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Estado de Minas

Calote derruba o saldo da poupança

Com juro em alta, inflação e inadimplência, captação da caderneta tem queda de 66% no primeiro semestre


postado em 08/07/2014 06:00 / atualizado em 08/07/2014 07:15

Brasília – O brasileiro não está conseguindo guardar dinheiro. Os juros cada vez mais altos e a inflação que não dá trégua têm deixado pouco espaço para o cidadão comum poupar, dado o elevado nível de endividamento das famílias, de 62,5%. Não à toa, os números comprovam isso. O nível dos depósitos na poupança registrou um tombo de 66% no primeiro semestre de 2014, para R$ 9,61 bilhões, o menor volume para o período desde 2011, de acordo com dados divulgados ontem pelo Banco Central. Além disso, os fundos de investimento tiveram o pior semestre desde 2002, com uma captação de apenas R$ 1,9 bilhão, conforme levantamento feito pela Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Na avaliação do economista Edmilson Lyra, presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira (Abef), essa falta de capacidade do brasileiro de poupar reflete o atual quadro da economia, com inflação acima de 6% e taxa de juros básica (Selic) a 11% ao ano, uma das maiores do mundo. “A queda na captação da poupança e dos fundos era esperada por conta do aumento da taxa de juros e da concorrência com outros ativos”, destacou Lyra. Ele faz um alerta para o pequeno investidor fugir da caderneta. “Quem está deixando o dinheiro na poupança atualmente está perdendo dinheiro, por conta da inflação”, completou.

O professor de finanças da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP) Fabio Gallo também considera que o endividamento das famílias e a corrosão do poder de compra pela inflação faz com que o brasileiro deixe de poupar. “Essa é uma situação que vem desde 2011. As pessoas que compraram o carro em 72 meses ainda estão pagando as prestações. Essa captação menor da poupança  é uma situação já prevista e esperada pelo mercado. A inadimplência também está dentro da curva”, explicou.

Esse é o caso da servidora pública Suely Coelho da Paz, de 48 anos. Ela não consegue poupar, apesar de tentar. “O preço de tudo está muito alto. Supermercado, medicamentos e plano de saúde pesam demais no bolso. Com essa inflação, sobrar dinheiro no fim do mês é quase um milagre”, desabafou. A funcionária pública reconhece que, em situações emergenciais, ter uma reserva de dinheiro é crucial. “Já precisei de ajuda em alguns casos, para cobrir gastos, mas empréstimo só em último caso, porque as taxas são altíssimas”, contou ela.

Outras aplicações
O economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, diz que a queda nos depósitos da poupança também é resultado de uma migração de aplicação, pois a caderneta só é recomendável quando a Selic ficar acima de 8,5% ao ano por mais de 12 meses. “Essa queda nos depósitos reflete esse quadro. Está mais vantajoso aplicar em ativos atrelados à Selic, como as Letras de Câmbio Imobiliário (LCI), que acabam pagando mais que a poupança”, destacou ele, lembrando que a LCI é uma modalidade de investimento que tem a vantagem de não pagar Imposto de Renda, como a caderneta. Para Gallo, da FGV, dizer “que houve migração para outros investimentos é querer minimizar a situação econômica das pessoas”, que não está boa. Ele destacou que a captação em Tesouro Direto, em LCI ou em Letras do Crédito do Agronegócios (LCA) não cresceu na mesma proporção dos tombos da poupança e dos fundos de Investimentos.


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