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Estado de Minas

Consórcio Aerobrasil vence leilão de Confins com lance de R$ 1,82 bilhão

Galeão é arrematado por R$ 19 bilhões


postado em 23/11/2013 06:00 / atualizado em 23/11/2013 07:25

Tancredo Neves será operado por grupo que reúne empreiteras e operadoras dos terminais de Munique e Zurique(foto: Angêlo Pettinati/EM/D.A Press)
Tancredo Neves será operado por grupo que reúne empreiteras e operadoras dos terminais de Munique e Zurique (foto: Angêlo Pettinati/EM/D.A Press)
 

No mês em que completa 30 anos, o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, embarca em uma nova fase de desenvolvimento. Em março do ano que vem, o governo federal vai assinar o contrato com os grupos empresariais que vão administrar o aeroporto pelos próximos 30 anos. Formado pelas operadoras dos terminais de Munique (Alemanha) e Zurique (Suíça) e pela Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR) – grupos Soares Penido, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez – , o consórcio Aerobrasil venceu ontem o leilão de Confins por R$ 1,82 bilhão, com ágio de 66% sobre o valor mínimo estipulado pelo governo federal. Com um valor recorde, o martelo foi batido por R$ 19,01 bilhões para o Galeão, no Rio de Janeiro, montante 293% acima do pedido pela União. Juntos, os dois renderam R$ 20,83 bilhões ao caixa do governo.

A concessão é considerada um importante passo para a estruturação de Confins, possibilitando assim a construção da segunda pista, do segundo terminal e de outras intervenções tidas como essenciais para o avanço do aeroporto. Na visão do grupo vencedor, o fato de Minas ser o segundo estado mais populoso do país garante às empresas a demanda necessária para criar rotas diretas no país e principalmente no exterior. “Hoje o mineiro tem que se deslocar para Rio e São Paulo para um voo internacional. Isso não vai ser preciso mais. O Galeão tem que ficar preocupado com isso. Os mineiros não vão mais viajar até lá para sair do país”, disse, enfático, o diretor de Novos Negócios da CCR, Leonardo Viana, depois do leilão na Bolsa de Valores de São Paulo. O ministro da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Moreira Franco, aproveitou a brecha para dizer que esse tipo de competição era esperado para aumentar a concorrência.

Segundo Viana, foram feitos estudos bastante detalhados sobre a potencial fonte de receita de Confins. O aumento de rotas internacionais é uma das oportunidades, que, por consequência, deve aumentar o faturamento com as chamadas receitas não tarifárias. “Esperamos ter a receita comercial de grandes shoppings. Quem conhece Zurique e Munique sabe que são muitas as oportunidades de gerar receita”, afirma. O gasto com o passageiro de voos internacionais tende a ser bem superior ao de rotas nacionais. Hoje a receita média de Confins por passageiro é de US$ 3,40, enquanto a média internacional é de US$ 8,17, segundo estudo feito para o leilão.

O diretor da CCR, no entanto, ressalta ser preciso primeiro negociar com as companhias aéreas. “Como vamos disponibilizar melhores condições, o interesse aumenta. O passageiro está disponível. Basta haver as condições”, diz ele. No mais, Viana disse considerar todos os estudos do governo mineiro para transformar o terminal em uma cidade-aeroporto (aerotrópolis), atraindo também grande volume de carga.

Disputa Além do grupo vencedor, como esperado, a Queiroz Galvão associou-se ao operador do aeroporto Heathrow (Londres) e a Odebrecht à operadora do de Cingapura para fazer lances por Confins. A segunda foi eliminada da fase de lances por viva-voz por ter apresentado oferta mais alta pelo Galeão. Com isso, as outras duas permaneceram na segunda fase. Ao todo, foram seis lances até o martelo ser finalmente batido, com a proposta vencedora sendo R$ 420 milhões superior à maior dos envelopes.

Sobre os resultados, o ministro Moreira Franco disse considerar que o governo está percorrendo o caminho certo. “A política adotada tem início, meio e fim. Não é só a mudança física. Não queremos medir o resultado da operação pela mudança física, mas pela melhora da qualidade do serviço”, disse. Inclusive, Franco anunciou que a Infraero irá contratar uma operadora internacional para prestar consultoria de forma a melhorar o know-how da empresa estatal, que tem participação de 49% nos cinco aeroportos privatizados.

Governo comemora resultado

O ágio de 66% em relação ao preço mínimo obtido no leilão de Confins pode ser visto de duas formas. Por um lado, o fato de três grupos empresariais de grande porte terem apresentado proposta, eliminando qualquer risco de fracasso do certame, é comemorado. “Há 15 dias, falava-se que não teríamos concorrentes para Confins. É a vitória do planejamento. Decolamos para uma nova economia”, afirma o subsecretário de Assuntos Estratégicos da Secretaria do Estado de Desenvolvimento Econômico, Luiz Antônio Athayde.

Em tom crítico, o senador Aécio Neves (PSDB) comemorou o resultado, mas lamentou o atraso na definição do governo federal sobre a parceria com a iniciativa privada. “Infelizmente, os grandes eventos que teremos no ano que vem não contarão com essas obras nem sequer iniciadas. O PT, que demonizou a participação do setor privado, se curva à realidade”, diz. Já para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, “o leilão provou mais uma vez que somos um país atraente para o capital internacional”. “Se os investidores apostaram no crescimento da demanda é porque apostam também que o país crescerá, que mais brasileiros poderão viajar de avião e que haverá maior necessidade de escoar a produção nacional”, acrescentou.

Por outro lado, entre os cinco aeroportos entregues à iniciativa privada, o mineiro teve o menor ágio e o menor valor de outorga, tendo havido certa discrepância em relação ao lance dado ontem pelo Galeão. No mês passado, em entrevista ao grupo de comunicação alemão Deutsche Welle, o diretor de Finanças e de Infraestrutura da Munich Airport International Beteiligungs, empresa que opera do aeroporto de Munique, havia se mostrado cético quanto à chance de seu consórcio arrematar um dos dois aeroportos. “Nós vamos oferecer um preço realista, o que os outros não vão fazer”, disse em meio a uma série de críticas ao modelo de concessão adotado pelo Palácio do Planalto. (PRF)


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