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Estado de Minas DA WEB AO COLCHÃO: A BATALHA POR CLIENTES

Bancos investem na internet, mas competem com cartões

Extremos fazem bancos investirem de TI a cartões pré-pagos para ganhar correntistas. No país, 45% da população não tem conta, mas acessos via internet passam dos 94 milhões


postado em 10/08/2013 06:00 / atualizado em 10/08/2013 07:12

A inclusão financeira no Brasil vive o seu momento oito ou oitenta. De um lado, 45% da população adulta do país continua guardando dinheiro debaixo do colchão e ainda não possuem conta bancária, de acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Do outro, cada vez mais a movimentação bancária se dá via internet e mobile banking em detrimento de agências físicas e caixas eletrônicos. A disparidade reflete os principais fronts de batalha dos bancos para aumentar a sua clientela: investimentos em tecnologia, interfaces e aplicativos mais amigáveis para atender ao público conectado e criação de canais de relacionamento com potenciais correntistas, como é o caso dos cartões pré-pagos de uso geral, voltados principalmente para a população de menor poder aquisitivo.

De acordo com a pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária de 2012, os investimentos do setor em TI e telecomunicações no Brasil já se aproximam dos efetuados em países desenvolvidos, como França e Alemanha. No ano passado, as instituições financeiras aportaram R$ 20,1 bilhões nos dois segmentos, um avanço de 9,5% em comparação com 2011, que representa 11,7% dos gastos de TI em todo o território nacional.


Paralelo a isso, o número de acessos bancários pela internet saiu de 55,9 milhões em 2008 para 94,2 milhões em 2012, um avanço de 68,5% no período e de 13,9% ao ano. Já o total de contas com mobile banking saiu de 200 mil há quatro anos para 6 milhões, num estrondoso crescimento de 3.000% (137% ao ano). Nesse período, o número de smartphones no país saltou de 1,7 milhão para 52,5 milhões e também engordou mais de 3.000% (136% ao ano).


Pesquisa encomendada pela Mastercard ao Boston Consulting Group (BCG) mostra, porém, que o apetite pelos desbancarizados também é grande. O estudo sustenta que o mercado de cartões pré-pagos, destinados principalmente a esse público, deve chegar a US$ 65 bilhões no Brasil até 2017, o maior avanço previsto entre Arábia Saudita, Emirados Árabes, Rússia, Canadá, Índia, Reino Unido, Itália e México, países nos quais o crescimento de uso do produto é mais promissor.


Até pouco tempo, a empregada doméstica Olívia de Jesus Ferreira, de 20 anos, que mudou-se de Guanhães, na Região do Rio Doce, para Belo Horizonte por causa de um novo emprego, não tinha relacionamento com banco. Ela é a única a ter conta bancária – aberta há cerca de dois meses – numa família composta do pai, quatro irmãos adultos, além de dois adolescentes. “O dinheiro nunca sobrava e ir ao banco me intimidava. Achava que sempre teria que depositar uma quantia. Só agora fui estimulada a virar correntista”, diz. O resultado, segundo ela, é que a vida de Olívia melhorou. “Abri uma conta poupança e o rendimento me incentivou a economizar”, justifica.


Digital

No outro extremo, o gerente comercial Ricardo Gonçalves de Castro Costa não abre mão do celular no relacionamento com os bancos nos quais é correntista. “Efetuo pagamentos usando o código de barras, faço aplicações financeiras, transferências, confiro extratos e saldo a qualquer momento, até parado num engarrafamento”, afirma. Costa tem dois smartphones, um pessoal e outro da empresa, e acredita que o uso do chamado mobile banking é uma tendência irreversível, mas defende que os bancos devem melhorar os serviços que prestam via internet e celular.


Nos últimos cinco anos, o total de contas com internet banking registrou crescimento anual de 20,8%, superior ao crescimento da população com acesso à internet, mostra a Febraban. “Isso indica que a expansão desse canal não é resultado apenas de um processo de inclusão digital, mas também de inclusão financeira", pontua a entidade.

Saída para dinheiro no armário


A babá Elisiane de Bessas, de 31 anos, guardava o seu salário em casa e ia tirando aos poucos para pagar as contas. O dinheiro que sobrava no fim do mês ficava dentro do armário, esperando para se juntar ao do próximo pagamento. Nem mesmo sabendo da possibilidade de deixar suas economias rendendo na poupança ela se animou a abrir uma conta bancária. “Não tenho vontade de abrir conta porque é muita burocracia. É mais pela dificuldade de mexer com banco, isso não é comigo”, explica.

Sua primeira aproximação com uma instituição financeira se deu quando começou a receber o pagamento mensal por meio de um cartão pré-pago de uso geral. “Ele facilitou a minha vida. Dei um para minha mãe e agora faço transferência para a conta dela e também minhas recargas de telefone celular.”


 Ricardo Vieira, diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), explica que o negócio de cartões pré-pagos no Brasil ainda é modesto, mas deve crescer em ritmo acelerado. “Guardadas as diferenças, o telefone pré-pago no Brasil é um case de sucesso. Você deposita previamente um valor e usa até esgotar o crédito”, explica. Na avaliação do executivo, esses cartões funcionam como instrumento de inclusão financeira e, além disso, estimulam a formalização.


 Bancos como Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Bonsucesso, entre outros, estão lançando mão do instrumento para atrair clientes. Alexandre Magnani, vice-presidente de Novos Negócios da MasterCard, diz que a bandeira já tem 17 emissores para as mais diversas finalidades. “O cartão busca suprir a necessidade de uma população que não tem acesso a outros instrumentos financeiros.”


Informalidade

De acordo com Aléxia Duffles, gestora do produto no Bonsucesso, que lançou o cartão em 2011e já tem 145 mil adesões, a decisão de investir no segmento nasceu de análise da fatia de mercado que hoje não é bancarizada. “A informalidade é muito grande no país”, observa.


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