
Na próxima semana o impasse pode ganhar força, nas negociações da convenção coletiva do Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte (Sindilojas-BH) com representantes dos trabalhadores no comércio. O presidente do Sindilojas, Nadim Donato, explica que há reivindicações dos lojistas dos shopping para que as lojas não sejam obrigadas a abrir aos domingos. “O Sindilojas defende a liberdade dos lojistas em relação a abrir ou não aos domingos, como ocorre no comércio de rua de BH. Entendemos que há um maior custo operacional nesses dias e que, determinados segmentos comerciais, não têm o retorno financeiro”, constata Donato.
Alexandre França admite que não “bateu o martelo” em relação ao fechamento das lojas aos domingos, mas que na próxima semana a decisão pode se concretizar. “Não se trata de retaliação, mas uma medida inevitável diante do quadro de crise. Há dois anos os lojistas de shopping vêm tentando equalizar suas contas e, com o agravamento do quadro financeiro, não têm mais como abrir aos domingos. E é isso que estamos pedindo ao Sindilojas, na negociação com os sindicatos dos trabalhadores, para que o dia seja de folga”.
O dirigente garante que a decisão considera dados de pesquisas, como do instituto Vox Populi, apontando que 75% da composição do comércio dos shoppings são de pequenos empresários, as chamadas lojas satélites. “Temos dados de que 50% a 60% do consumidor compra por impulso aos domingos nos shopping. Se os lojistas fecharem nesse dia da semana, podem até perder 50% de vendas, mas a outra metade vai migrar para os outros dias, o que compensa diante do alto custo das obrigações trabalhistas”, pontuou.
Contrapartida Para Alexandre, a saída visando que as lojas abram aos domingos é uma contrapartida das administrações dos condomínios dos shopping. O dirigente alerta para os altos custos de aluguel, taxa de condomínio e fundo de promoção que os comerciantes pagam aos administradores que, mesmo com a queda das vendas, permanecem no topo, sem qualquer tipo de negociação. Alexandre França acredita em debandada de lojistas dos grandes centros comerciais, mas espera que os administradores apresentem propostas que revertam o atual quadro.
Já Daniel Vieira, da Abrasce, diz que há flexibilidade por parte de cada administração para negociar com os lojistas de seus condomínios, mas não vê possibilidade do fechamento de lojas aos domingos. “O trabalho nos shopping aos domingos é amparado por lei federal. É um dia representativo nas vendas da semana. Há shopping no estado em que esse dia é o segundo ou terceiro de maior volume de vendas. O domingo já faz parte da cultura do consumidor para o lazer e compras”, destacou Vieira. Na capital, segundo ele, as lojas dos centros de compras abrem aos domingos das 14h às 20h. Algumas lojas âncoras pedem para abrir pela manhã. Já o setor de lazer e alimentação funciona entre 10h e 22h e, no caso das lojas não abrirem, não seria afetado.