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Estado de Minas

Condomínios de lojas nos shoppings de BH subiram até 104% em cinco anos

Pesquisa inédita revela que pago pelos comerciantes é mais alta que a inflação no mesmo período, que foi de 33,67%


postado em 05/12/2014 06:00 / atualizado em 05/12/2014 06:53

Com franquia no Boulevard Shopping, Donato diz que custo fixo representa 15% do seu faturamento(foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)
Com franquia no Boulevard Shopping, Donato diz que custo fixo representa 15% do seu faturamento (foto: Ramon Lisboa/EM/DA Press)

Uma pesquisa inédita da Associação dos Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (Aloshoppings) mostra os altos valores para se manter empreendimentos nos centro de compras da capital. De acordo com o estudo, em cinco anos, o condomínio teve reajuste de até 104,77%, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 33,67%. A pesquisa ainda mostra disparidade entre os valores de acordo com os locais. O condomínio – que inclui impostos, água, luz, segurança, prestação de serviços de limpeza, entre outros – de uma loja de 50 metros quadrados em um centro de compras da Região Centro-Sul, por exemplo, chega a R$ 8 mil, enquanto de outro na Região Nordeste da capital, é de cerca de R$ 2,6 mil pelo mesmo espaço.

Sufocados com os custos fixos, que incluem ainda o aluguel e fundo de promoção (percentual sobre o faturamento destinado à publicidade do shopping), os lojistas apontam o condomínio como um peso grande nas contas. “Os comerciantes estão cada dia mais preocupados. As vendas não estão boas e os shoppings estão cobrando alto demais, sem mostrar de onde estão vindo as despesas”, comenta o superintendente da Aloshopping, Alexandre Dolabella França. Segundo ele, durante a coleta de dados, foi possível observar que há lugares em que o condomínio está mais alto que o aluguel. “A taxa nada mais é que o coeficiente do rateio de despesas, assim como funciona em prédios residenciais e comerciais. Estão na conta as despesas de luz, água, entre outras. Porém, não há transparência nesse balanço”, diz.

Com a loja Por 1 fio instalada nos shoppings Del Rey, BH e Diamond, o empresário Marcelo Henrique destaca que, na década de 1990, o que se pagava aos estabelecimentos tinha que representar 8% do faturamento de um comerciante de shopping, para que houvesse um ponto de equilíbrio nas contas. “Hoje, esse percentual está entre 15% e 20% e o faturamento não está aumentando”, comenta. Ele conta que, para manter sua loja no BH Shopping ou no Diamond Mall, por exemplo, é preciso um faturamento maior. “Mas não posso repassar isso ao cliente”, avisa. O aperto, segundo ele, começa a fazer com que muitos lojistas façam suas contas para saber se vale a pena continuar dentro dos shoppings.

Há oito anos, o empresário Marcelo Klysch fez isso. Dono da loja de lingerie Depósito Nylon, ele conta que passou a não ter rentabilidade e viu que não valia a pena permanecer dentro de um centro de compras. “O faturamento foi caindo e o comércio diluindo, não havia, para mim, dinheiro no bolso”, diz. Já Marcelo Henrique diz que recentemente contratou uma empresa de consultoria para reavaliar seu negócio. O valor do aluguel que ele paga varia de R$ 11 mil a R$ 18 mil por loja, dependendo do shopping. “Já começamos a ver que muitos estabelecimentos estão sem conseguir lojistas. Isso é o reflexo do alto custo”, diz Marcelo.

Cobrando um condomínio de R$ 83,48 por metro quadrado, o Boulevard Shopping, segundo os lojistas, tem um valor mais moderado. Porém, para o franquiado da loja Skala Welligton Luiz do Santos, mesmo assim está alto. “Quase 20% do nosso faturamento vai para essas taxas pagas aos administradores de shoppings, o que acaba sendo inviável, porque o lojista tem ainda a despesa com funcionários e produtos. Não há mais rentabilidade”, lamenta.

No caso de Donato Buonopane Neto, que tem uma franquia das Havaianas no Boulevard, o custo fixo representa 15% do seu faturamento. Em meses normais, ele fatura cerca de R$ 100 mil na loja e diz que seu lucro é cerca de 5% disso. “O shopping ainda tem a questão de segurança, que atrai o consumidor. Há o estacionamento e outras facilidades. No entanto, nós, lojistas, estamos cada vez mais apertados”, reclama.

INFLAÇÃO

Outro destaque da pesquisa é o reajuste nos últimos cinco anos. A associação, segundo Alexandre, usou uma metodologia que compara os números com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação. Por meio de nota, a assessoria de imprensa do BH Shopping, Diamond Mall e Pátio Savassi esclareceu que o índice usado na pesquisa não pode servir como base de comparação, uma vez que os itens que compõem o condomínio, rateados entre os lojistas – como energia, água e esgoto, segurança, limpeza e manutenção predial –, em razão de suas diversidades e particularidades, não podem ser comparados linearmente com o IPCA.


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