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Estado de Minas

Redução de preços de produtos da Copa chega a 75% depois da derrota do Brasil

Um dia depois da derrota humilhante do Brasil para a Alemanha, lojas liquidam estoque de camisas da Seleção, roupas e objetos verde-amarelos, com redução de preços de até 75%


postado em 10/07/2014 06:00 / atualizado em 10/07/2014 08:19

Com 130 uniformes encalhados, o vendedor Márcio Henrique Pinto diz que redução nos preços foi de 60% de terça para ontem(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Com 130 uniformes encalhados, o vendedor Márcio Henrique Pinto diz que redução nos preços foi de 60% de terça para ontem (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Um dia depois de a Seleção Brasileira sofrer sua maior goleada na história das Copas do Mundo, lojistas de Belo Horizonte reduziram em até 75% os preços da camisa canarinha e de badulaques nas cores verde e amarelo, como cornetas e perucas. A missão é não deixar mercadorias encalhadas. Por isso, nem mesmo a bandeira nacional, um dos símbolos da República, escapou do queimão de estoque. A derrota por 7 a 1 para a Alemanha não impediu apenas os comandados de Luiz Felipe Scolari de disputar a final: o placar interrompeu o galopante lucro registrado por empreendimentos que vendem artigos relacionados à Seleção. Houve loja, por exemplo, que havia vendido quase 8 mil blusas.

A queda nos preços ocorreu tanto em empreendimentos destinados ao público de alta renda quanto aos voltados para a classe média e a menos abastada. Na Savassi, uma das áreas com maior poder aquisitivo da cidade, há lojas oferecendo descontos em blusas, moletons e bonés. Uma delas foi montada há 90 dias e só negocia produtos relacionados à Copa. Ontem, a placa na fachada que informa o nome do empreendimento, Loja do Hexa, na Avenida Cristóvão Colombo, foi parcialmente tampada por uma faixa escura. Por sua vez, nas vitrines, o percentual do desconto foi uma aposta para atrair a clientela.

Por volta das 15h, contudo, havia poucos consumidores no local: eram estrangeiros com desejo de garantir uma lembrança do Brasil. As blusas de malha com estampas da bandeira nacional ou que exaltavam o hexa eram comercializadas a R$ 5. O preço anterior à derrota para a Alemanha era R$ 20 – redução de 75%. O mesmo percentual é concedido na Status Café e Livraria, que funciona num dos quarteirões fechados da Rua Pernambuco. O estabelecimento reviu os preços de perucas, blusas, cornetas, buzinas e bonés.

O gerente da Status, Gustavo Batista, informou que, na semana passada, a empresa já garantia um desconto de 50%, mas, diante da goleada da Seleção no Mineirão, o percentual do desconto foi ampliado. “Tínhamos planejado as liquidações, porém, imaginávamos que o Brasil fosse chegar à final. Agora temos que acabar com o estoque. Muita coisa aqui os brasileiros só usam durante a Copa”, justificou Gustavo. Ele lamentou, no entanto, que nem mesmo os preços menores despertaram a atenção dos brasileiros.

A missão de acabar com os estoques também é grande na UST, especializada em moda e cujo espaço foi aproveitado também para a venda de bebidas nos dias de jogos. Lá, onde freezers dividem a área com as araras de roupas, o desconto em produtos que fazem alusão ao Brasil chega a 50%. “Tenho de zerar meu estoque, já que os brasileiros só costumam usar as cores da bandeira em época de Copa do Mundo. Se eu não conseguir me desfazer das peças até sábado, não as venderei mais”, acredita a empresária Aila Portugal.

Loja feita para a Copa esconde o nome e tenta atrair os torcedores com ofertas custando apenas 25% do valor anterior (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Loja feita para a Copa esconde o nome e tenta atrair os torcedores com ofertas custando apenas 25% do valor anterior (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

Centro


Na região dos shoppings populares, a Stilo Bonés, na Avenida Oiapoque, reduziu o valor das camisas da Seleção em 60%. “As peças para adulto, que antes custavam R$ 25, agora saem a R$ 10”, informou Márcio Henrique Pinto, vendedor do estabelecimento. Este ano, o empreendimento vendeu mais de 7,8 mil camisas. “Encomendamos oito mil unidades e sobraram 130”, acrescentou.

A cinco quarteirões de lá, na Avenida Afonso Pena, outro vendedor, Marcelo Rodrigues, já decorou os novos preços das mercadorias. “Essa corneta, que antes era vendida a R$ 19,50, passou a custar R$ 15 (queda de 23%). O preço desse modelo de chapéu caiu de R$ 15 para R$ 8,50 (recuo de 43,7%). O da bandeira recuou de R$ 9,90 para R$ 5 (diminuição de 49,5%)”, comparou Marcelo.

A queda nos preços também chegou a bairros fora do perímetro interno da Avenida do Contorno. No Bairro Caiçara, na Região Nordeste, David Walison da Silva, dono de um quiosque no Shopping Del Rey, não teve outra escolha. Com mais de 100 camisas do Brasil de diversos modelos no estoque, o empresário decidiu reduzir os preços. “Vou conceder descontos de 50% a 70%. Não posso perder tanto dinheiro”, disse David, lembrando que cada gol adversário significa uma preocupação a mais com o seu negócio. Até o início da tarde de ontem, continua o rapaz, nenhum brasileiro havia procurado pelo produto.

“Apenas dois estrangeiros perguntaram o preço. Mas não levaram”, lamentou. As camisas, antes vendidas por R$ 99, ganharam novo preço: R$ 39. Ainda se recuperando do susto dos 7 a 1 para a Alemanha, a vendedora Leonice de Andrade Sabino organizava os produtos verde-amarelos no estande onde trabalha, no mesmo shopping. “A procura durante os jogos foi muito grande, mas hoje ninguém nem perguntou... Também, com um placar desses, quem vai querer comprar camisa do Brasil? O dono da loja já disse que vai liquidar tudo”, adiantou.

No comércio eletrônico, os produtos relacionados à Copa do Mundo e à Seleção também estão em promoção. A blusa oficial da seleção canarinho pode ser encontrada a R$ 149, um desconto de 35% se comparado ao preço do início da competição: R$ 229. Um kit torcedor com 12 produtos, como bandeira do Brasil, buzina, broche, chaveiros, corneta e outros, sai a R$ 28,78 – redução de 58% no confronto com o anterior: R$ 67,03.

Para as Olimpíadas

Nem todos os comerciantes foram obrigados a reduzir os preços das mercadorias. Quem tem capital de giro ou margem para renovar o estoque decidiu guardar as camisas da Seleção Brasileira e revendê-las nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, e, se for o caso, na Copa do Mundo de 2018, que será disputada na Rússia.

É o caso de Débora Vieira, cuja família é dona da Banca Real, na Avenida Afonso Pena, onde as peças custam de R$ 30 a R$ 80, dependendo do tamanho e da marca do fabricante. “Vale mais a pena guardar o material do que reduzir o preço. Algumas peças, porém, vou deixar à mostra, pois ainda há turistas na cidade e eles gostam de levar camisas como lembranças de nosso país. Já o brasileiro não deve comprar mais em razão do vexame no Mineirão.”

A comerciante Laís Cristine de Souza, gerente da unidade Evidência Calçados da Rua Caetés, também não vai colocar em promoção as camisas que não foram vendidas antes da goleada aplicada pela Alemanha no Brasil. Ela explica qual foi a estratégia usada pela empresa: “Compramos em consignação. Portanto, vamos devolver as que não forem vendidas (até a data acordada com a fornecedora)”. (PHL)

Jogo ruim para os bares

A derrota da Seleção Brasileira causou impacto também nos bares da Região da Savassi, que já havia recebido mais de 20 mil pessoas nos últimos jogos do Brasil. Na terça feira, antes mesmo do fim do primeiro tempo, quando o Brasil perdia por 5 x 0, muitos torcedores começaram a ir embora. Nos quarteirões fechados, onde torcedores costumavam ficar comemorando, donos de bares contam que viram um movimento 30% menor do que o registrado em outros dias de jogos do Brasil. A cerveja que não foi vendida, os comerciantes pretendem comercializar até domingo, na final da competição.

A gerente da Baiana do Acarajé, Nem Melo, conta que a goleada sofrida pelo Brasil resultou num horário de expediente menor, assim como um movimento e faturamento menores. “A casa ficou cheia, mas quando acabou o primeiro tempo muita gente pediu a conta e foi embora, não acreditando no que estavam vendo. Ainda temos muito latão de cerveja em estoque, mas a ideia é vender tudo até domingo com a disputa do terceiro lugar e a final”, afirma Nem.

Na loja de roupa que se transformou em bar durante os jogos, ontem, havia pelo menos um freezer lotado de cerveja. A ideia, segundo a proprietária, Aila Portugal, é vender o estoque de cerca de 2 mil latões no sábado e domingo. “Se não vender tudo, o que restar eu vou fazer churrasco para afogar as mágoas de nossa seleção”, afirma Aila. (FM)


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