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Estado de Minas

Governo sinaliza que a gasolina sobe até o fim do ano

Petrobras considera reajuste fundamental para melhorar resultado da empresa. Decisão está limitada à eleição e IPCA


postado em 12/08/2014 06:00 / atualizado em 12/08/2014 07:50

Governo já havia sinalizado que preço do combustível não ficará congelado até dezembro (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Governo já havia sinalizado que preço do combustível não ficará congelado até dezembro (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

Brasília
– O governo ainda não está convencido de que deve autorizar um aumento dos combustíveis antes das eleições. Contudo, só o fato de a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, terem sinalizado de que não manterão o preço da gasolina congelado até o fim do ano, já serviu para conter a crítica da oposição contra o aperto sobre o caixa da Petrobras. O desempenho da petroleira, cuja imagem está bastante arranhada, foi colocado no centro das discussões políticas.

O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, ressaltou que não há data específica para a companhia reajustar os preços da gasolina e do diesel. No entanto, afirmou que trabalha com a expectativa de um alinhamento dos valores cobrados no país com os do exterior. A defasagem de preços é um dos fatores mais prejudiciais aos resultados da companhia, sobretudo para a área de abastecimento, que vem registrando seguidos prejuízos. “Temos trabalhado ao longo dos trimestres, mostramos a evolução (da defasagem dos preços dos combustíveis) ao Conselho de Administração e continuamos a meta de alinhar os preços domésticos aos internacionais”, disse Barbassa.

No comunicado que acompanha o resultado, a presidente da companhia, Graça Foster, disse que a empresa precisa de aumento de preços dos combustíveis para ter melhor resultado. “Em paralelo aos aumentos de produção e redução de custos, buscamos a convergência dos preços de derivados no Brasil com os preços internacionais”, ressaltou a executiva, apontando que isso melhoraria os indicadores financeiros e nível de endividamento impostas a diretoria. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, indicou que vai haver aumento do preço após as eleições.

Para aliviar as finanças da estatal, os especialistas apontam que a alta da gasolina deveria ser de 4% a 5%. Mas a dificuldade para o governo liberar o reajuste está no controle da inflação, pois cada ponto percentual de aumento no combustível representa um impacto de 0,04 ponto percentual no Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA). “Se o reajuste for de 5%, por exemplo, o reflexo será de 0,20 ponto percentual”, explicou o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz.

Como o IPCA de julho deu uma trégua e ficou estável em 0,01%, é possível que exista um espaço para permitir a recomposição dos preços nas distribuidoras de combustíveis. Ontem, ao comentar o desempenho da empresa divulgado na semana passada, a presidente da Petrobras, Graça Foster, reafirmou que busca a convergência de preços para o alcance das metas de endividamento.

Prejuízo

A estatal amargou no segundo trimestre do ano um prejuízo 55% maior na área de abastecimento, de R$ 3,9 bilhões, justamente devido à política do controle de preços, que mantém a defasagem nos valores de venda da Petrobras diante do que ela paga no mercado externo.

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, o represamento dos ganhos da Petrobras já esteve acima de 16%. “Como o Banco Central (BC) vendeu dólar para segurar o câmbio, esse índice caiu para 9% porque o cálculo envolve o preço do petróleo no mercado internacional e a variação cambial ajuda ou atrapalha as contas”, destacou. Ainda assim, mesmo que o governo conceda até 5% de aumento, os preços continuarão um pouco defasados.

“Seria muito bom se o governo permitisse o reajuste. Mas acho difícil que faça isso antes das eleições porque a conta de luz está subindo muito e também pesa bastante na inflação. E, diferentemente dos combustíveis, a eletricidade não tem outra solução a não ser o repasse para a tarifa”, analisou. Para o especialista, o caixa da Petrobras só sentiria uma melhora com alta de até 6% na gasolina. “A medida ajudaria ainda a dar competitividade ao etanol”, completou.

O mercado, no entanto, quer mais do que só uma possibilidade de aumento da gasolina porque o IPCA abriu uma chance. “Os agentes estão muito desconfiados porque a política de reajustes precisa de previsibilidade. Não adianta apenas indicativos de só agir se a inflação permitir. Isso é política econômica e não política energética. O ideal seria uma fórmula ou regras claras de reajustes”, destacou Pires.

Tarifaço na gaveta

A inflação é tema corrente do debate eleitoral, sobretudo quando o indicador oficial (IPCA) se aproxima do teto da meta do governo, de 6,5%. Por isso é difícil crer em uma recomposição dos preços administrados, que vão da gasolina à conta de luz, passando por remédios e tarifas de ônibus urbanos. O tarifaço poderia sepultar a reeleição da presidente. Mesmo assim, o mercado elevou de 5% para 5,1% a previsão da inflação dos preços monitorados este ano e de 6,90% para 7%, em 2015.

A carestia dos administrados ficou em 4,63% no acumulado de 12 meses até julho. A alta foi de 2,79% em 2014, sendo 0,39% só no mês passado. Para Paulo Piccetti, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), a inflação dos preços controlados no Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), em 12 meses até julho, é de 12,01%. No mesmo período fechado em julho de 2013, foi de 4,73%. “No ano passado, não havia tido aumento de gasolina, as tarifas de eletricidade não tinham disparado como este ano e as mobilizações que pararam o país impediram reajuste nas passagens de ônibus”, explicou.


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