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Estado de Minas

Caged mostra que houve mais demissões do que contratações de trabalhadores em outubro

Saldo ficou negativo para o mês pela primeira vez desde 1998


postado em 15/11/2014 00:12 / atualizado em 15/11/2014 07:30

Brasília – Saldo de postos de trabalho fica negativo em outubro e tem o pior resulgado desde 1998. O Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho (MTE), apontou uma retração de 30.283 postos de trabalho, o que representa queda 0,07% nas vagas com carteira assinada, em relação ao mês anterior. O tombo fica ainda mais evidente quando comparado a outubro de 2013, período em que foram criados 94.893 empregos. A surpresa negativa causou reboliço. Para os analistas do mercado financeiro, começa a ruir o último pilar que o governo exibia como trunfo, para tentar justificar que a economia ainda está aquecida.

Diante dos números e em meio a denúncias e investigações na Petrobras, o mercado imediatamente revisou as estimativas do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas no país) e sinalizou um tombo significativo no crescimento, em 2014. De acordo com o economista Pedro Paulo Silveira, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), o grau de aversão ao risco Brasil tende a aumentar, alimentando um ciclo vicioso que confirma a tese de que o PIB deste ano ou fechará com crescimento zero ou sofrerá uma escorregadela de 0,5%.

André Perfeito, economista chefe da Corretora Gradual, também rebaixou a projeção. “Os dados do Caged de outubro foram muito piores que o inicialmente estimado e sugerem que o mercado de trabalho está sentindo mais fortemente a desaceleração econômica. Fomos forçados a revisar o PIB de 2014 de 0,3% para zero e o de 2015 de 1,3% para 0,8%, uma vez que o último polo dinâmico, o consumo das famílias, pode estar finalmente se ajustando às condições monetárias mais restritivas.”

A baixa nas contratações no mês ocorreu em cinco dos oito setores pesquisados. O impacto mais forte, entretanto, foi na construção civil (com perda de 33.556 postos de trabalho), agricultura (-9.624) e indústria de transformação (-11.849). Apenas comércio (32.771), serviços (2.433) e setor público (184) abriram novas vagas. Zeina Latif, economista-chefe da Corretora XP Investimentos, avaliou que o processo de demissões está apenas começando. “O enfraquecimento do emprego, que vinha sendo acobertado pelo aumento da formalização, ficou explícito”, disse.

Na prática
O atendente de lanchonete Ítalo Edivar da Silva, 21 anos, é uma das vítimas da atual crise econômica. Demitido desde outubro, distribuiu currículos em bares, restaurantes e outros comércios de alimentação. Não teve retorno até o momento. Ontem, foi a uma agência do trabalhador à procura de uma vaga, sem pretensões de área ou salário. “O que aparecer, estará bom. Não dá para exigir muita coisa”, avaliou.

O enfraquecimento da construção civil, porta de entrada para mão de obra menos qualificada, também é preocupante. O pedreiro Gilberto Pinheiro da Silva, 42, que trabalhava até a última semana com carteira assinada, teme os reflexos do desaquecimento. “Dispensaram vários operários. Não conheço um que não tenha perdido o emprego”, disse. Apesar de nunca ter ficado mais de quatro meses sem trabalho, ele está com medo: “Não posso ficar sem salário, tenho aluguel e outras contas para pagar”, afirmou.

O ministro do Trabalho, Manoel Dias, tentou amenizar o impacto do resultado no mês que costuma inaugurar o período de contratações. Segundo Dias, a redução do número de vagas foi inesperada e se deveu a fatores climáticos, aliados às incertezas em torno da eleição. Sem conseguir disfarçar a frustração, ele admitiu que este ano a geração de emprego ficará abaixo das expectativas do governo.


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