
Em abril, a entidade, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), já havia feito um reajuste nas previsões de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma da produção de bens e serviços de um país ou região – da América Latina, reduzindo de 3,8% para 3,5% as taxas estimadas em dezembro de 2012. Na época, a expectativa para o PIB brasileiro foi cortada de uma evolução de 4% para 3%. No início de julho, o FMI revisou suas projeções e foi mais além nas perspectivas pessimistas dos países emergentes. Cortou de 3% para 2,5% a estimada de crescimento do PIB do Brasil, uma das maiores reduções arbitradas pela organização multilateral.
O secretário-executivo da Cepal lembra que logo depois da crise de 2008 houve um processo de desvalorização das moedas dos países industrializados, com o aumento da liquidez em outros mercados e essas economias começaram a recuperar espaço e a reverter as suas respectivas desvantagens nas transações correntes (as entradas e saídas de recursos, refletidas na balança comercial, de serviços e transferências ao exterior).
Enquanto isso, o saldo negativo dessas operações na América Latina vem sendo crescente em quase todos os países da região. “O que vemos agora é que o sinal foi invertido. As economias desenvolvidas, que estavam deficitárias, buscam ser superavitárias e os emergentes, que eram superavitários, estão no caminho contrário”, conta o economista brasileiro.
Um dos destaques do estudo da entidade sediada em Santiago do Chile será a análise sobre a desvalorização das moedas da região, devido ao aumento das expectativas em relação às mudanças na política monetária dos Estados Unidos. “O real certamente é uma das moedas que mais se desvalorizaram (na região). Mas tem diferenças. Essa mudança de sinal no câmbio tem diferentes ritmos, mas é generalizada”, afirma Prado em entrevista ao Estado de Minas.
PONTO CENTRAL A atração de investimentos é considerada um dos itens fundamentais para que uma economia consiga crescer. Nesse item, o Brasil está muito atrás dos seus pares na região, de acordo com a Cepal. A taxa de investimento medida em relação ao PIB do Brasil, de 18,1% em 2012, está bem abaixo da média do subcontinente, estimada em 23% no relatório da entidade relativa ao ano passado. “O Brasil continua defasado. Num determinado momento, você precisa do crescimento dos investimentos porque é a forma de incorporar novas tecnologias e gerar ganhos de produtividade e esse é o grande desafio do Brasil”, afirma Prado.
Ele destaca que o país precisa se esforçar para ampliar a participação dos investimentos no bolo da economia, tendo em vista a importância desse indicador para que o país sustente todo esse processo de aumento e distribuição da renda dos brasileiros ocorrido nos últimos anos, com reflexos, inclusive, sobre os indicadores sociais do país. Antonio Prado alerta para o fato de que o país precisa de um plano de investimentos para que o resultado seja o aumento geral da produtividade e da competitividade.
