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Estado de Minas

Gregos dizem não às regras impostas pelos credores para manter ajuda ao país

No referendo, 61% da população decidiu pela rejeição


postado em 06/07/2015 06:00 / atualizado em 06/07/2015 07:48

Brasília – Os gregos rejeitaram ontem, com 61% dos votos do referendo, um novo pacote de ajustes com alta de impostos, cortes de gastos e de aposentadorias, como defendem os credores – o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Central Europeu (BCE) e a União Europeia (UE) – para que aprovassem um novo pacote de socorro financeiro ao país. Com os primeiros sinais de que o Oxi (não, em grego) venceria o plebiscito, o euro desabou mais de 1% ante o dólar. Os investidores estão preocupados com o futuro do bloco formado por 28 nações e com moeda única adotada por 19 países.


Após comemorarem a decisão do povo contra o arrocho e se fortalecerem politicamente, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, e o ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, se reúnem hoje em Bruxelas com o Eurogrupo para discutir uma saída para a crise por meio de um consenso. Mas a tarefa não será fácil. Com uma dívida pública que corresponde a 177% do Produto Interno Bruto, reversas internacionais de apenas US$ 6 bilhões de dólares e taxa de desemprego entre jovens de 50%, a governo da Grécia não consegue honrar os pagamentos dos empréstimos que tomou para tentar salvar a nação que é berço da civilização europeia.


Sem dinheiro em caixa, Tsipras e Varoufakis anunciaram um colete de 1,6 bilhão euros no FMI na semana passada. Nas contas do fundo monetário, o país precisa de pelo menos 60 bilhões de euros para quitar os compromissos que tem até 2018. Para piorar a situação, os bancos estão fechados desde a semana passada, os saques foram limitados em 60 euros por pessoa – 120 euros no caso dos aposentados – e o 1 bilhão de euros que as instituições financeiras tinham em caixa deve se esgotar hoje.


O cenário desolador pode ser amenizado se o presidente do BCE, Mario Draghi, aprovar um socorro as instituições financeiras do país. Conforme analistas, a tendência é que isso ocorra porque ele não quer ser lembrado como chefe da autoridade monetária européia que deixou bancos gregos quebrarem. Mas a ajuda está longe de ser a solução para os problemas da Grécia.


Ciente de que romper com o bloco e sair da Zona do Euro pode levar o país a falência, o primeiro-ministro Tsipras, assegurou que a decisão da população não é uma ruptura com a Europa, mas que reforça o poder de negociação do governo com o Eurogrupo. “Estou plenamente consciente de que a direção que tomei não foi a de ruptura com a Europa, mas sim a de obter mandato que aumente nossa força para negociar um acordo sustentável. Nós todos sabemos que não há soluções fáceis, mas existem soluções justas”, afirmou o chanceler em pronunciamento oficial. Tsipras ainda detalhou que a primeira missão será a de restaurar as operações dos bancos e estabilidade econômica.

Desafios No centro de Atenas, capital da Grécia, a população que votou no Oxi comemorou a vitória com músicas e abraços. Milhares de gregos foram a praça Syntagma enrolados em bandeiras e ambulantes aproveitaram para vender água, refrigerantes e estandartes. Eufóricos, com apitos na boca e cantando, aqueles que estavam no local celebravam a indignação da maioria dos conterrâneos com o pacote de austeridade adotado há cinco anos como forma de compensar os empréstimos de 240 bilhões de euros aprovados para socorrer o país na crise. Preocupados com o futuro do país, eles preferiram assumir o risco de enfrentar problemas ainda maiores do que se submeteram a um arrocho ainda mais severo do que o está em curso.
A vitória do “não” também causou repercussões políticas.O ex-primeiro ministro grego Antonis Samaras, líder do principal partido da oposição, Nova Democracia, anunciou sua renúncia após a derrota do “sim”. Para o Syriza, partido que governa a Grécia, não é mais possível cortar aposentadorias porque dos 11 milhões de gregos, 2,5 milhões de pessoas estão abaixo da linha de pobreza.

Clima agora é de apreensão até no Brasil

Brasília
– O governo brasileiro vai acompanhar com lupa os movimentos dos mercados mundiais de hoje para medir até que ponto a vitória do “não” na Grécia afetará a economia no país. Tanto o Banco Central quanto o Ministério da Fazenda vêm assegurando que o Brasil está mais preparado para choques externos, mas, com a economia em recessão, a inflação nas alturas e a onda de desconfiança em relação ao governo, a ordem é evitar surpresas que possam empurrar a economia brasileira mais rapidamente para o buraco.


A preocupação com a Grécia tomou conta da Europa. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciou ontem a convocação de uma reunião para amanhã, em Bruxelas, Bélgica, para discutir com os países da Zona do Euro a situação após o referendo. A realização da cúpula foi um pedido da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e do presidente da França, François Hollande, que marcaram para hoje um encontro em Paris, segundo informações do próprio parlamento alemão e do Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.


O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, promoverá uma teleconferência com Tusk, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi. Depois de terem feito campanha pelo “sim” no referendo, a intenção dos líderes é apresentar uma avaliação dos resultados amanhã, durante a sessão plenária no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França.

A Comissão Europeia informou que “respeita” o resultado do referendo de domingo, embora tenha ressaltado que o resultado do referendo, no qual o “não” às políticas dos credores venceu “inequivocamente”. Dijsselbloem destacou a vitória do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, como “muito lamentável para o futuro da Grécia”.


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