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Estado de Minas

Álcool ficará mais em conta nas bombas de BH só em abril

Nova pressão sobre os preços da gasolina deverá incentivar o uso do combustível verde, mas só depois do fim da entressafra da cana. Consumidor começa a mesclar as opções


postado em 07/01/2016 06:00 / atualizado em 07/01/2016 07:15

Diferença do custo dos combustíveis nas bombas ainda é de 73%, três pontos percentuais acima do nível considerado ideal(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Diferença do custo dos combustíveis nas bombas ainda é de 73%, três pontos percentuais acima do nível considerado ideal (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
O álcool ainda não é a solução para o consumidor fugir das bombas de gasolina, que, em breve, vão fazer com que o motorista desembolse até mais R$ 4 pelo litro do combustível. O preço do etanol só é competitivo quando corresponde a até 70% do valor cobrado pela gasolina e a proporção, na maioria dos postos de Belo Horizonte consultados ontem pelo Estado de Minas, ainda é de 73%. No entanto, a previsão é de que em abril o combustível verde se torne a melhor opção para abastecer na capital mineira, segundo o presidente do Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos.

O preço do etanol está praticamente estável no estado há um mês e meio e com a nova safra, a tendência é de queda, ainda de acordo com a Siamig. “Acredito que no fim de janeiro será possível perceber melhor a demanda do consumidor pelo etanol. Com as altas variações da gasolina, o mercado deve responder. Alcançaremos a competitividade, abaixo dos 70%, no mês de abril, quando o consumidor vai substituir a gasolina com mais intensidade”, analisa. A entressafra da cana de açúcar termina em março.

No posto Oceano da bandeira Shell, na Via Expressa, o litro da gasolina era de R$ 3,574 ontem, enquanto o etanol era oferecido a R$ 2,596 o litro e o diesel custava R$ 2,949 o litro. De acordo com Maykon Rodrigues Cruz, funcionário do posto, os consumidores ainda não estão optando pelo álcool, mesmo diante do alto preço da gasolina. “O abastecimento está variando muito entre os dois combustíveis. Mas o consumidor sabe que o etanol ainda não está competitivo”, ressalta.

Para Alessandra Zica, que não anda de carro durante todo o mês, o uso compartilhado no tanque traz economia (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Para Alessandra Zica, que não anda de carro durante todo o mês, o uso compartilhado no tanque traz economia (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
A empresária Alessandra Zica abastece o carro, desde agosto do ano passado, mesclando os dois combustíveis. “O álcool não compensa por enquanto, mas como não rodo muito no mês, misturar os dois combustíveis já vale a pena para aliviar o meu bolso”, afirma. Segundo o presidente da Siamig, o consumidor mineiro, que tem carro flex, já aprendeu usar o etanol. “Ele já percebeu que o carro pode ser abastecido à álcool de forma segura, no que diz respeito à técnica e à mecânica. Isso, além da consciência ambiental, já que o combustível é mais ecológico que a gasolina”, diz Mário Campos.

Dados da Siamig indicam que o consumo de etanol em 2015 no estado subiu cerca de 140% na comparação com os registros de 2014. No Brasil, aumentou 35%. Mário Campos enfatiza que, desde meados do ano passado, Minas é o segundo estado brasileiro com o maior consumo de etanol hidratado, perdendo apenas para São Paulo. “O ano de 2015 foi de inflexão para a indústria sucroalcooleira. De 2010 até o início do ano passado a situação era muito ruim. Com as contenções realizadas pelo governo, o preço da gasolina ficou estável, sem nenhuma alteração durante todo esse período”.

Houve a redução da alíquota da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) a zero para a gasolina, no entanto a posterior recomposição da Cide e a elevação do Pis/Cofins, com o consequente aumento do preço da gasolina, ajudaram na competitividade do álcool, destaca Campos. Por fim, a redução do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o etanol hidratado em março do ano passado deu maior competitividade aos preços do etanol entre abril e outubro de 2015.

O engenheiro Evanildo Dutra abasteceu o carro automático com álcool no posto Ipiranga, localizado na Avenida do Contorno, na esquina com a Rua Cássia. “Meu carro faz 4 quilômetros por litro se abasteço com álcool e 8 quilômetros por litro com gasolina. E nesse preço da gasolina não dá mais. Pra mim, o etanol já compensa”, salienta. O policial militar Carlos Antônio Assis também tem optado pelo álcool na hora de abastecer. “Rodo cerca de 30 quilômetros por dia. Meu carro faz 7 quilômetros por litro se abasteço com álcool e 9 quilômetros por litro com gasolina. O álcool já está valendo a pena no meu caso”.

Safra positiva

A produção de cana moída foi de 64 milhões de toneladas em Minas no ano passado frente aos 59,5 milhões de 2014. A produção do etanol hidratado ficou em 3 bilhões de litros no estado, uma resposta siginificativa ao aumento da demanda, mesmo frente à fraca base de comparação de 2014, que praticamente não teve demanda, com base em estatísticas da Siamig.

“Esperamos que 2016 seja um período melhor para a indústria sucroenergética. A mudança no mercado internacional, com a recuperação dos preços do açúcar, junto da desvalorização do real que auxilia no setor exportador do produto, nos faz vislumbrar um cenário melhor este ano”, diz Campos. Em 2015 a recuperação da produtividade agrícola no canavial também foi positiva em função das chuvas. A tendência, pelo volume de chuvas registrado no Sul e Sudeste até agora indica que o setor terá uma safra positiva, com boa produtividade agrícola.


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