Simone Kafruni e
Alessandra Azevedo
Especial para o EM
Há uma diferença muito grande entre ter dívidas e estar com o nome sujo no mercado. Nem sempre é ruim estar endividado. Trocar o aluguel por um financiamento de 20 anos da casa própria, por exemplo, é um excelente negócio. “Os números do BC continuam subindo se considerar o crédito habitacional, que é de longo prazo e com juros mais baixos. Já os empréstimos começam a cair porque o crédito está mais restrito, há retração no consumo, queda nas vendas”, ressalta o economista da Boa Vista SCPC, Flávio Calife. Ele destaca, no entanto, que quando o assunto é dívida em atraso, a tendência é de alta. “E o quadro vai se deteriorar até o fim do ano porque estamos num período de desemprego, recuo na renda e alta de juros”, pontua.
A economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC) Marianne Hanson assinala que, embora o percentual de famílias com dívidas tenha recuado de 62,4% em maio para 62% em junho, as contas com atraso estão subindo. E o que é mais preocupante: o número de famílias dizendo que não terá condições de saldar os compromissos também aumentou. “O custo de vida subiu, o mercado de trabalho se deteriorou e a renda caiu. Quando a família contrata crédito, ela compromete parte da renda para pagar. Se a inflação sobe, sobra menos para pagar as contas”, esclarece.
“Quando via os juros aumentando a cada mês, ficava desesperada com o tanto de dinheiro que eu perdia”, conta. À dívida de R$ 2 mil foram acrescentados mais de R$ 300 de juros no curto período de dois meses, que ficou sem condições de pagar. “Consegui quitar recentemente, quando saiu meu 13º”, comemora Jaqueline, embora ainda esteja preocupada, já que o salário deste mês acabou e ainda há uma pilha de contas para pagar.
