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Estado de Minas

Irmãs conseguem driblar a crise econômica com a produção artesanal de docinhos

Faturamento cresce mais de 30%, mesmo diante da situação econômica do país


postado em 11/04/2015 06:00 / atualizado em 11/04/2015 07:46

Cristiana e Gabriela Couto Miguel gostam de inventar receitas, como a dos churrinhos com doce de leite: sucesso garantido e mais clientes(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Cristiana e Gabriela Couto Miguel gostam de inventar receitas, como a dos churrinhos com doce de leite: sucesso garantido e mais clientes (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

“A vida tem a cor que você pinta.” A frase escrita em um painel da cozinha industrial usada para a produção dos Docinhos da Cris dá o tom da expansão dos negócios tocados pelas duas irmãs, Cristiana e Gabriela Couto Miguel, de 34 e 32 anos, respectivamente. A atividade artesanal escolhida por elas, além de colorir, adoça a vida delas mesmas e dos clientes que não ficam mais sem seus brigadeiros, churrinhos e outros produtos para festas e consumo diário.

Enquanto a economia do país vem passando por período negro ou sem cor, com previsão de decréscimo de 1% no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, a Docinhos da Cris segue caminho inverso. As encomendas e, consequentemente, o faturamento já aumentou cerca de 30% nos últimos 12 meses. “E vai crescer mais”, aposta Gabriela Couto. Cristiana explica que só não devem aumentar o ritmo da expansão para que a qualidade “do produto e da vida” fique comprometida.

Na Páscoa, elas chegaram a trabalhar 15 horas por dia para atender a demanda por docinhos e ovos de chocolate com recheios de churrinhos, leite ninho com nutela e brigadeiro, para comer com colher. A previsão da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) é de que a produção de ovos de Páscoa fique igual à registrada em igual período de 2014. Mas não foi o que ocorreu na Docinhos da Cris. As irmãs venderam mais de 200 ovos. “E ainda estamos vendendo, apesar de a Semana Santa ter terminado. Foi um sucesso”, afirma Cristiana Couto. Elas queriam tirar uma folga por três dias, para descansar, e ainda não conseguiram. Mensalmente, a produção de docinhos de forma geral passa das 8 mil unidades.

Hoje, Cristiana Couto está inscrita no programa Microeempreendedor Individual (MEI), paga uma taxa de R$ 40,40 por mês para se manter no mercado formal, e conta com a ajuda de Gabriela há cerca de dois meses. “Do governo não tenho ajuda nenhuma. Nunca tive”, conta. Ela deu início à produção de docinhos há cerca de 14 anos. E foi motivada por sua mãe, Maria Auxiliadora, a Dodora.

Cristiana queria muito um celular. E Dodora lhe disse: “você pode ter, mas tem que arrumar o dinheiro”. Na época, a jovem, que estava no terceiro ano do ensino médio, ficou pensando no que fazer para conseguir “a grana”. Decidiu testar uma receita de palha italiana e oferecer para uma vizinha do seu prédio, no Bairro São Bento, Zona Sul de Belo Horizonte. “Fui até ela gelada. Suava frio. Mas adorou e elogiou. Relaxei e não parei mais”, conta a microempreendedora. Ela vendia no recreio, nos barzinhos que frequentava, em todo lugar. No primeiro mês, já tinha juntado o dinheiro para a compra do celular.

Multiplicação Com as redes sociais, os negócios dos Docinhos da Cris ganharam corpo. Cristiana Couto fez vestibular para turismo, passou, concluiu o curso, mas continuou com a produção artesanal de brigadeiros e outras guloseimas. A clientela, que começou pequena naquela época, se multiplicou. Tanto que tem dias que produz até 800 docinhos para entrega quase imediata. A produção, que era feita na cozinha de sua casa teve que migrar para um lugar maior. “Ficávamos sem lugar para almoçar porque a mesa de jantar ficava lotada de massa e outros ingredientes”, lembra Gabriela.

Foi a “Tia Lilia”, Maria do Rosário, que apresentou a solução para o problema e a saída para a expansão. “Ela tinha uma cozinha experimental que foi montada para um bufê, mas estava desativada, e me ofereceu para usá-la”, Conta Cristiana Couto. A partir daí, as encomendas não pararam mais de crescer. Seu sonho era atrair Gabriela para trabalhar com ela. E cumpriu sua meta há dois meses. A irmã, formada em jornalismo, era gerente de uma loja no Pátio Savassi. “Agora trabalhamos juntas”, comemora.

Cristiana e Gabriela Couto garantem que a situação econômica do país não influencia nos rumos de seus negócios. “Não temos medo do trabalho”, afirma Cris. “Nossa lucratividade tem sido açucarada”, reforça. Para o futuro, ela não pensa em abrir loja, pois pretende manter seus horários livres para produção. Mas planeja investir em “capital humano”: prefiro mão de obra a máquinas para manter o trabalho artesanal. Para isso ocorrer, terá de realmente abrir uma pequena empresa. A partir daí, acredita que vai continuar colorindo sua vida sem ajuda do governo. Vai apenas pagar mais impostos. “Não vou parar de evoluir”, garante, otimista.


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