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Estado de Minas

Mercado faz festa com crise política e dólar cai a R$ 3,76

Condução de Lula à Polícia Federal é comemorada por investidores como nova pressão para possível troca de comando ou de estratégia do Palácio do Planalto. Bolsa chegou a subir 6%


postado em 05/03/2016 00:12

Luciane Evans


Interpretada por investidores como sinal de mudança na política econômica, a 24ª fase da Operação Lava-Jato, com a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prestar depoimento à Polícia Federal, provocou euforia, ontem, no mercado financeiro. A operação Aletheia, que começou pela manhã, quando agentes da PF foram à casa de Lula, fez a bolsa de valores disparar e o dólar mergulhou 1,09%, perfazendo queda de 5,03% no mês. O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, que reflete as ações mais negociadas, chegou a avançar quase 6% nos primeiros negócios do dia, maior ganho semanal desde 2008 naquele momento, e fechou com alta de 4,1%, aos 49.144 pontos. O dólar comercial desceu ao menor valor deste ano, cotado a R$ 3,761 na venda.

' Desde o início da semana, com a aproximação das investigações da Lava-Jato do planalto, os pregões vêm reagindo positivamente. Na quinta-feira, quando a suposta delação do senador Delcídio Amaral, publicada pela revista Isto É, e que acusa Lula e Dilma de atuarem em esquema de corrupção, a Bovespa fechou em forte alta e engatou o quarto avanço seguido. A alta, a maior desde 2009, foi puxada principalmente pelo forte avanço dos papeis da Petrobras, Vale e de bancos. A petroleira se destacou pela maior alta diária desde 1999. As ações ordinárias da Petrobras subiam 9,55%, cotadas a R$ 9,98, e os papéis preferenciais da Vale se valorizaram em 6,93% cotadas a R$ 11,72.

O dólar, que desde a véspera teve queda de 2,19%, a R$ 3,8022, reagiu à crise política e fechou com o menor valor do ano de 2016, a R$ 3,7601. Nas casas de câmbio de Belo Horizonte, chegou a valer R$ até R$ 4. A alta das bolsas e a queda da moeda norte-americana frente ao real, na visão do estrategista-chefe da XP Investimentos e sócio do Grupo XP, Celson Plácido, são reflexo da força que ganhou a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Essa euforia é política, uma vez que o atual governo não tem condições de mudar o cenário econômico do país”, comenta Plácido.

O analista destaca que Dilma tentou atender aos aliados da direita, quando levou Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, porém, ela o substituiu por Nelson Barbosa. “Ela fez todas as mudanças que o PT e o Lula queriam. Os investidores se questionam como ela sairá desse cenário em que se encontra o país”, avalia.

O efeito-Lula no mercado, de acordo com o analista de investimento da Op Side Research, Pedro Galdi. , é semelhante ao que ocorreu durante as pesquisas eleitorais, no ano passado. “Quando o mercado financeiro não queria o Partido dos Trabalhadores (PT) no poder, a bolsa subia e o dólar caia”, afirma. Segundo ele, o mercado vem reagindo ao cenário político desde o início da semana, quando foi noticiado que José Eduardo Cardozo deixaria o Ministério da Justiça para assumir a Advocacia-Geral da União (AGU); e que o Banco Central bloqueou R$ 35,5 milhões das contas do marqueteiro do PT, João Santana, e da mulher dele, Mônica Moura.

Na segunda, a Bovespa fechou no azul e encerrou fevereiro com um avanço também de quase 6%,. “Estamos vivendo uma bipolaridade perigosa, porque qualquer coisa diferente que possa surgir derruba o mercado”, afirma Galdi. Ele diz que a mudança de humor dos investidores está diretamente ligada ao governo. “É uma questão de confiança mesmo. E quanto mais o governo ficar acuado, mais animado o mercado. As coisas estão piorando para eles (o PT). Amém”, comemora Galdi.

CUIDADO E EXPECTATIVAS O especialista Pedro Galdi alerta para investidores tomar cuidado. “A bolsa não vai subir até o céu e ficar por lá. A curto prazo pode ser que valha a pena investir, mas se ela sobe 60% pode cair 50%”, avisa. Plácido, da XP Investimentos, também pondera e diz que tudo isso é “expectativa”. “Nessa mesma época, em março, quando Levy assumiu o ministério, a Bovespa bateu os 49 mil pontos. Vários investidores estão animados com uma possível nova eleição no país”, analisa.

 

PELO MUNDO
As principais bolsas internacionais também fecharam os pregões de ontem em alta. Nos Estados Unidos, a Nasdaq registrou variação positiva de 0,20%. Na Europa, as bolsas seguiram o mesmo rumo, com exceção do mercado financeiro na Itália, que fechou o dia com queda de 0,38%. As bolsas de Portugal e Inglaterra subiram mais de 1%, enquanto a da China avançou pelo quarto dia seguido (0,5%). A Bolsa de Cingapura ganhou 1,77%, a de Hong Kong, 1,18%, a de Taiwan, 0,37%, e a do Japão, 0,32%. O mercado de ações ficou quase estável na Austrália, com leve alta de 0,18%.


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