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Estado de Minas

Baixa demanda e falta de segurança tornam serviços 24h raridade

Poucos clientes, falta de segurança e alto custo de funcionários fazem empresas desistirem de atender durante a madrugada


postado em 31/08/2014 00:12 / atualizado em 31/08/2014 07:41

Empresário Marcelo Tavares diz que não valeu a pena adotar horário estendido na academia (foto: Beto Magalhães/EMDAPress)
Empresário Marcelo Tavares diz que não valeu a pena adotar horário estendido na academia (foto: Beto Magalhães/EMDAPress)

O comentário se repete: Belo Horizonte é uma roça, quase nada funciona de madrugada. A segunda parte, de fato, é verdadeira. Há uma justificativa: sem público, nenhum estabelecimento consegue manter por muito tempo as atividades 24 horas. Baixa demanda aliada à falta de segurança forçam os raros estabelecimentos que tentam funcionar sem fechar a rever o planejamento, reduzindo ainda mais as opções que levam à frase inicial.


De olho na forte demanda das academias de Rio de Janeiro e São Paulo, a Alta Energia tentou repetir o formato 24 horas em Belo Horizonte. A empresa adotou o sistema full time na unidade da Savassi para verificar a viabilidade. Segundo o diretor acadêmico, Marcelo Tavares, a escolha foi feita por ser uma região com grande frequência na madrugada. Oito meses depois, devido ao alto custo operacional e à baixa demanda, a academia considerou inviável o serviço. “O resultado foi pouco efetivo”, explica Tavares. Ele diz que de 10 a 12 clientes iam de meia-noite às 6h, sendo que se criava uma janela ociosa entre as 2h e as 5h. No período, era comum não ter alunos. Em contrapartida, o custo não era baixo, com o acréscimo de energia elétrica e adicional noturno dos funcionários. “Gerou uma rotina gerencial que nós não estávamos acostumados”, diz.

Em abril, as três unidades do hipermercado Extra (Belvedere, Santa Efigênia e Cidade Nova) da capital mineira, que por anos funcionaram 24 horas, passaram a funcionar só até meia-noite. “A decisão está baseada nos estudos de comportamento dos consumidores que apontaram baixa adesão às compras no período da madrugada”, diz nota da rede. A empresa readequou os horários de acordo “com o perfil do cliente de cada região”.

Sem o sucesso de alguns serviços, Amanda Lemos decidiu diversificar o serviço de entregas da empresa Faz Favor. De dia, ela e os motoboys entregavam documentos para outras firmas, enquanto à noite o serviço era voltado para o delivery de bebidas. A proposta era reabastecer festas e encontros de amigos caso esgotassem a cerveja e os destilados antes do fôlego da turma. O projeto durou quase um ano, mas ela teve que encerrá-lo. Os motivos foram os mesmos. Segundo Amanda, dois entregadores ficavam de plantão, mas a empresa recebia só de cinco a seis pedidos por noite, o que tornava inviável o serviço. O ideal seria pelo menos 20, segundo ela, que tinha baixo retorno com a venda de bebidas. “O serviço era bom, mas eram poucos os pedidos”, diz.

Outro problema era a falta de segurança. “Recebíamos pedidos de lugares muito longe e alguns perigosos”, diz Amanda. A insegurança da madrugada também é outro fator que foi considerado na extinção do serviço 24 horas da Alta Energia. Um dos professores reclamava do risco.

Além de bares e restaurantes, a curta lista de estabelecimentos que mantêm serviços 24 horas inclui dentistas, chaveiros, clínicas veterinárias, oficinas mecânicas e bombeiros. Cada uma destas atividades varia de um a três locais, no máximo. Na maioria dos casos, são serviços inadiáveis, como o problema em um dente, a perda de uma chave ou algum problema repentino com um animal de estimação.

SUCESSO A saída para alguns bares e restaurantes é escalonar o horário de funcionamento de acordo com o dia da semana. No Santa Efigênia, o Chopp da Fábrica é parada para muitos baladeiros que decidem estender a noitada até quase de manhã. Mas, segundo o gerente administrativo, Marco Ferreira, não é todo dia que o público anima ir para casa com o sol perto de nascer. Segunda-feira, por exemplo, o estabelecimento funciona só até as 2h, enquanto de quinta a sábado o fechamento é às 6h. “O público é carente de locais que vão até mais tarde. Antes de ir pra casa, a pessoa quer esticar para comer algo”, conta. Prova do sucesso é que a casa costuma ter entre 60% e 70% da capacidade nas madrugadas de quinta a sábado. Alguns dias, chega a ter fila de espera.

O gerente explica que depois de certo horário os clientes que chegam para o happy hour são substituídos pelos mais animados, que vão até o fechamento. Muitos saíram de outros bares que encerram as atividades mais cedo.

 


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