A perda de renda, os juros elevados e o medo do desemprego acabaram barrando o consumo e, com isso, os reajustes dos preços. Com a demanda menor, ofertas e liquidações no comércio se transformaram em clara estratégia do varejo para desovar estoques, avalia a economista Ana Paula Bastos, da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). A carne de porco fugiu à regra da demanda baixa que comprimiu os preços.
Embora melhor remunerados pelos clientes no exterior, os suinocultores agora enfrentam a elevação dos insumos, principalmente do milho e da soja. O cenário, portanto, tem novos ingredientes que podem mudar o movimento dos preços ao consumidor. “Estamos muito apreensivos, porque a continuar a alta dos custos de produção teremos de definir como repassar os aumentos para o consumidor”, diz o vice-presidente da Asemg.
Desde o mês passado, o custo de produção nas granjas subiu de R$ 3,60 para R$ 4,30 por quilo do animal vivo. Considerando-se o impacto do frete mais caro, do milho e da soja, que compõem a ração, os produtores estão pagando pelo menos 15% a 20% mais. A remuneração paga às fazendas melhorou, impulsionada pelas exportações, mas ainda é considerada insuficiente ante os custos: está em R$ 4,50 por quilo do animal vivo, ante cerca de R$ 3 em julho último.
No varejo, se a demanda continuar desaquecida e os custos não sofrerem picos, as empresas vão continuar com dificuldade de remarcar os preços, na opinião da economista da CDL, Ana Paula Bastos. “Há muitas ofertas e liquidações para desovar estoques por que o consumidor está retraído, com as taxas de juros altas, o nível alto de endividamento das pessoas e o medo do desemprego”, afirma. Não por outros motivos, pesquisa da CDL-BH indicou que o gasto médio do consumidor com presentes neste Natal será de R$ 89, ante R$ 101 na festa de 2014. A instituição trabalha com projeção de queda nas vendas de 2,15% neste mês, frente a dezembro do ano passado.
