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Estado de Minas

Conta de luz pode ficar mais cara no país

Nível dos reservatórios no Sudeste e Centro-Oeste é o mais baixo em 11 anos


postado em 10/09/2013 06:00 / atualizado em 10/09/2013 07:30

Furnas vem sofrendo com a falta d'água: efeito da MP 579, que deixou a energia mais barata, pode ser anulado (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Furnas vem sofrendo com a falta d'água: efeito da MP 579, que deixou a energia mais barata, pode ser anulado (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
No mês passado, o nível dos reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde estão localizadas as principais usinas do Brasil, foi o mais baixo dos últimos 11 anos para um agosto. Se a situação permanecer como está, o governo terá que voltar a despachar as termelétricas, que produzem uma energia mais cara do que hidrelétricas. Junto com isso, a alta do dólar, que impacta no preço da energia comprada de Itaipu, e a tendência de elevação do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), no mercado livre, poderão anular os efeitos da Medida Provisória 579, editada em 11 de setembro de 2012 e transformada em lei em janeiro deste ano, que reduziu o custo da energia no país.

Em Furnas – localizada no Rio Grande e considerada a mãe das usinas hidrelétricas do Brasil porque alimenta 11 reservatórios importantes para o país até chegar a Itaipu, na fronteira do Brasil com o Paraguai –, no mês passado, a capacidade de armazenamento estava em 67,64%, a menor desde agosto de 2002, quando estacionou em 68,73%. Em Três Marias, no Rio São Francisco, o volume útil do reservatório era de 36,52% em agosto, próximo ao patamar de 34,62% no mesmo mês de 2003. Além do aumento direto na conta de luz que a falta d’água nos reservatórios pode ocasionar, os consumidores, que também são contribuintes, deverão arcar com a elevação dos gastos do governo com a MP 579.

De acordo com Cristopher Vlavianos, presidente da Comerc, comercializadora de energia no mercado livre, a redução nas contas de energia elétrica vai custar R$ 8,46 bilhões aos cofres do Tesouro Nacional, ante uma previsão inicial de R$ 3,3 bilhões. O dinheiro será depositado na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que proverá recursos para compensar descontos aplicados nas tarifas de uso do sistema elétrico de distribuição e nas tarifas de energia elétrica. A CDE também proverá aportes para compensar o efeito da não adesão à prorrogação das concessões de energia elétrica, assegurando o equilíbrio da redução das tarifas nas distribuidoras.

De acordo com a Comerc, dos 24.044 Megawatts (MW) passíveis de terem sua concessão renovada pela MP 579, 36%, ou 8.688 MW – referentes à usinas hidrelétricas da Cemig, Cesp, Copel e Selesc –ficaram de fora, o que, junto com a edição da medida no período seco, acabou deixando a conta do governo mais salgada do que o esperado. “Nada menos do que 70% da energia elétrica gerada no Brasil vem de fonte hidráulica. Trata-se de energia barata, mas que não fornece segurança ao sistema porque é sazonal”, explica Vlavianos.

Para Adriano Pires, diretor e fundador do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), o aniversário da MP é uma data triste para o setor elétrico porque as concessionárias, com destaque para a Eletrobras, perderam valor e capacidade de investimentos. “A MP foi formulada num momento de reservatório seco, o governo teve que ligar térmicas e foi obrigado a criar esqueletos para cumprir a palavra prometida aos brasileiros. Além disso, a conta ficou mais barata para os consumidores do que para a grande indústria. Ou seja: a MP não aumentou a competitividade do Brasil”, diz.

CONSUMO EM ALTA


O consumo de energia no Brasil em agosto cresceu 2,8% na comparação com julho, informou ontem o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Em relação a igual mês de 2012, a alta na carga do Sistema Interligado Nacional (SIN) foi de 4,8%. No acumulado dos últimos 12 meses, o SIN apresentou uma variação positiva de 3,8%. "O desempenho da carga do subsistema Sudeste/Centro Oeste, que apresenta participação de cerca 60% na carga do SIN, tem sido afetado pelo comportamento da indústria, que continua não apresentando uma dinâmica de recuperação bem definida", esclareceu o ONS.

A alta das regiões Sudeste e Centro Oeste foi de 3,5% em agosto contra julho. Segundo o órgão, o acúmulo de estoques e a diminuição da utilização da capacidade instalada são alguns dos fatores que contribuíram para o desempenho da carga durante o mês passado.


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