Relatos de jogadores de futebol que com a aposentadoria enfrentam dificuldades financeiras são muitos. Quase sempre de origem pobre, os anos nos gramados profissionais permitem a eles ostentar luxo nunca antes imaginado. O porém é que se trata de uma carreira curta e as cifras (muitas vezes) milionárias às vezes se vão na mesma velocidade que chegaram aos bolsos dos atletas.

Ainda no São Paulo, Euler recorda-se dos delírios financeiros de alguns de seus colegas de clube e das imediatas repreensões do treinador Telê Santana. É famosa entre boleiros o causo do ex-jogador Palhinha, que teria comprado mais um carro para a coleção e que Telê teria forçado o atleta a vendê-lo. Segundo o treinador, o foco de todos deveria ser comprar uma casa para a família. O Filho do Vento, apelido dado ao atacante, que também jogou no América e no Atlético, por causa da velocidade, aprendeu bem rápido. “Ele dizia que trocar de carro era perda de dinheiro. Meu último carro fiquei oito anos com ele. O atual já tem quatro anos de uso”, afirma.
Aposentado, o jogador abriu seis escolinhas de futebol na Grande BH, mas, ressalta, sem a pretensão de ganhar dinheiro. O intuito é ajudar ex-companheiros que, por algum motivo, não conseguiram se preparar para a aposentadoria assim como ele. “Tenho outros negócios que dão sustentabilidade para mim e minha família”, afirma Euler, que prefere não dizer quais os outros ramos de atuação.

Assim como Euler, o ex-lateral de Atlético e Cruzeiro, Nelinho também se precaveu para conseguir ter bons rendimentos depois da aposentadoria. Em 1984, o atleta abriu uma academia de balé em parceria com a esposa, bailarina clássica. Seis meses depois, num primeiro boom da musculação, os dois tiveram que ampliar a unidade para receber aparelhos. Hoje, a academia reúne uma série de atividades (pilates, sppinning, musculação, natação, artes marciais, balé, dança e ioga, entre outros), sendo o sustento do casal. “Já fui sondado para abrir outras três unidades, mas não quis. Tendo dinheiro para viver com saúde está bom demais”, afirma.
