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Estado de Minas

Corte drástico do governo na meta fiscal coloca rating do país em risco

Agência brasileira Austing rebaixa nota de crédito de longo prazo do Brasil, que perde o grau de investimento. Expectativa é que Moody's, S&P e Fitch sigam os mesmos passos


postado em 24/07/2015 06:00 / atualizado em 24/07/2015 08:19

São Paulo – Com o anúncio do corte da meta de superávit primário do setor público para 2015, de 1,1% do PIB para apenas 0,15%, a discussão em torno do rating soberano e da manutenção do grau do investimento do Brasil volta ao foco dos mercados. A agência de classificação de risco Austin Rating anunciou ontem que rebaixou a nota de crédito de longo prazo do Brasil em moeda estrangeira de 'BBB-' para 'BB+'. Com isso, o país perdeu o grau de investimento – espécie de selo de bom pagador e "porto seguro" para investidores – pelos parâmetros desta escala.

A Austin Rating é a maior empresa brasileira de classificação de risco de crédito e suas avaliações são destinadas quase que exclusivamente para investidores nacionais ou estrangeiros com operações dentro do Brasil. Na classificação feita pelas três principais agências internacionais de classificação de risco (Fitch, Moodys e Standard and Poor's), o Brasil segue com o mesmo grau de investimento

A missão regular da agência de classificação de risco Moody’s estava no Brasil na semana passada e teve uma série de reuniões com a equipe econômica do governo. A decisão sobre o rating soberano do país deve ser anunciada nos próximos dias. Para a Moody’s, o Brasil tem rating Baa2, com perspectiva negativa. A nota representa dois degraus acima do grau especulativo.

Em um comentário divulgado ontem, a Fitch afirmou que a revisão das metas de superávit primário anunciada ontem pelo governo ressalta as dificuldades da consolidação fiscal e que a nova meta está abaixo do que havia sido presumido no cenário base de abril, quando fez a última revisão da nota do país. Para a Fitch, o rating do Brasil é BBB, com perspectiva negativa, também dois degraus acima do nível especulativo.

No início de 2014, a agência Standard & Poor’s rebaixou o Brasil para BBB-, e alterou a perspectiva de negativa para estável. Em março deste ano, a S&P manteve a nota e a perspectiva do país, dizendo ter expectativa que o ajuste fiscal tenha apoio da presidente Dilma Rousseff e do Congresso Nacional. Das três principais agências, a nota da S&P para o país é a mais baixa, apenas um degrau acima do nível especulativo.

BBH O banco de investimento Brown Brothers Harriman (BBH) estima que o Brasil pode perder o selo de grau de investimento no terceiro trimestre deste ano. Um estudo desenvolvido pela instituição, com base em 15 indicadores políticos e econômicos – entre eles crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), equilíbrio fiscal e relação dívida/PIB – mostra que o perfil econômico do Brasil seria compatível com o rating BB+, que é considerado grau especulativo. "O recente corte na meta de superávit primário neste ano pode ser o gatilho para um rebaixamento", comenta o BBH em relatório. A instituição destaca que seu modelo reflete a metodologia de rating usado pelas principais agências do setor. "Acreditamos que nosso modelo é muito útil para prever mudanças de rating por parte das principais agências."

O levantamento, que engloba 30 países emergentes, mostra que, além do Brasil, Turquia, África do Sul e Rússia também devem ter suas notas de risco rebaixadas em breve, perdendo o grau de investimento. Já a perspectiva para Colômbia, Marrocos, Panamá, Filipinas e Venezuela é de melhora em seus ratings.

Esforço contínuo

‘O governo brasileiro precisa continuar, sem interrupção, com o esforço para melhorar as contas fiscais do país, mesmo com adoção de novas metas, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI), ao avaliar as mudanças anunciadas na quarta. O governo do Brasil tem que continuar buscando a restauração da sustentabilidade fiscal e a redução do déficit público, afirmou ontem o porta-voz do FMI, Gerry Rice, em uma entrevista a jornalistas em Washington. "Os esforços precisam continuar sem interrupção, mesmo com as metas revisadas." A avaliação do FMI é que a redução da meta fiscal precisa ser entendida no contexto de uma recessão no Brasil que acabou sendo pior do que o esperado. "O governo brasileiro tem demonstrado comprometimento com a estratégia de ajuste macroeconômico."


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