A escalada dos juros básicos já pesou no custo de empréstimos e financiamentos. Em julho, o brasileiro que foi ao banco se deparou com taxas, em geral, mais salgadas para as principais linhas de crédito oferecidas. Nas operações com recursos livres, que excluem, por exemplo, operações com crédito habitacional, os juros cobrados chegaram a bater em 27,5% ao ano. Já nas operações para pessoa física, a taxa média de juros no crédito livre chegou a 36,2%. Nos dois casos esse é o maior patamar já registrado desde maio de 2012, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). A alta dos juros acompanha o aumento da taxa básica Selic, que passou de 7,25% ao ano em abril para 9% agora. Nas taxas livres, taxa saltou 3,2 pontos percentuais desde abril, quando estava em 24,3%, enquanto no crédito para pessoa física o avanço foi de 1,8 ponto percentual em relação ao 34,4% em abril.
Esse aumento, ainda que pouco percebido pelos consumidores, que costuma encaixar o valor da prestação de um financiamento ou da compra de um bem no orçamento sem considerar o peso dos juros ao longo do tempo. A realidade é que as consecutivas altas da Selic também passam despercebidas. Fato é que o aumento, nos últimos quatro meses, já chegou a 1.75 ponto percentual, trazendo reflexos para o bolso do consumidor. Com a nova alta as taxas médias mensais cobradas para um empréstimo bancário saltaram de 2,91% para 3,12%, de março para agosto, segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac).
Já as taxas para financiamento de um carro por CDC passaram de 1,52% para 1,62%, no mesmo período. Tomando como base este aumento, na ponta do lápis, os consumidores acabam pagando mais. Na compra de um carro no valor de R$ 25 mil financiado em 60 meses, o aumento dos juros de abril até agora representa um acréscimo de R$ 3.700 no valor final do veículo. Esse aumento, no entanto, nem sempre é percebido. O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, explica que diluindo a alta por mês o impacto seria de 0.14 p.p, mas que ao repassá-la para o consumidor, os setores não refletem a taxa básica de juros de forma uniforme. “No empréstimo bancário o impacto foi de 0.21 p.p, enquanto no financiamento de veículo foi de 0.10 p.p”, diz. “Notamos que os juros não crescem da mesma forma porque há aumentos de impostos diferentes para cada setor, além de riscos diferentes. No caso dos veículos, por exemplo, há a garantia do próprio carro”, diz.
Na conta

Ao contrário dele, o analista de sistemas, Alexandre Moronari, se diz atento aos juros cobrados. Tanto que pesquisou em diversos bancos e concessionárias as melhores condições de pagamento, antes de comprar seu primeiro carro zero. Ao financiar R$ 30 mil e dar entrada de R$ 13 mil, ele acabou conseguindo a taxa de 1,9% ao mês com o IOF. Os juros devem aumentar em R$ 10 mil o valor do seu carro, mas ainda assim ele garante que foi a melhor oferta encontrada já que conseguiu economizar R$ 4,5 mil.
Taxas
A modalidade que apresentou a maior alta em julho foi o crédito pessoal não consignado, cujas taxas anuais chegaram a 79,3%, uma elevação de 6,5 pontos em relação à média praticada pelos bancos em maio, de 72,8% ao ano. Também ficou mais caro utilizar o cheque especial. Nessa linha, os juros para o consumidor foram de, em média, 137,5% ao ano, uma expansão de 0,7 ponto sobre junho.

