Brasília – O Banco Central apresentou nessa segunda-feira (21) o resultado do setor externo com uma série de resultados positivos. O principal deles foi o de que o Brasil reduziu o saldo negativo em transações correntes (soma de todas as operações do país com o exterior), em novembro. O rombo ficou em US$ 2,9 bilhões no mês, bem abaixo do projetado pela própria autoridade monetária, de US$ 4,5 bilhões. Em 12 meses, a queda no déficit de transações correntes foi de 68%, baixando de 4,3% do PIB em 2014 (US$ 9,148 bilhões), para 3,7%. O resultado, aparentemente bom, no entender dos analistas do mercado, tem que ser analisado com cautela.
Ao divulgar o resultado das contas externas brasileiras de novembro, o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Túlio Maciel, admitiu que o os resultados do setor externo refletem de forma contundente a forte desvalorização do real frente a moeda norte-americana, que chega a quase 40% este ano, e a perda de dinamismo da atividade doméstica, que reduz a demanda por bens e serviços externos. Para dezembro, Maciel estima um déficit de US$ 5,6 bilhões nas transações correntes. “Os déficits estão bem inferiores se comparados com o ano passado”, ressaltou. Em dezembro de 2014, o déficit em transações correntes somou US$ 11,5 bilhões.
Para Agostini, no entanto, a retração acendeu o sinal de alerta. “A conta de serviços é muito importante. Viagens não significam somente passeio, mas também negócios, ampliação de fronteiras. O Brasil precisa aumentar a relação com o exterior para crescer e melhorar a capacidade produtiva. Ao contrário o que vemos é o Brasil encolhendo e os nossos parceiros, crescendo”, argumentou.
Investimentos diretos melhoram
O Investimento Direto no País (IDP) também trouxe pequeno alento. O déficit foi de US$ 4,93 bilhões, montante suficiente para cobrir o déficit e em conta-corrente no mês e que também superou as expectativas do Banco Central que previa ingresso total de US$ 4,8 bilhões, em novembro. No ano, o IDP caiu 31% em relação ao mesmo período de 2014 (US$ 59,85 bilhões). Em 12 meses, as entradas de recursos somam US$ 69,856 bilhões, ou 3,81% do PIB, uma alta em comparação os 3,74% do PIB de outubro. Para os analistas, o lado perverso do IDP é que o ajuste está sendo feito pelo lado ruim: com queda drástica das importações e das exportações.
