Brasília – Na véspera do leilão emergencial de energia, marcado para esta manhã, para aliviar o caixa das distribuidoras, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) admitiu que poderá propor ao governo "medidas adicionais" para garantir o abastecimento, caso as chuvas de maio a novembro não sejam satisfatórias. O período úmido termina hoje com o nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste em 38,6%, tão baixos quanto os de 2001, ano do racionamento.
Esse contexto amplia as pressões sobre o leilão de hoje, cujo sucesso é crucial para conter novos repasses do Tesouro ao setor. Mas nem o próprio governo acredita que conseguirá contratar mais do que a metade dos 3,2 mil megawatts (MW) médios necessários para cobrir a exposição das distribuidoras ao mercado à vista. O secretário executivo de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, disse ontem que espera que só perto de 50% do alvo serão garantidos para as concessionárias.
Para o mercado, no entanto, o leilão deverá contratar só 30% da energia. Com isso, não está descartada novas transferências de recursos federais ao setor, agravando o quadro fiscal da União. "No curto prazo, o megawatt/hora (MWh) está custando mais de R$ 800 e vai demorar a baixar, tornando o mercado livre ainda atraente para as geradoras. O governo oferece de R$ 262 a R$ 271 no longo prazo, mas está difícil fechar a conta", destacou a advogada Heloisa Scaramucci, especialista do escritório Tozzini Freire. "Mesmo com a Petrobras na disputa, os 3,2 mil MW não serão cobertos", sublinhou.
Aportes
Na avaliação do diretor executivo da Safira Energia, Mikio Kawai Júnior, é improvável não haver mais aportes do Tesouro, que já injetou R$ 2,7 bilhões e impôs empréstimo bancário para o setor de R$ 11,2 bilhões, via Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A primeira parcela de R$ 4,7 bilhões já serviu para cobrir o rombo de fevereiro das distribuidoras. "Acredito em 1,5 mil MW médios leiloados", apostou Kawai Júnior.
Publicidade
Racionamento de energia já é admitido pelo ONS
Órgão reconheceu, na véspera do leilão emergencial, que poderá apresentar 'medidas adicionais' para garantir abastecimento se chuvas não vierem
Publicidade
