Zulmira Furbino
e Marinella Castro
Às vésperas da última partida da Copa do Mundo em Belo Horizonte, o Estado de Minas foi a campo e apurou que os ganhos econômicos com o Mundial terminaram empatados na capital mineira. No balanço geral, bares, restaurantes e lanchonetes localizados na Savassi e na Pampulha registraram aumento de até 200% de vendas. Por outro lado, perderam as concessionárias de veículos, onde o fluxo de clientes durante o mês de junho chegou a cair 30%. Já nos hotéis, principalmente os construídos para o evento, a partida também terminou próxima do zero a zero. “O crescimento foi registrado nos dias de jogos, quando ficamos 100% ocupados. É como comer muito em um dia, para ficar com fome no outro”, comparou César Viana, gerente do Hotel Financial, de propriedade dos herdeiros do bilionário Antônio Luciano.
Nos cálculos da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel Minas), entre o início e o fim do torneio internacional, Belo Horizonte está recebendo R$ 70 milhões em dinheiro novo, proveniente de turistas estrangeiros, brasileiros de outros estados e também mineiros do interior. Essa cifra, porém, não representa uma faturamento extra no setor, já que foi compensada pelas perdas apuradas com a queda na demanda corporativa nos dias de jogos. Segundo Lucas Pêgo, diretor-executivo da entidade, a elevada expectativa do setor com o Mundial só virou realidade em poucas regiões da cidade, seja porque o tíquete médio dos turistas foi baixo, seja porque não houve movimento.
“Alguns bares da Savassi, uma região muito visada pelos turistas, falaram em elevação de até 200% nas vendas, mas essa realidade não foi pulverizada. Em bares localizados em bairros como Santo Antônio e Santa Tereza, e até na Avenida Fleming, na Pampulha, tradicional ponto de restaurantes, houve uma substituição no faturamento. Saíram os almoços e encontros gerados pelas empresas e entraram os turistas. A antecipação das férias também afetou essas casas”, explicou. De acordo com ele, os que ficaram no prejuízo, porém, são minoria.
Nas lojas
No comércio de Belo Horizonte, que tem vendas diárias de R$ 76 milhões segundo a Cãmara de Dirigentes Lojistas (CDL), a expectativa é vender de R$ 2,16 bilhões em junho, uma elevação de cerca de 1% em comparação com igual período do ano passado, quando as vendas haviam registrado avanço de apenas 0,25% na comparação com o ano anterior. A economista da entidade, Iracy Pimenta, explica que as razões do fraco desempenho, que já vem do ano passado, são o aumento da inflação e a perda do poder de compra dos brasileiros. “Além disso, no mês da Copa, estabelecimentos como os de vestuário e os que não atendem aos turistas reduziram as vendas”, justifica.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), em Minas Gerais, enquanto o segmento de eletroeletrônicos, embalado pelas vendas de televisores, teve crescimento em valores de aproximadamente R$ 80 milhões, o efeito Copa no varejo do estado deve alcançar queda aproximada de R$ 95 milhões, segundo estimativas. “O resultado da Copa sobre o varejo é negativo. As vendas devem sofrer retração entre 0,5% e 1%”, calcula Fábio Bentes, economista da CNC. Segundo ele, entre os 10 setores que formam varejo restrito, o que exclui automóveis e material de construção, somente os eletroeletrônicos registraram alta nas vendas.