São Paulo, 10 - O presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Júnior, defendeu nesta quarta-feira, 10, que a elevação de custo da energia das distribuidoras, decorrente do aumento de 46,14% na tarifa cobrada pela energia gerada em Itaipu anunciado ontem, seja acompanhada por alguma medida que preserve o caixa das distribuidoras. Duas alternativas foram cogitadas pelo executivo: a aprovação de uma revisão tarifária a partir de janeiro de 2015, quando entra em vigor a nova tarifa de Itaipu; ou a criação de uma conta a receber por Itaipu, a qual seria liquidada conforme o cronograma de reajustes anuais das distribuidoras abastecidas por Itaipu.
O reajuste de mais de 46% aprovado pela Aneel provocará elevação de aproximadamente 12% nos custos da CPFL Energia e das demais distribuidoras atendidas por Itaipu, informou Ferreira. O cálculo considera que aproximadamente 25% da conta de energia comprada das distribuidoras localizadas nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul são, em média, oriundas de Itaipu.
"A conta virá em janeiro, mas meu reajuste não acontece em janeiro. Eu teria que pagar antes de acontecer o reajuste. Há um problema de fluxo de caixa", afirmou Ferreira a um grupo de jornalistas presentes em evento que marca os dez anos da abertura de capital da CPFL Energia. "Há duas saídas. Ou uma revisão extraordinária, dada a magnitude desse aumento, ou a negociação com Itaipu como se a empresa tivesse uma conta a receber conosco", complementou o executivo.
O modelo, relembrou o presidente da CPFL, foi adotado entre 1999 e 2000, período da maxidesvalorização do real. Para evitar que o efeito cambial provocasse distorções no setor a partir da tarifa de Itaipu, esta dolarizada, foi negociado um modelo no qual as distribuidoras pagavam o valor adicional da energia à Itaipu somente após a aprovação do reajuste anual.
Ferreira destacou que a revisão tarifária seria a alternativa mais interessante para as distribuidoras. Outra possibilidade, um novo aporte de recursos por parte do Tesouro, foi considerada improvável pelo executivo. O presidente da CPFL Energia também não demonstrou otimismo com a possibilidade de as distribuidoras receberem um novo empréstimo bancário, nos moldes de duas operações realizadas neste ano que somaram R$ 17,8 bilhões.
"Há evidência de que não haverá dinheiro do Tesouro. E, no caso de um novo empréstimo dos bancos, é um bom caminho, mas já temos uma conta de R$ 17 bilhões a pagar e pode haver aumento de taxas. Então seria melhor algum tipo de aumento tarifário", afirmou Ferreira pouco antes, ainda durante apresentação para analistas e investidores realizada na sede da BM&FBovespa.
Os recursos dos empréstimos bancários concedidos este ano foram utilizados na contabilização de operações de compra e venda de energia no mercado de curto prazo e se encerraram neste mês, com a liquidação das operações de outubro. Entre novembro e dezembro, estima-se, as distribuidoras terão outros R$ 3 bilhões a honrar. A contabilização acontecerá nos meses de janeiro e fevereiro de 2015, respectivamente.
A situação provocada pelo reajuste de Itaipu poderia, inclusive, entrar na mesma rodada de negociações com o governo federal na qual deve ser discutida essa diferença de R$ 3 bilhões. As distribuidoras, contudo, não poderiam discutir a situação de Itaipu até que o reajuste fosse anunciado, o que ocorreu somente ontem.
Estima-se que somente o aumento do custo da energia de Itaipu terá impacto equivalente a quatro pontos porcentuais na tarifa média das distribuidoras nos reajustes a serem aprovados pela Aneel em 2015. O reajuste a maior das tarifas, em função da devolução dos recursos oriundos do empréstimo bancário, teria impacto de outros 12 pontos porcentuais na tarifa do próximo ano.
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CPFL propõe medidas para preservar caixa após alta de custo com energia de Itaipu
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