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Estado de Minas

A 50 dias da Copa, ainda falta mão de obra qualificada no setor de serviços

Bares, hotéis e serviços de táxi não possuem profissionais qualificados para atender os turistas estrangeiros


postado em 23/04/2014 06:00 / atualizado em 23/04/2014 07:13

Turma durante preparação de recepcionistas de eventos oferecido pelo Senac-MG - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tecnico e Emprego (Pronatec)(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Turma durante preparação de recepcionistas de eventos oferecido pelo Senac-MG - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Tecnico e Emprego (Pronatec) (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

Não bastasse o atraso que jogou por terra o cronograma de reforma dos estádios e das obras de mobilidade urbana para atender as exigências da Copa do Mundo de 2014, a 50 dias do torneio também a iniciativa privada corre atrás de metas não cumpridas para ter gente qualificada nos hotéis, bares, restaurantes e serviços de táxi. O conhecido jeitinho brasileiro surge como muleta naquelas empresas que não se prepararam para receber os turistas. Em Belo Horizonte, intérpretes serão contratados no lugar de garçons e recepcionistas, uma vez que não há mais tempo para treinamentos dos profissionais que já são da área. Cursos virtuais são oferecidos a taxistas retardatários e cartilhas que ensinam expressões básicas em espanhol estão sendo confeccionadas em auxílio a gerentes de hotéis despreparados.

Nos bares e restaurantes que não estão prontos para a Copa, a saída será contar com a ajuda dos intérpretes na hora de receber o turista estrangeiro. De acordo com o diretor-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-Minas), Lucas Pêgo, muitos empresários começaram animados, promovendo cursos de qualificação profissional e de línguas para os funcionários, mas a falta de mão de obra e a rotatividade no setor não deixaram boa parte dos projetos irem para frente. “Alguns conseguem manter os funcionários e investiram nos cursos de línguas. Para quem não conseguiu, a saída será preparar cardápios bilíngues ou trilíngues, com inglês e espanhol, além da contratação de intérpretes”, afirma.

Para auxiliar as empresas, a Abrasel lança, em maio, o guia de bares e restaurantes em versões em português e inglês, que será distribuído em pontos de informações turísticas da Belotur, empresa municipal de turismo, no aeroporto e na rodoviária, nos próprios bares e hotéis. Minas tem, hoje, cerca de 18.500 estabelecimentos de alimentação fora do lar, mas apenas 500 contam com o cardápio em línguas estrangeiras. Para Lucas Pêgo, este é um número regular, tendo em vista que a maioria dos estabelecimentos que já investiram no cardápio bilíngue está nos corredores turíticos da cidade, a exemplo da Praça da Liberdade, bairros de Lourdes, Savassi, Sion e Pampulha.

A presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-Minas), Patrícia Coutinho, informou que uma cartilha com dizeres básicos do idioma latino está sendo elaborada e será distribuída na rede hoteleira até o fim de maio. Ela aposta no bom atendimento como uma espécie de maquiagem para suprir a falta de pessoal de atendimento capacitado numa segunda língua. “Temos que entender que eles não vão falar nossa língua e muitas vezes não vamos conseguir falar a deles. Mas sabemos que o mais importante é ter um bom atendimento, dando atenção ao hóspede, fazendo com que ele se sinta acolhido e privilegiado”, afirma Patrícia.

O que mais preocupa os empresários é que a maioria deles estava se preparando para receber turistas que falam inglês. No entanto, a escolha de Minas como sede das seleções latinas – da Argentina, do Chile e do Uruguai –, fez com que muitos se voltarem para a necessidade da qualificação com treinamentos em língua espanhola. Mas as aulas podem não ser suficientes para o preparo ideal até a data da competição. A Secretaria de Estado Extraordinária para a Copa do Mundo (Secopa MG) foi procurada pela reportagem, mas a assessoria de imprensa informou que o expediente já havia encerrado e o secretário não poderia atender, devido a um dia de trabalho que começou às 6h.

Aquém do esperado


A estimativa do Ministério do Esporte de que o Brasil poderia gerar 380 mil empregos temporários este ano em torno da Copa do Mundo pode ter sido, de fato, alta demais num país que vinha enfrentando um outro desafio turbinado pela demanda do Mundial, a escassez de mão de obra. Das 166 mil pessoas que se inscreveram no Pronatec Turismo, principal programa de qualificação profissional lançado pelos ministérios do Turismo e da Educação, 75 mil se formaram, ou seja, 45% do total, segundo informações do Ministério do Turismo.

O banco de alunos que conseguiram o diploma está sendo oferecido a entidades dos setores envolvidos na qualificação. O programa consiste em 54 cursos de idiomas e profisssionalizantes na área de turismo, incluindo formação de garçons, camareiras, bartenders, recepcionistas de hotel, entre outros. Há treinamentos, ainda, para taxistas, agentes de turismo, policiais civis e militares, guardas municipais e corpo de bombeiros.

Cintos apertados para aproveitar os minutos

Instituições do comércio e das empresas prestadoras de serviços e os próprios comerciantes apertam os cintos para tentar aproveitar o tempo até o início dos jogos da Copa do Mundo. A regional mineira do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Senac Minas, mantém seu programa de qualificação para a Copa, com abertura, ontem, de uma turma de formação de recepcionistas de eventos na sede da instituição em BH. O coordenador do Comitê da Copa do Mundo da Fecomércio MG, Hegler Guimarães, diz que, embora o tempo seja curto para a qualificação em cursos de maior extensão e conteúdo elaborado, workshops e palestras que continuarão a ser oferecidos vão levar conhecimento às empresas. A instituição, que se prepara desde 2007, ainda não fez um balanço sobre as ações voltadas para a Copa, mas confirma estar cumprindo o programa para formar 1,9 mil pessoas em cursos gratuitos voltados à demanda do torneio.

“Além dos cursos, oferecemos 98 palestras mostrando o que envolve uma Copa do Mundo, com a participação de 15 mil pessoas”, afirma Hegler Guimarães. O Sebrae Minas treinou 600 taxistas em BH no programa Taxista Empreendedor, que conta com treinamento virtual, orientando sobre a gestão do serviço como negócio profissional. Cerca de 7 mil informativos sobre gestão e com noções de espanhol e inglês foram distribuídos em outro programa, o Taxista Nota 10, feito em parceria pelo Sebrae e os serviços social e de aprendizagem do Transporte (Sest e Senat).

A analista Mônica Stela de Alencar Castro, do Sebrae Minas, diz que a instituição tem vagas abertas para o treinamento virtual dos taxistas no site www.taxistaempreendedor.com.br, mas reconhece que o ritmo normal de aprendizado, considerando a dedicação de duas horas por dia à metodologia, demanda 60 dias. No Restaurante Redentor, na Savassi, os investimentos para a demanda da Copa são feitos há mais de dois anos e o cardápio foi elaborado em inglês e português. O sócio-gerente do estabelecimento, Daniel Rezende, conta que fala inglês fluente e está fazendo um curso intensivo de espanhol.

Outros três funcionários do Redentor também falam o inglês fluente e há os que recebem treinamentos básicos do espanhol e inglês para atendimento. “Vamos dar conta do trabalho. Todos os funcionários falam pelo menos o básico do inglês. Temos uma demanda que não é só da Copa e eles já conseguem atender quem chega ao restaurante e fala outra língua. Acho que idioma não será o nosso problema”, afirma.

No Hotel Holiday Inn Belo Horizonte, inaugurado no dia 8, que já tem 80% das ocupações reservadas para a Copa, pelo menos 30 funcionários, entre recepcionistas, garçons e gerentes, são bilíngues. A formação da equipe levou cerca de três meses, de acordo com Marcus Nunes, gerente de vendas e marketing do empreendimento. “Não foi fácil encontrar as pessoas qualificadas, mas estamos com a equipe preparada para receber qualquer estrangeiro. Somente na recepção temos vários funcionários falando até oito línguas, a exemplo do japonês, inglês, espanhol e francês”, afirma. (FM e MV)


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