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Estado de Minas

Com problemas na Justiça, Petrobras pagará caro por captação externa

Processos dificultam busca de recursos da estatal no exterior para projetos do pré-sal. Ações despencam mais de 4% e um terço do valor de mercado já foi perdido


postado em 11/12/2014 00:12 / atualizado em 11/12/2014 08:15

Processos na Justiça dificultam concessão de recursos no exterior para projetos do pré-sal(foto: Petrobras/Divulgação)
Processos na Justiça dificultam concessão de recursos no exterior para projetos do pré-sal (foto: Petrobras/Divulgação)

Brasília – Diante das denúncias de corrupção e dos processos na Justiça, a Petrobras já perdeu um terço do valor de mercado este ano. Ontem, as ações preferenciais (PN) caíram mais 4,67% e as ordinárias (ON), 4,17%, abalando a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa), que fechou em queda de 1,29%. O pregão registrou 49.555 pontos, menor patamar desde 26 de março, quando chegou a 47.966 pontos. Os investidores estão fugindo dos papéis da petroleira, com medo de que as indenizações cobradas nos tribunais sejam altas demais e pressionem o combalido caixa da estatal.

Para piorar, a Petrobras planeja captar R$ 45 bilhões no mercado em 2015 para levar adiante o seu ambicioso plano de investimentos no pré-sal. A intenção era levantar 70% do valor no primeiro trimestre, período em que, normalmente, faz um esforço para vender títulos de dívida a investidores estrangeiros. As atuais condições tornarão a tarefa difícil e cara.

Até agora, pelo menos cinco grupos de investidores protocolaram ações civis públicas contra a estatal nos Estados Unidos. Dois escritórios de advocacia, um norte-americano e outro brasileiro, representam acionistas que compraram papéis da Petrobras na Bolsa de Nova York, os chamados ADRs, de maio de 2010 a novembro de 2014. Ambos sugerem que qualquer investidor, pessoa física ou empresa, que tenha comprado o título se junte ao processo, o que pode levar a indenizações bilionárias. O prazo para a adesão é 6 de fevereiro do ano que vem.

Com a imagem bastante arranhada e correndo o risco de pagar bilhões aos investidores lesados pela falta de informações claras, não restam muitas alternativas à Petrobras para se capitalizar. O mercado financeiro internacional está fechado para a empresa, que ainda não publicou o balanço do terceiro trimestre. Na avaliação de Demetrius Borel Lucindo, economista da DMBL Investimentos, as contas não fecham. “É impossível a Petrobras investir agora. Terá que rever investimentos e apelar para a venda de novas ações”, assinalou.

Saídas Para Clodoir Vieira, economista da Compliance, é normal que os investidores estejam correndo dos papéis da Petrobras, derrubando assim o seu valor. “Com os processos em Nova York, depois de tanta corrupção, não há perspectiva no curto prazo”, esclareceu. Em um ano, as ações PN se desvalorizaram 34,51% e as ON, 32,52%. Os papéis valem pouco mais de R$ 10 e a companhia tem o maior endividamento do setor, acima de R$ 300 bilhões. “Mesmo diante desse quadro devastador, ela precisa investir no pré-sal. Acredito que uma saída seria emitir debêntures, porque não é o melhor momento para a companhia no mercado acionário. O único problema é que terá que pagar prêmios (remunerações) muito altos”, pontuou.

No entender do consultor e analista de investimentos Robson Pacheco, as investidas judiciais nos EUA terão, no curto prazo, efeito nulo sobre o caixa da Petrobras. “Esse tipo de processo demora muito, cabe recurso e afeta mais a imagem”, ressaltou. Segundo ele, ainda há a chance de funcionários-acionistas entrarem com ação contra os processos de estrangeiros. “Não se pode prejudicar uma empresa inteira, com mais de 50 mil funcionários, que também são acionistas, em razão de meia dúzia de responsáveis pela corrupção”, observou. Pacheco aposta nos recordes de produção do pré-sal como garantia na hora de captar recursos.

Preço do  barril derrete

As cotações internacionais do petróleo ampliaram ontem as suas perdas. Nos Estados Unidos, o barril fechou cotado a US$ 61, queda de 4,42%. Na Europa, o barril tipo Brent ficou em US$ 64,09, uma baixa de 4,12%. Trata-se do primeiro patamar abaixo de US$ 65 em mais de cinco anos, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ter cortado sua previsão da demanda em 2015 para o menor nível desde 2003 ( Veja mais na página 13). Os preços em queda também foram influenciados pela previsão do Irã de que o barril pode chegar a US$ 40, caso os países membros da Opep não consigam estabelecer um consenso. A produção (foto) média diária do grupo de países exportadores de petróleo ficou em 30,05 milhões de barris em novembro, acima do estabelecido entre eles nas últimas reuniões. Mas a perspectiva ainda é que a procura recue em 2015 para a média de 28,9 milhões de barris por dia.


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