De janeiro ao mês passado, o déficit da balança comercial do Brasil foi de US$ 4,989 bilhões, o pior desde que a série história foi iniciada, em 1994, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). No mesmo período do ano passado, houve superávit de US$ 9,927 bilhões. Técnicos da pasta avaliam que o resultado negativo é fruto do aumento da importação de petróleo e derivados. Apesar dos resultados negativos, a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Lacerda Prazeres, acredita que a produção de petróleo deste semestre crescerá, e, com isso, vai reduzir a necessidade de importações. “Também avaliamos que haverá uma maior exportação de aviões, de milho e de automóveis”, disse.
Tatiana Prazeres destacou que a valorização do dólar frente ao real será positiva para os exportadores brasileiros. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tentou minimizar o déficit crescente da balança comercial. “É bom observar que a melhor explicação para o resultado menor que estamos tendo este ano está nas contas do petróleo. É ela que deixa de faturar tanto na exportação quanto na importação algo como US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões, aproximadamente”, afirmou Mantega, na mesma entrevista em que anunciou redução do Imposto de Importação para uma lista de 100 produtos.
“Estamos importando mais petróleo e exportando menos porque consumimos mais. E a Petrobras, provisoriamente, está exportando menos”, comentou o ministro, observando que a produção de petróleo no país está crescendo. “Tirando o petróleo e derivados, o resultado comercial é normal”, assegurou. As exportações no acumulado do ano somam US$ 135,230 bilhões, com média diária de US$ 926,2 milhões. As importações, por sua vez, alcançaram US$ 140,219 bilhões, com média diária de US$ 960,4 milhões.
Só em julho, o déficit foi de US$ 1,897 bilhão, recorde de baixa desde 1997, quando foi registrado déficit de US$ 550 milhões. O resultado ficou abaixo da mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro, que esperavam saldo positivo de US$ 500 milhões. Até então, o maior déficit nos primeiros sete meses do ano havia sido registrado em 1995, quando o saldo ficou negativo em US$ 4,2 bilhões. O Brasil já havia entrado em 2013 com perspectiva de saldo negativo, diante do atraso no registro de importações de combustíveis da Petrobras no valor de US$ 4,5 bilhões.
As operações de compra da estatal foram feitas ao longo do segundo semestre de 2012, mas contabilizadas apenas este ano devido a uma mudança nas regras de registro da Receita Federal. A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) revisou para baixo as perspectivas para a balança comercial, considerando déficit de US$ 2 bilhões em 2013. Se confirmado, será o pior resultado em 15 anos. (Com agências)
Dólar repete 2009 e fecha a R$ 2,30
Em mais um dia de forte elevação frente ao real, o dólar comercial teve ontem o quinto dia consecutivo de alta e fechou na cotação mais elevada em quatro anos: R$ 2,30 para a venda, 0,85% acima do preço do dia anterior. Foi o maior valor desde 31 de março de 2009, no auge da crise global, quando a moeda norte-americana alcançou R$ 2,32.
No ano, a divisa já acumula uma valorização de 12,8%. O ministro da Fazenda, Guido Mantega afirmou que a alta é consequência da recuperação econômica dos Estados Unidos, que aumenta a expectativa de revisão das medidas de injeção de recursos na economia americana pelo Federal Reserve ( Fed, banco central do país). "O mercado deduz que o Fed vai desativar os estímulos, e aí todo mundo corre para os títulos norte-americanos de 10 anos, e os juros sobe. No dia seguinte, vem alguma notícia dizendo o contrário... Teremos essa volatilidade até que o Fed comece, de fato, a fazer essa desativação, e ela seja mensurada pelo mercado", afirmou o ministro. O Banco Central (BC) tem atuado, sem muito sucesso, para segurar a cotação da moeda.
