É possível lanchar sem gastar muito nos aeroportos do país? Para a maioria dos passageiros do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, a resposta é tão óbvia quanto a falta de opção de estabelecimentos. No terminal, o tradicional pão de queijo não custa menos de R$ 4,50. É o que aponta pesquisa realizada pelo site Mercado Mineiro a pedido do Estado de Minas. O levantamento comparou os preços praticados no terminal e na Região Central de Belo Horizonte. Na cidade, o quitute mineiro pode ser encontrado pelo preço médio de R$ 1,31, variação de 243,51% em relação ao aeroporto. No entanto, a maior disparidade, de 360,40%, foi constatada no misto quente, vendido pela média de R$ 3,03 nas lanchonetes e a cerca de R$ 13,95 no terminal.
Assustada com os valores, a empresária Patrícia de Castro contou que pediu para a atendente repetir o preço do lanche por não acreditar. “Será que você pode repetir?”, questionou. Moradora de Vitória, no Espírito Santo, Patrícia pagou R$ 13,60 por um pão com requeijão e um suco de laranja. “É um absurdo e chega a ser um assalto, sem contar a qualidade dos produtos, que é péssima. O suco não é natural”, reclama.
Essa também é a opinião da veterinária Beth Faria, que apesar de aproveitar a promoção do combinado café e pão de queijo por R$ 5, sempre acaba gastando mais que o planejado. “Eu raramente viajo, mas estou espantada com os preços dos lanches. Mas a gente fica sem opção e acaba comendo aqui mesmo”, afirma. “É um serviço caro e sem muita concorrência”, avaliou o diretor-executivo do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. “A competitividade é baixa e há poucas lanchonetes no terminal e por isso cobram valores muito altos”, destacou.

Essa foi a saída encontrada pelo motorista Ricardo Ferreira, morador de Bom Despacho, no Centro-Oeste do estado. “Eu só lancho fora ou trago para comer no carro mesmo. Os preços são exorbitantes, sem contar o valor do estacionamento. Às vezes eu prefiro parar às margens do terminal”, confessa. O custo para estacionar o carro em Confins também é alvo de reclamações dos usuários. A diária, por exemplo, saltou de R$ 30 para R$ 60 sob a nova administração.
A consequência disso é que diariamente dezenas de motoristas fogem do estacionamento, preferindo parar em estabelecimentos próximos. “Sempre que posso, faço isso. Mas, hoje, vim buscar uma senhora da minha cidade e paguei R$ 8 pela hora”, disse o motorista Lupiciano Alves da Silva, que mora em Gonzaga, no Vale do Rio Doce. Ele conta que no ano retrasado, pagou R$ 4 pela hora. “O curioso é que a estrutura continua a mesma”, disse o motorista, enquanto pagava o estacionamento.

Assembleia vai discutir se há valor abusivo
O aumento no número de reclamações dos preços praticados no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, chamou a atenção e será tema de uma audiência pública hoje na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A pauta será discutida na Comissão de Defesa do Consumidor. A intenção, segundo os parlamentares, é obter esclarecimentos sobre a relação entre a concessionária que administra o aeroporto e a política de preços praticada pelos comerciantes do local.
Conforme aponta o deputado Douglas Melo (PSC), são frequentes as reclamações de usuários quanto aos preços exorbitantes cobrados na compra de bebidas, comida e no estacionamento. “As reclamações são constantes e realmente os preços praticados no aeroporto estão fora da realidade de mercado. A sensação é de que, sem opção, somos obrigados a pagar um valor que, em alguns casos, beira a extorsão”, afirmou o deputado. (FB)

