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Estado de Minas

Bonsucesso e Santander se unem no crédito consignado

Joint venture anunciada ontem pelos bancos terá investimento de R$ 600 milhões e sede em Belo Horizonte. Mineiros, que oferecem produto inovador nesse ramo, terão 40% do negócio


postado em 01/08/2014 06:00 / atualizado em 01/08/2014 07:35

O presidente do mineiro Banco Bonsucesso, Paulo Henrique Pentagna Guimarães (E), e o presidente do Santander, Jésus Zabalza, anunciaram ontem a criação da joint venture(foto: Sergio Zacchi/Divulgação)
O presidente do mineiro Banco Bonsucesso, Paulo Henrique Pentagna Guimarães (E), e o presidente do Santander, Jésus Zabalza, anunciaram ontem a criação da joint venture (foto: Sergio Zacchi/Divulgação)
O banco mineiro Bonsucesso e o gigante espanhol Santander anunciaram ontem parceria para a criação de uma joint venture voltada para o crédito consignado. O novo empreendimento terá sede em Belo Horizonte. Pelo acordo, o Bonsucesso irá ceder sua carteira de consignados, enquanto o Santander irá fazer um aporte de R$ 460 milhões. Com isso, a instituição mineira ficará com 40% e os espanhóis com 60% do negócio, retendo o controle. A joint venture iniciará suas atividades com um investimento de R$ 600 milhões e precisa da aprovação das autoridades reguladoras.


Segundo os presidentes dos dois bancos, Jesús Zabalza (Santander) e Paulo Henrique Pentagna Guimarães (Bonsucesso), o objetivo é que, a partir da capitalização de um e da expertise do outro em consignado, seja possível impulsionar a atividade. “Nosso objetivo é sempre crescer com qualidade. O crédito consignado tem um papel-chave nesse sentido, uma vez que é um produto de baixo risco e que ajuda a vincular a base de clientes”, afirma Zabalza.

A nova instituição incorporará toda a carteira de crédito do Banco Bonsucesso e os clientes que não são correntistas do Santander. Os demais associados continuarão com o financiamento direto com as agências bancárias. “O Santander Brasil continuará a originar operações de crédito consignado por meio de seus canais próprios, de maneira independente”, diz fato relevante encaminhado ao mercado financeiro.

No Brasil, o Santander tem carteira de R$ 12,3 bilhões relativa ao consignado, enquanto o Banco Bonsucesso tem mais de 1 milhão de clientes em carteira de R$ 1,4 bilhão que será incorporada pela joint venture, o que representa entre 80% e 85% do volume total de negócios contratados da instituição.

Um dos produtos da nova instituição é o cartão consignado. Ofertado pelo banco mineiro desde 2008, consiste na oferta de uma tarjeta comum, mas com a garantia à instituição financeira de descontar até 10% do salário do cliente. A diretora de Relações Institucionais do Bonsucesso, Juliana Pentagna Guimarães, explica que o crédito do cartão não compete com o do consignado tradicional, limitado a 30% do salário do cliente, o que permite às instituições explorar um filão. “É um ramo com muito menos competição que o consignado tradicional”, afirma.

Ao todo, o banco mineiro tem 200 mil clientes deste tipo, com carteira de R$ 500 milhões. Juliana explica que, em caso de inadimplência, a taxa de juros rotativo é de 4,5% ao mês, enquanto a média para o cartão de crédito é, pelo menos, duas vezes isso. Além disso, clientes com restrição cadastral podem usar o programa.

Segundo Juliana Pentagna Guimarães, embora haja, obviamente, a expectativa de geração de novas vagas de emprego, ainda é cedo para falar em números, já que a joint venture ainda se encontra em fase inicial de criação.

CRESCIMENTO A joint venture firmada entre o Banco Santander e o Banco Bonsucesso no crédito em consignado faz parte de um novo ciclo de crescimento, uma vez que o segmento tem papel-chave para uma expansão de qualidade de suas atividades, disse Jesús Zabalza, em nota. “Um ano atrás, dissemos que tomaríamos medidas para aprimorar nosso modelo comercial e aumentar nossa participação nesse mercado. Essa parceria completa o nosso reposicionamento nesse mercado e nos ajuda a iniciar um novo ciclo de crescimento”, diz Zabalza.

O Banco Santander, que divulgou ontem os resultados financeiros do segundo trimestre, diz que o Bonsucesso continuará atuando normalmente em suas demais frentes de negócios.

Zabalza também informou ontem que o banco deve dar início, em 2015, a uma nova plataforma comercial para empréstimos ao segmento de pequenas e médias empresas (PMEs). "Isso nos ajudará a impulsionar o resultado" referindo-se ao crédito às (PMEs). Estamos trabalhando muito nesse sentido para um ano (2015) que não vai ser fácil", afirmou.

No segundo trimestre, a carteira de crédito para PMEs caiu 1,9% frente ao primeiro trimestre e 12,1% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 31,264 bilhões. Zabalza disse ainda que essa plataforma terá por objetivo oferecer um leque mais amplo de serviços e que um passo nesse sentido já foi a aquisição da GetNet, empresa gaúcha de captura e processamento de transações eletrônicas do país. (Com agências)

Dinheiro para elétricas

São Paulo – O Bradesco está avaliando a participação na nova rodada de empréstimos para as empresas elétricas via Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), de acordo com o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. “Existe negociação dentro da normalidade. Isso está em avaliação, com interesse. É uma operação consorciada”, afirmou ele, em teleconferência com a imprensa. Pesará na avaliação do Bradesco em participar do novo empréstimo, segundo Trabuco, retorno compatível com o custo da operação e, principalmente, a estrutura de garantias. O executivo não disse, porém, qual deve ser o tamanho da participação do banco na operação, caso a instituição realmente esteja no pool de bancos.

O empréstimo que está sendo negociado agora é de R$ 6,5 bilhões. Parte será financiada pelos bancos públicos Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. No primeiro empréstimo para a CCEE, de R$ 11,2 bilhões, Bradesco teve fatia de R$ 2 bilhões assim como o Itaú Unibanco. BB e Caixa responderiam por R$ 2,5 bilhões, mas com a entrada do Credit Suisse o valor final dessas instituições ficou em R$ 2,450 bilhões cada. O Santander ficou com R$ 1 bilhão, Citibank com R$ 500 milhões, BTG Pactual com R$ 400 milhões, Bank of America Merrill Lynch com R$ 200 milhões e JPMorgan e Credit Suisse com R$ 100 milhões cada. O Bradesco foi o gestor do empréstimo.

Lucro dos bancos surpreende

Nem o baixo crescimento econômico e a ameaça de que o país mergulhe numa recessão reduziram os ganhos do setor financeiro. Ontem, abrindo a temporada de balanços, dois bancos divulgaram fortes resultados para o segundo trimestre do ano. O Bradesco, segunda maior instituição privada brasileira, alcançou líquido de R$ 3,778 bilhões, alta de 9,5% sobre o mesmo resultado de 2013. Foi o maior resultado do banco para esse período na história e o segundo maior entre todas as instituições financeiras, de acordo com cálculos da consultoria Economática. Ainda que mais magro, o resultado do Santander também surpreendeu. O banco espanhol apurou lucro líquido de
R$ 1,437 bilhão, uma alta de 1,9% sobre os ganhos registrados no mesmo período um ano atrás.

Ambos os resultados vieram acima do que projetava o mercado financeiro, o que fez as ações dos bancos fecharam em alta ontem na Bolsa de Valores de São Paulo.

Os ganhos refletem a estratégia adotada pela maioria dos bancos privados desde meados do ano passado. Em meio ao baixo crescimento econômico e ao colapso de confiança que atinge empresários e famílias, as instituições financeiras reduziram a exposição a riscos, concentrando sua atuação em operações com garantias, como o crédito imobiliário e o empréstimo consignado.

Foi justamente o que fez o Bradesco, que, nos últimos 12 meses, ampliou a oferta de crédito nessas linhas em 34,8% e 18,4%, respectivamente. O Santander seguiu o mesmo caminho, e impulsionou os ganhos do trimestre apostando tudo nos empréstimos para a compra da casa própria, cujo saldo avançou 33,8% no período. Já a atuação no segmento de empréstimo consignado, área em que o banco espanhol vinha mostrando dificuldades para competir no Brasil, deve ganhar destaque nos próximos meses, com a joint venture, anunciada ontem, com o banco mineiro Bonsucesso.

A ofensiva sobre o consignado e o crédito imobiliário, que ambos os bancos adotaram, sinaliza uma aversão ao risco também presente em outras áreas de atuação. O Bradesco, por exemplo, optou por ampliar a oferta de crédito a grandes empresas, que avançou 9,9%, e reduzir os negócios considerados de maior risco. É o caso, por exemplo, dos empréstimos a micro, pequenas e médias empresas, que desaceleraram de uma alta de 12%, em 2013, para uma expansão de apenas 3,7% nos últimos 12 meses, até junho deste ano.

A estratégia, apesar de garantir lucros maiores, resultou num menor avanço da oferta de crédito de ambas as instituições. Ao todo, a carteira expandida do Bradesco, que inclui todas as operações de empréstimos, avançou 8,1% nos últimos 12 meses. O resultado nem sequer atingiu o piso projetado para a expansão do crédito pelo banco para o ano, que varia entre 10% e 14%. Mesmo assim, para o presidente do banco, Luiz Carlos Trabuco, houve crescimento “adequado” em relação ao crescimento do PIB, que mostra desaceleração.

Ainda assim, o banco manteve a projeção de crescimento da carteira de crédito para o ano. “O crédito tende a crescer no segundo semestre, principalmente por conta de investimentos das pessoas jurídicas para formação de estoques. Até por isso a gente acha que (atingir a meta mínima, de) 10% ainda é possível (de ser alcançada)”, disse.

Em situação ainda mais difícil está o Santander, que notou avanço de 5% na carteira expandida em um ano. Mas, para Zabalza, o cenário não é tão preocupante, já que ele considera que os resultados são “consistentes” com a estratégia de “crescimento seletivo” da carteira de crédito. Ambos os bancos disseram que deverão manter o foco em crescimento de melhor qualidade, com menos exposição a risco, para os próximos meses.


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