, o número de alunos havia caído 30%, contudo, a expectativa do sindicato é de que a retração tenha se aprofundado em maio, tendo alcançado 40%.


“Estamos à beira do colapso e isso é reflexo das incertezas na economia”, afirma o presidente da entidade, que atribuiu a baixa na procura pela primeira habilitação ao desemprego e ao aumento do custo de vida dos brasileiros. Outro problema que as autoescolas enfrentam é a elevação das despesas para prestar o serviço, com destaque para os gastos com a gasolina. Em um ano, o combustível teve alta de 18%.


AJUSTES INEVITÁVEIS


Até 2014, o setor empregava 27 mil profissionais em Minas, com base em estatísticas do sindicato das empresas, e atendia cerca de 500 mil pessoas por ano, sendo que quase R$ 600 milhões eram gerados para o estado em arrecadação de taxas pagas pelos alunos. “Mas a crise veio e atingiu com força o nosso mercado”, comenta o dono do Centro de Formação de Condutores Carmos, Marco Aurélio Fontes. Ele diz que a empresa amarga queda de 30% na receita e no número de novos alunos.


“No momento, dos meus 13 carros, vendi um e estou com outro parado, e já penso em parar mais um”, revela Aurélio Fontes. Há 48 anos no ramo, a autoescola jamais havia enfrentado crise tão severa, segundo o empresário. “Tínhamos, por mês, 45 novas inscrições, em média, e isso caiu muito. Reduzimos o quadro de funcionários em dois instrutores. Passei a economizar até no uso do papel.” Outra forma que encontrou para driblar a situação foi acertar parceria com outras autoescolas para o uso de simulador.

“Dividimos o custo de R$ 36 por aula. Gasta-se muita energia com esse aparelho e, por isso, a nossa estratégia para reduzir as despesas foram as parcerias com outras escolas”, afirma. Fontes também adotou descontos para pagamento à vista. Para driblar a crise, a autoescola Millenium decidiu apostar em promoções e alongar o prazo de pagamento parcelado pelos alunos, agora, de até 10 vezes, em lugar do plano anterior de no máximo três prestações.


O dono da empresa, Rodrigo Ribeiro, diz ter contabilizado redução de até 40% na procura pelas aulas neste ano, o que levou à necessidade de promover ajustes, como a demissão de funcionários. “A crise se potencializou em fevereiro. Em 2015, o setor vivia de altos e baixos, mas neste ano não houve jeito. Demitimos três instrutores e, caso esse cenário permaneça, teremos que fazer mais ajustes”. Ribeiro diz que, como sempre investiu na publicidade, conseguiu minimizar o impacto da crise com promoções feitas nas redes sociais, como aquela em que aluno ganha desconto ao indicar a escola a um amigo.


Longe do tempo em que havia longa fila de espera para ingresso nas turmas da autoescola, Ribeiro reclama do aumento dos custos com combustível e energia elétrica, e diz que a conta não veja. “Tenho ar-condicionado em todas as salas de aula, e, ao mesmo tempo em que há uma queda de clientes, as despesas sobem, e estou absorvendo os gastos para nos manter”, afirma. A Millenium passou a atender 40 alunos por mês, em lugar dos anteriores 70 clientes.


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