A multinacional alemã Siemens firmou os primeiros contratos de exportação a partir de seu Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Belo Horizonte de sistemas de informação capazes de detectar perdas de energia não associadas a problemas técnicos. O serviço atende clientes da Colômbia e do México e vai passar a ser fornecido no Leste Europeu. A venda no exterior de softwares e de tecnologia para aumento da eficiência energética transforma o complexo de Minas Gerais, entre os oito mantidos pela empresa no Brasil, em referência mundial no setor elétrico.
Com o grande potencial desse mercado das chamadas soluções Smart Grids, redes inteligentes de dados para os sistemas de energia, a Siemens já definiu um programa de ampliação do centro de pesquisa de BH, informou Sérgio Jacobsen, gerente geral de serviços para Smart Grids da Siemens no Brasil. “Nosso plano é criar na capital mineira um polo de tecnologia da informação para a área de energia. Vamos fazer novas contratações no primeiro semestre de 2015”, afirmou o executivo.
As instalações de P&D de BH empregam 15 pesquisadores, parte deles recrutada em universidades. O centro tem origem na startup mineira Senergy, adquirida pela Siemens em 2012. Uma das principais tecnologias desenvolvidas é a de sistemas de gerenciamento de medição de dados para toda a cadeia de transmissão. De acordo com Jacobsen, o grupo avançou perante os concorrentes da companhia no desenvolvimento de sistema de gerenciamento dos dados de medição capaz de organizar, processar e facilitar a visualização das informações.
SISTEMA Perdas comerciais de energia no Brasil, provenientes de fraudes, problemas de medição e faturamento, somaram cerca de R$ 6 bilhões em prejuízos acumulados em 2013 pelas concessionárias, segundo levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Mais afetado, o Norte do país enfrenta fuga de 22%, em média, da energia injetada no sistema interligado nacional.
As tecnologias desenvolvidas em BH foram implantadas no ano passado nas seis distribuidoras do grupo Eletrobrás em Alagoas, Piauí, Roraima, Rondônia, Acre e no Amazonas. Jacobsen explica que o monitoramento nessas áreas está sendo feito por meio de Centros de Medição, que têm como objetivo controlar as operações para redução de perdas não técnicas da concessionária. Em Minas, foram atendidos 15 mil pontos do sistema da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Os planos de ampliação do centro de P&D mineiro não foram detalhados pela Siemens, que também tem por política não revelar o orçamento de investimentos em separado. A companhia investiu, no ano passado, 4,3 bilhões de euros em pesquisa e desenvolvimento no mundo, mantendo 161 centros de P&D em 30 países e mais de 29 mil pesquisadores. O aporte financeiro representa 5,7% da receita da empresa. No Brasil, além das instalações voltadas para detecção de perdas de energia, opera sete complexos de pesquisa, desenvolvimento e engenharia não rotineira. Detém, no mundo, cerca de 60 mil patentes ativas.
