
Alguns dos rituais alternativos podem render boa economia, como a simpatia para limpar e proteger a casa (veja o quadro). A demanda pela romã concentra-se na segunda quinzena de dezembro e na primeira semana de janeiro, diz Antônio Julião, dono da Barraca do Patureba instalada no Mercado Central. A fruta é adquirida, em geral, às vésperas do Natal e do réveillon, além do Dia de Reis, para que o ano seja próspero. Nove sementes são usadas na mais tradicional simpatia (três são guardadas na carteira, três engolidas e três lançadas para trás no momento que se faz o pedido). A unidade, com peso entre 400 e 450 gramas, é vendida por até R$ 20, preço que só perde para a tabela das pequeninas blueberry e cereja.
Nem com o preço nas alturas, os mais crentes deixam de comprá-la. Só nos últimos dias do ano a Barraca do Patureba vendeu seis caixas com 36 frutas cada. Outras 10 estão preparadas para ser comercializadas nos próximos dias. Cada fruto garante sementes para pelo menos cinco pessoas fazerem a simpatia. A procura é concentrada nos dias 5 e 6 de janeiro, diz o experiente vendedor, desde 1961 no ramo. Ele mesmo não tem a crença dos clientes. “Cada um tem as suas crenças. Acredito no trabalho. Sou muito materialista”, diz Julião sobre o ritual para atrair mais riqueza, que, só nos últimos anos, passou a frequentar casas de espiritismo ao lado do filho.
Pouco usual no Brasil, a romã hoje vendida na capital mineira é, principalmente, a originária dos Estados Unidos. A fruta corresponde a duas ou três vezes o tamanho da espécie nacional, chegando a pesar quase meio quilo. Por ser originária do Oriente Médio, a fruta encontra certa adversidade no clima brasileiro por causa, sobretudo, da umidade do ar.
A professora Marlene Lara tratava de um pé de romã em casa, mas no ano passado a árvore morreu. Sem a fruta no quintal, ela teve que pagar R$ 15 pela unidade para que a mãe possa manter a tradição da simpatia no Dia de Reis. “Eu não acredito tanto, não sei se adianta, mas ela tem mais fé”, diz. Depois de um ano difícil para o país, a mulher do bancário Paulo Vilela deu a ele a missão de comprar uma romã para fazer a simpatia. O ritual não é feito todo ano por eles, mas, com perspectiva de um ano complexo, ela preferiu não dar sorte ao azar. “Não é todo o ano que ela faz. Ela deve estar imaginando que 2016 vai ser o 'cão chupando manga' e, por isso, quis fazer a simpatia”, afirma.
Àqueles que não desejam pagar tão caro por uma única fruta, o consultor holístico e professor de feng shui, Franco Guizzetti, recomenda outras simpatias para trazer fartura e boas energias ao longo do ano. Em busca de sorte e fartura, é possível usar apenas quatro maçãs e quatro notas de dinheiro em outra simpatia no dia 6. Ele explica que basta colocar sobre uma toalha branca e nova quatro pratos com maçãs, sendo uma para você e as demais em homenagem aos reis magos (Belchior, Baltazar e Gaspar). “Coma a sua e no dia seguinte dê uma nota de qualquer valor e uma das maçãs a uma criança. As outras duas você dá um mendigo com outra nota”, explica. Uma terceira nota deve ser dada em uma igreja e uma outra guardada na carteira até o fim do ano.
RITUAL DO BEM
Para ter sorte, amor, dinheiro, paz e alívio de sofrimentos
Escreva com lápis no batente superior da porta da entrada de casa os nomes dos reis magos (Baltazar, Gaspar e Belchior). Um ao lado do outro. Faça a oração em homenagem aos reis para proteger a casa e a família. “Assim como trouxeram luz para Jesus, que tragam boas energia para a minha casa, protegendo os meus familiares. Amém”.
Para limpar e proteger a casa
No dia 6, coloque três dentes de alho sem casca dentro de um copo de água no principal ambiente da casa ou atrás da porta da sala. Quando a água ficar turva, jogue-a em água corrente e mantenha o mesmo alho enquanto ele estiver branquinho. Repita a simpatia ao longo do ano.
Para proteger a casa
Faça um saco de linho branco com 7 centímetros de largura e 12 centímetros de altura. Na borda, coloque uma fita de cetim amarela. Encha o saco com lentilha crua, arroz cru, 16 moedas e um imã. Leve a borda do saco até a boca e faça os pedidos lá dentro. Feche o saco com dois nós com a fita amarela e coloque-o em um lugar alto na
entrada da casa.
Fonte: Franco Guizzetti
