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Estado de Minas

Alta da expectativa de vida do brasileiro reduz a aposentadoria

Alta da expectativa de vida para 74,6 anos fará com que brasileiro trabalhe mais para manter valor do benefício


postado em 03/12/2013 06:00 / atualizado em 03/12/2013 07:43

Sebastião Castro, de 54 anos, não pensa em se aposentar:
Sebastião Castro, de 54 anos, não pensa em se aposentar: "A gente recebe uma mixaria" (foto: Janine Moraes/CB/D.A Press)
Brasília - O brasileiro está vivendo mais e, por isso, terá que trabalhar por um período maior até se quiser se aposentar com o rendimento esperado. Dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que a expectativa de vida média de homens e mulheres chegou a 74,6 anos no ano passado, um acréscimo de cinco meses e 12 dias em relação ao resultado de 2011. Como a Previdência Social usa esse indicador para calcular a concessão de benefícios por tempo de contribuição, o fator previdenciário foi alterado.

Técnicos da Previdência estimam que, desde ontem, o segurado que contribuir por 35 anos e requerer a aposentadoria aos 55 anos terá de trabalhar mais 153 dias corridos se quiser manter o valor de benefício. Para se ter ideia do impacto, se o trabalhador com salário médio de R$ 1 mil tivesse se aposentado na semana passada, garantiria rendimento de R$ 716,93. Agora, o contracheque será de R$ 705,69, ou R$ 11,24 a menos. No caso de um segurado com 60 anos e 35 de contribuição, o tempo de permanência na ativa será de mais 173 dias para que a aposentadoria não seja reduzida.

Raimundo Teixeira, de 47:
Raimundo Teixeira, de 47: "Trabalho 15 horas por dia e vou receber um benefício pequeno" (foto: Janine Moraes/CB/D.A Press)
O consultor e especialista em previdência Renato Follador explicou que o cálculo do fator previdenciário correlaciona o tempo de contribuição com a expectativa de recebimento do benefício. Como a longevidade aumenta a cada ano, é preciso atualizar as tabelas usadas nos cálculos das aposentadorias, como forma de evitar uma disparada do rombo no caixa do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que, em 2013, encostará nos R$ 43 bilhões.

Follador explicou que, como o brasileiro viverá mais cinco meses, em média, o gasto com aposentadoria também subirá. Por isso o tempo de contribuição passa a ser maior. Pelas contas dele, em média, a perda do valor do benefício será de 0,25% a 1,67%. "Do ponto de vista da Previdência é correto exigir mais tempo para a aposentadoria. Para o segurado, é ruim", avaliou.

NA ATIVA

O chaveiro Sebastião de Oliveira Castro, de 54 anos, não quer ouvir falar de aposentadoria. “Enquanto tiver força e saúde vou trabalhar”. Ele, que contribui com a Previdência há pelo menos 20 anos, reclamou que não é possível sobreviver com o valor do benefício. “Deixei de contribuir um tempo, voltei, mas não levo fé nisso. No fim das contas, a gente recebe uma mixaria. Gosto do que faço e vou continuar com a mão na massa”, comentou.

Para o comerciante Raimundo Ivan Felix Teixeira, de 47, o fato de o brasileiro viver mais é positivo, uma vez que a qualidade de vida e as perspectivas de trabalho e saúde melhoraram nos últimos anos. Entretanto, ele destacou que cada vez mais é difícil conseguir se aposentar. “Eu contribuo há mais de 20 anos com o INSS, trabalho 15 horas por dia e vou receber um benefício pequeno. Vou me aposentar, mas sei que não vou ficar em casa encostado”, afirmou.


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