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Estado de Minas

Juro encarece compra de fim de ano


postado em 23/12/2014 06:00 / atualizado em 23/12/2014 07:16

Brasília – Brasileiros que foram às compras neste Natal e que optaram por parcelar os débitos no cartão, no cheque especial ou no crediário tiveram uma nada agradável surpresa ao bolso: além de pagarem mais caro pelos presentes, por causa da escalada da inflação, eles também foram obrigados a arcar com as taxas de juros mais pesadas em três anos._

Para piorar, como a renda familiar já não cresce mais como antes, as compras feitas este fim de ano deverão constar nos extratos bancários ainda por um longo período. Praticamente metade dos brasileiros (48%) só conseguirá se livrar das dívidas do Natal em maio de 2015. Isso, claro, se apertarem o cinto e conseguirem não cair no vermelho no começo do ano, mesmo tendo em vista um estrangulamento maior do orçamento doméstico diante de gastos já previstos como a compra de material escolar, despesas com férias e pagamentos de impostos do carro e de moradia.

O aperto tende a ser maior para as famílias que extrapolaram neste fim de ano com as compras de Natal. Quem optou por parcelar os débitos pagou, em média, juros de 44,20% ao ano, o maior valor já registrado pelo Banco Central (BC) desde março de 2011. Quando se olham os números com lupa, porém, percebe-se que a fatura a pagar é ainda mais pesada para aqueles consumidores que optam por parcelar as compras de Natal justamente nas modalidades de crédito mais caras.


É o caso, por exemplo, de quem recorreu ao crédito pessoal não consignado, modalidade em que os juros chegaram a 103,70% em novembro, o maior patamar do ano. Aperto maior passou quem usou o cheque especial para financiar compras de fim de ano. Em novembro, a taxa cobrada nessa linha chegou a 191,60% ao ano, o maior valor já praticado pelos bancos desde abril de 1999. Diante de juros tão elevados, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, recomendou cautela aos consumidores neste Natal. “O cheque especial tem uma taxa de juros mais elevada que as outras linhas. Por isso, é preciso ser usado de forma consciente e com muita, muita moderação”, recomendou.

Mas, se a vida de quem recorreu ao cheque já foi difícil, sufoco ainda maior passou quem estourou o limite do cartão de crédito e teve de arcar com o rotativo. A fatura cobrada pelos bancos nessa modalidade chegou, em novembro, a 246,08% ao ano, segundo números da Associação Nacional de Executivos de Finanças e Contabilidade (Anefac).

Endividados Com juros tão altos, atrasar as contas é uma missão para poucos. É o que mostra pesquisa recente do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), que indica que 39% dos brasileiros que costumam parcelar as compras de Natal normalmente têm problemas para conseguir quitar os débitos assumidos. Não raro, os consumidores que normalmente tentaram agradar nas festas de fim de ano acabam engordando outra lista que não a do amigo oculto, mas a do cadastro de inadimplentes.

Dados divulgados ontem pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostram que 18,5% dos brasileiros possuem algum tipo de dívida ou contas em atraso. E mais: 5,8% das famílias já disseram não ter qualquer condição de pagar esses débitos. Nesse cenário de aperto da renda (hipertexto), a escalada dos juros básicos, posta em prática pelo BC desde o fim de outubro, tende a ser mais um motivo de cautela para os consumidores, disse o economista Bruno Fernandes, da CNC. “A gente espera que o crédito continue mais caro e escasso em 2015”, disse, acrescentando que a estimativa da entidade é que as concessões de empréstimos a empresas e famílias cresçam apenas 3,7% no ano que vem, já descontada a variação prevista para a inflação no período. “Não há dúvidas de que o crédito andará num ritmo mais fraco do que em 2014, até por causa do cenário econômico mais difícil”, disse.

Não é o que pensa o BC, que prevê para o ano que vem expansão de 12% na oferta de crédito, o mesmo patamar estimado pela autoridade monetária para este ano.


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