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Estado de Minas

Plano de saúde individual vai ter aumento de 9,65%

Reajuste autorizado ontem pela ANS é o maior desde 2005, supera a inflação e vai pesar no bolso de 8,8 milhões de clientes. Em Minas, são 854,5 mil usuários atingidos pela alta


postado em 04/07/2014 06:00 / atualizado em 04/07/2014 07:31

Este ano, as despesas de saúde vão pesar mais no bolso do consumidor brasileiro. Os convênios médicos individuais e familiares terão reajustes de 9,65%, válido para o período de maio de 2014 a abril de 2015. O índice divulgado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é o mais alto dos últimos nove anos e está mais de dois pontos percentuais acima da inflação medida pelo IBGE. Nos últimos 12 meses terminados em abril o IPCA teve alta de 6,28%. A correção dos planos de saúde vai atingir 8,8 milhões de usuários em todo o país, o que representa 17,4% dos contratos. Em Minas, são 854,5 mil beneficiários. Operadoras de saúde dizem que os reajustes dos planos têm ficado abaixo do esperado e são ameaça para a sustentabilidade do setor.

O reajuste autorizado pela agência é baseado em uma média ponderada das correções dos planos coletivos com mais de 30 vidas. Este ano, o índice não pode superar 9,65%, podendo no entanto ficar abaixo desse percentual. Operadoras que figuram entre as maiores do país, como Amil, Unimed-BH e Bradesco Saúde, adiantaram que vão aplicar a correção autorizada pela agência reguladora na íntegra a partir do mês de aniversário do contrato.

A coordenadora institucional da Proteste Associação de Consumidores, Maria Inês Dolci, considera que o reajuste dos planos veio alto e as famílias vão precisar se reorganizar para se ajustar às despesas dentro dos novos valores. “Os consumidores não têm reajustes salariais nesses patamares e, por outro lado, os médicos, hospitais e laboratórios também não recebem os valores atualizados”, apontou Dolci. A Proteste também alerta que os consumidores com data-base de reajuste do plano em maio, por três meses terão que arcar com a diferença retroativa, já que a ANS anunciou o índice de correção esperado para abril, somente em julho, com três meses de atraso.

A dentista Andréia Salvador já recebeu o reajuste de seu boleto. Seu plano, ligado ao conselho da classe, teve alta de 12,5%. “Achei bem caro, já que esse percentual é quase que o dobro da inflação.” A dentista também paga um plano individual coparticipativo para sua funcionária no valor de R$ 114. “O reajuste é alto e não é o único. Somou-se a vários outros serviços que também subiram acima da inflação, pesando muito nas despesas”, considerou.

Desvantagens

Os planos de saúde se tornaram parte dos benefícios oferecidos pelas empresas, mas enquanto o modelo corporativo e os planos ligados a associações cresceram, o segmento individual encolheu e já foi abandonado por parte do mercado que administra a carteira restante, mas encerrou o negócio para novas vendas. Para se ter ideia, há 10 anos os convênios individuais representavam 24% do mercado, contra 17,4% hoje. Andréia Salvador diz que o convênio individual pago para sua funcionária foi a alternativa encontrada para oferecer a ela um benefício e ao mesmo tempo evitar ausências do trabalho no dia das consultas médicas. “O plano tem como uma de suas vantagens o atendimento médico com hora marcada.”

O reajuste vai pesar mais para aqueles beneficiários que estão mudando de faixa etária, o que pode somar duas correções de uma só vez. O reajuste por faixa etária aplica-se na idade inicial de cada faixa e pode ocorrer tanto pela mudança de idade do titular como dos dependentes do plano. Segundo a ANS, a inclusão de novos procedimentos de saúde no rol obrigatório de coberturas está sendo avaliada e os impactos serão medidos após um ano de vigência da inclusão, que começou a valer em janeiro de 2014.

Setor reclama de custos altos

Apesar do reajuste acima da inflação, operadoras destacaram a pressão dos custos no sistema de saúde e a redução da margem líquida dos convênios. A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) reforçou em nota que os valores propostos pela ANS para o reajuste dos planos de saúde estão abaixo da inflação médica, que representa o impacto de custos agregados de consultas, procedimentos, internações e exames. Segundo a nota da Abramge, nos últimos anos, os números da saúde suplementar evidenciam margens operacionais negativas recorrentes. “Os índices de reajustes estipulados pela agência reguladora têm ficado aquém do necessário para a sustentabilidade do setor.”

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) que reúne grandes operadoras, do mercado, disse que o impacto da correção das mensalidades é distinto e depende do perfil da carteira de cada operadora. Segundo a federação, a despesa assistencial per capita na saúde suplementar, entre 2004 e 2013, cresceu 133,7%, enquanto a variação acumulada do IPCA foi de 61,1%. A entidade reforçou ainda que em 2013, a sinistralidade chegou a 83,7% do que as operadoras arrecadaram com as mensalidades pagas pelos beneficiários e, conforme a ANS, a margem líquida das operadoras foi a menor dos últimos cinco anos, de 2,2%.


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