Brasília – Depois de oito rodadas consecutivas de alta, o boletim Focus do Banco Central trouxe ontem a primeira queda das expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. No documento divulgado durante a manhã pela instituição, a mediana das previsões para a inflação de 2016 apresentou baixa ao sair de 7,62% para 7,57%. Mesmo assim, segue distante do teto da meta deste ano, de 6,50%. O BC vem reforçando que continua trabalhando para evitar o índice extrapole esse patamar. Quatro semanas atrás, a mediana no Focus estava em 7,26%. Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do índice no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das expectativas também caiu, passando de 8,13% para 7,95% de uma semana para outra – um mês antes, estava em 7,79%.
As projeções do mercado financeiro para os preços administrados ficaram estáveis no boletim Focus. Vilões da inflação de 2015, ao subirem 18,07%, a expectativa agora é de que terão alta de 7,50% este ano. Quatro semanas atrás, a mediana estava em 7,70%. No caso de 2017, a mediana das expectativas permaneceu em 5,50% pela 12ª semana consecutiva. O BC conta com forte desinflação desse segmento este ano para levar o IPCA para o intervalo de 4,5% a 6,5%. A expectativa do BC é de que, apenas no primeiro semestre deste ano haja uma desinflação de 2 pontos porcentuais da inflação.
Se reduziu a perspectiva de inflação, o mercado não mudou a tendência em relação à perspectiva de desempenho para a economia neste ano. O Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deve ter retração de 3,45%, de acordo com o boletim Focus. Na edição anterior do documento, a estimativa era de baixa de 3,40% e na de quatro semanas atrás, de recuo de 3,01%. Para 2017, foi mantida a expectativa de recuperação em 0,50%, após cinco semanas seguidas de redução – um mês atrás, a projeção era de crescimento de 0,70% da atividade.
Câmbio e juros
O boletim Focus mostra que os impactos das incertezas internacionais chegam ao país por meio da cotação do câmbio. Houve mudanças nas previsões para a variável em praticamente todas as abordagens feitas pelo BC no documento, ainda que de forma tênue. O documento aponta para um câmbio a R$ 4,35 no lugar da R$ 4,36 vista na semana passada. Em semana de reunião do Copom, analistas do mercado financeiro revisaram mais uma vez para baixo a projeção para a taxa básica de juros no fim do ano que vem. Pela quarta semana consecutiva, os economistas mantiveram as estimativas para a Selic em 2016 no boletim. De acordo com o levantamento realizado com aproximadamente 120 instituições, a taxa básica de juros permanecerá nos atuais 14,25% ao ano até o encerramento de 2016.